Cláudia Jimenez sabia divertir sem esforço

 Com problemas no coração há 13 anos, Cláudia Jimenez faleceu aos 63 anos, na manhã deste sábado, no Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, por insuficiência cardíaca. A querida atriz era uma das melhores humoristas do país e marcou a memória do público com personagens que jamais serão esquecidas. 

"Nos últimos anos, a atriz passou por três cirurgias no coração, que ficou enfraquecido por conta de uma radioterapia para tratar de um câncer no tórax, diagnosticado em 1986. Em 2009, Cláudia infartou e colocou cinco pontes de safena. Em 2012, passou por uma cirurgia de substituição da válvula aórtica e precisou botar quatro stents ---- pequenos tubos que são inseridos no interior das artérias para facilitar a circulação sanguínea. Já em 2014, sofreu uma parada cardíaca e precisou ser operada para colocar um marca-passo. Após a cirurgia, teve pericardite, a inflamação da membrana que envolve o coração". (trecho de uma matéria de O Globo)

Os constantes problemas de saúde acabaram afastando Cláudia da televisão. Sua última novela na Globo foi "Haja Coração", de 2016, onde viveu Lucrécia Abdalla. Ainda assim não tinha tantas cenas par não ser muito exigida. Já sua última aparição na emissora foi no especial "Infratores", dentro do "Fantástico", em 2018. E foram mais de 40 anos no canal que a lançou para o mundo. Sua estreia foi em uma participação no seriado "Malu Mulher", em 1979. Depois fez várias personagens pequenas em "Os Trapalhões" (entre 1980 e 1983). Foi convidada apenas para a abertura de "Viva o Gordo" em 1981, mas não demorou para ser contratada para o elenco do humorístico protagonizado por Jô Soares. 

Em 1982 entrou para o "Chico Anysio Show", onde viveu personagens como Cacilda, Pureza e Enfermeira Alda. Ou seja, na década de 80 esteve em todos os principais programas de humor da Globo. Mas a parceria com Chico mudou sua vida. O humorista apostou nela e em 1990 a colocou na "Escolinha do Professor Raimundo, onde ficou por três anos e fez um baita sucesso na pele da atirada Dona Cacilda, personagem que já tinha vivido no humorístico anterior de Anysio. A própria Cláudia declarou em várias entrevistas que foi graças a essa personagem que comprou seu primeiro apartamento. 

Mas a profissional ainda não imaginava que um sucesso ainda maior estava por vir. Em 1996, estreou um dos mais memoráveis programas de humor da Globo: o "Sai de Baixo". E Cláudia fez parte do elenco que iniciou o projeto. A empregada Edileuza virou o maior destaque da turma do Arouche. O timing de comédia perfeito da atriz fez da personagem um marco. E sua dobradinha com Miguel Falabella era impagável. Amigos de longa data, os dois sempre improvisavam em cena e não conseguiam segurar o riso. A atriz também se divertia muito ao lado de Aracy Balabanian e Tom Cavalcante. Porém, desavenças com os roteiristas a fizeram sair do programa um ano depois. O curioso é que a sitcom ficou no ar entre 1996 e 2002, ou seja, seis anos. E Cláudia só participou do primeiro ano. Mas ainda assim virou uma das figuras mais lembradas da atração, o que só comprova o seu talento e como o papel entrou para a história. Sabia divertir sem esforço.

A querida artista também participou de outros humorísticos, como o "Chico Total" (1997) e o "Zorra Total" (entre 1999 e 2001). Mas muitas novelas também contaram com sua luxuosa participação. A sua melhor personagem em folhetins foi a empregada Bina, em "Torre de Babel", de 1998. A atriz fez uma ótima dobradinha com Adriana Esteves (Sandrinha) e divertiu ao lado de Eliane Costa, intérprete da calada Luzineide. Outro papel de importância m sua carreira foi Custódia, de "Sete Pecados", exibida em 2007. Foram muitas ótimas cenas na trama de Walcyr Carrasco. Em vários momentos, a atrapalhada anja parecia a protagonista. Já o amigo Miguel Falabella sempre a escalava para suas novelas e séries. O autor a colocou no elenco de "Negócio da China" (2008), "A Vida Alheia" (2010); "Aquele Beijo" (2011) e "Sexo e as Negas" (2014). Ainda esteve em "América" (2005), de Glória Perez, e em um episódio do seriado "As Brasileiras" (2012). Fez seis peças de teatro ---- incluindo o sucesso "Como Encher um Biquíni Selvagem (1993), escrito por Falabella especialmente para ela, após um pedido da amiga para mostrar que não sabia fazer apenas comédia ---- e oito filmes.

Cláudia Jimenez partiu cedo demais, após muitos anos de luta. A notícia de sua morte é mais um baque no meio artístico, que perdeu Jô Soares há menos de três semanas. Em uma recente entrevista ao "Fantástico", em homenagem a Jô, Tatá Werneck disse que o humor ultimamente a deixava muito mais triste que alegre desde a morte de Paulo Gustavo. Ela tem razão.