Record não sabe lidar com o sucesso de "A Fazenda 12"

 No post anterior --- que pode ser lido aqui ---, houve um justo reconhecimento ao sucesso de "A Fazenda 12". O reality vem ganhando da Globo quase todos os dias e nunca na história a competição teve tanta repercussão. Obviamente, o fator pandemia do coronavírus (que implica na ausência de novelas e atrações inéditas na televisão) contribui. Mas é fato que a seleção dos participantes foi um acerto. Escolheram a dedo e há sempre brigas ou embates diários. O que se constata, no entanto, é a incapacidade da Record em lidar com tamanho êxito. 

Em menos de uma semana, "A Fazenda 12" apresentou uma sucessão de erros constrangedores. No dia da formação da Roça (27/10), Biel contou para Victória sobre parte do Poder da Chama, que tinha adquirido após a vitória na "Prova de Fogo". Qualquer tipo de comunicação entre o vencedor do poder e seu escolhido para executá-lo é proibida e Marcos Mion repete isso várias vezes. Mas o cantor ignorou e todos os telespectadores viram. 

As redes sociais incendiaram, com o perdão do trocadilho, mas a produção ignorou as reclamações do público apontando a infração. O apresentador até foi obrigado a explicar ao público que havia uma câmera fixa em Biel e verificaram que o cantor não tinha falado nada sobre o poder. Apenas um palavrão foi dito, segundo Mion.

Mas o vídeo não foi exibido. Ficou o dito pelo não dito. Já no dia seguinte, à tarde, o apresentador apareceu para os participantes e contou que o poder tinha sido anulado porque Biel tinha falado com Victória. Já para o público, Mion disse que a produção "averiguou" melhor e observaram o delito. Demoraram quase 24h para isso? Por que mentiram para o telespectador na hora que o ato foi denunciado? 

O pior é que Biel não sofreu qualquer tipo de punição. A prejudicada mesmo foi Tays, que acabou indo para a roça no lugar de Raíssa, até então puxada por Victória através do poder. Mas ainda haveria mais uma avalanche de erros. Na hora da Prova do Fazendeiro (28/10), houve uma falha grosseira na hora da soma dos pontos dos competidores. Tays ficaria na liderança e não Jaque, caso o erro não tivesse sido cometido. Impossível saber se a participante ganharia a prova, mas tudo poderia acontecer. Jaque acabou ganhando e o público apontou nas redes sociais o erro. Porém, novamente a produção se fingiu de morta. 

Após a repercussão de outro erro, mais uma vez a equipe dirigida por Rodrigo Carelli voltou atrás. Em um comunicado à imprensa, admitiram o erro na prova e cancelaram a roça em plena votação. O telespectador que passou um bom tempo votando em Lipe, Victória ou Tays se sentiu um idiota. E como o equívoco foi corrigido? Com outro equívoco. Mion contou aos participantes que a mesma prova seria refeita e logo depois abriria votação para decidir quem ficava. Menos de 50 minutos de votação. Os participantes nem disfarçaram o descontentamento e realmente foi um absurdo. O mínimo era refazerem a prova e a eliminação ser nesta sexta-feira (30/10), deixando a festa para sábado. E a prova deveria ser apenas com Tays e Lipe. Jake deveria ficar imune para não ser prejudicada, uma vez que ganhou graças a um erro da produção. Até Lipe reconheceu que seria injusto com Jake e desistiu na última rodada para a colega ganhar a prova novamente. 

Sentindo a pressão, Marcos Mion se emocionou ao vivo e nem conseguiu terminar de falar sobre o início da votação. Ainda pediu calma ao diretor. No final, Victória saiu e foi merecido. Porém, e se Tays saísse? Sairia por erro da produção? A verdade é que esse choro do apresentador foi o estopim de um acúmulo emocional. Nunca a equipe de "A Fazenda" esteve tão visada e cobrada. É um dos raros entretenimentos atuais inéditos, a audiência está nas alturas e a repercussão na imprensa é grande. Quem acompanha "A Fazenda" desde a primeira temporada já está acostumado com a quantidade de erros e manipulações. Carelli nunca escondeu suas preferências e nem se preocupou em criar artimanhas através de "poderes surpreendentes ou roças canceladas" para evitar que seus favoritos saíssem muito precocemente do jogo. Mas fazer isso quando o reality dá 7 pontos é mais fácil do que quando alcança quase 20 no Ibope, deixando a Globo para trás. Assim como errar nas provas também não desperta repercussão quando a audiência está baixa. 

E vale lembrar os outros problemas já ocorridos na temporada, como o recente carro de som avisando Mirella para se afastar de Juliano e Biel e confiar somente em Stéfani. No caso, ninguém foi punido. O serviço do Playplus, espécie de Globoplay da Record, também tem gerado muitas críticas porque só mostram o que a produção quer. É apenas uma câmera e cortam sempre que algo de maior relevância acontece para manter o conteúdo inédito para a edição aberta.O serviço 24 horas é deprimente. Outro fato que sempre ocorreu, mas só agora ganha repercussão em virtude da audiência elevada. Mais uma crítica necessária é o excesso de merchandising. Os patrocinadores têm procurado o reality por conta do bom retorno e Mion acaba interrompendo o programa várias vezes para ações de um minuto. "Daqui a 60 segundos a gente volta", é uma das frases mais repetidas pelo apresentador. A atração tem todo o direito de lucrar, mas não há paciência que aguente. 

"A Fazenda 12" tem feito a alegria da emissora e tudo indica que até dezembro a média geral será a melhor de todas as temporadas ---- por enquanto ainda perde para "A Fazenda 5", quando Vivianne Araújo foi a campeã. Mas é incontestável que a Record não sabe lidar com o sucesso.