sexta-feira, 24 de abril de 2020

"Todas as Mulheres do Mundo" enaltece o feminino e a simplicidade da vida

A Globo segue firme no enriquecimento de seu serviço de streaming e várias produções estão previstas para a Globoplay. Por conta da pandemia do coronavírus, um pouco do planejamento acabou alterado em virtude da extinção das festas de lançamento das séries. E algumas estreias foram adiadas, como a aguardada "Desalma", que iria ao ar no primeiro semestre, mas ficou para o segundo. Por conta desse adiamento, a estreia de outro seriado foi adiantada justamente para "substituí-la". É o caso de "Todas as Mulheres do Mundo".


A série, escrita por Jorge Furtado e Janaína Fisher, é uma adaptação da obra de Domingos Oliveira (dramaturgo, autor e diretor falecido em março de 2019, aos 82 anos). Repleta de reflexões filosóficas sobre a vida, amor e morte, a produção também utiliza o humor mais sutil e refinado tão característico do universo do saudoso escritor. Em doze episódios, o público pode acompanhar uma trama leve e com um toque melancólico onde as mulheres são enaltecidas através da figura de um eterno apaixonado.

Com direção de Patrícia Pedrosa, a trama é fruto da adaptação de oito textos de Domingos: "Todas as mulheres do mundo", "Edu coração de ouro", "Separações", "Amores", "Os inseparáveis", "A primeira valsa", "BR 716" e "Largando o escritório". O protagonista da série é Paulo (Emílio Dantas), um homem apaixonado pela liberdade, pela poesia e pelas mulheres. Por todas as mulheres. Do mundo.
É capaz de encantar-se à primeira vista diversas vezes e se entregar, a cada relação, com a intensidade de quem vive o eterno amor. Arquiteto e morador de Copacabana, no Rio de Janeiro, o personagem tem a paixão como combustível da vida. Acredita piamente que o amor alimenta sua alma de poeta e enxerga a essência de cada uma das mulheres com as quais se relaciona.

Em uma análise fria, Paulo parece um mero galinha como qualquer outro. Mas está longe da figura típica do Don Juan. A intenção da história é usar o protagonista para acarinhar as mulheres. O arquiteto está longe de ser um anjo de pessoa. Comete erros como qualquer um. Mas seu intuito é sempre acertar através do amor. Há um certo tom de inocência que conta a favor do rapaz. Aos seus amigos, Cabral (Matheus Nachtergaele) e Laura (Matha Nowill), Paulo faz confidências sobre sua vida e suas frustrações. Os três integram o elenco fixo da série, que ainda conta com a presença de Oliveira, carismático vira-lata, cachorro de Cabral que fica sob os cuidados do protagonista na estreia e ainda o ajuda em uma nova conquista.

O primeiro episódio é uma delícia de assistir e provoca a melhor das impressões. Sophie Chatlotte faz uma luxuosa participação como Maria Alice, uma das mulheres do mundo que provoca um amor avassalador em Paulo. Figura cada vez mais rara em novelas, a atriz tem sido bastante escalada para formatos mais curtos nos últimos anos, e sempre engrandece a história que conta com sua presença. A atriz tem uma ótima sintonia com Emílio Dantas e o roteiro flui com naturalidade graças ao bom texto, sem a necessidade de grandes acontecimentos. Os dois se envolvem, se amam, se magoam, se separam, têm uma recaída, se separam novamente, viram amigos e tomam rumos diferentes. Simples assim. Sophie ainda canta em um momento de reflexão de sua personagem e a trilha da estreia é toda baseada em clássicos de Marisa Monte.

O autor Jorge Furtado, em uma videoconferência que participei com jornalistas e blogueiros promovida pela Globo no dia 17 (sexta-feira passada), deixou claro que a série não utiliza clichê algum. E a estreia comprova parte de sua declaração. Apesar das idas e vindas tão comuns em novelas, livros e séries (assim como na vida), não há um culpado pelo fim da relação do primeiro episódio, o que anula a existência da figura da vítima. Sem frases clássicas ou flagras. Porém, não é possível negar que a figura da amiga encalhada do protagonista que tenta engravidar antes dos 40 anos é um clichê bem até clássico. E não é um defeito. Já a diretora Patrícia Pedrosa confessou que sonhava em fazer a série em preto e branco, mas, por ser comercialmente inviável, optou por um filtro mais escuro e uma paleta de cores com um tom mais bege. O resultado ficou ótimo ---- porém, a trama em preto e branco seria uma ousadia maravilhosa.

"Todas as Mulheres do Mundo" teve o primeiro capítulo exibido nesta quinta-feira (23/04) na Globo e as qualidades da estreia são um ótimo chamariz para o público seguir acompanhando os onze episódios restantes na Globoplay, que lançou a temporada completa simultaneamente. O elenco ainda conta com as participações das atrizes Naruna Costa, Mariana Sena, Sara Antunes, Maria Ribeiro, Fernanda Torres, Natasha Jascalevich, Samya Pascotto, Lilia Cabral, Verônica Debom, Marina Provenzzano e Maeve Jinkings ---- do bem escolhido time, algumas atrizes foram muito importantes na vida de Domingos Oliveira, como Maria, Fernanda e a já citada Sophie Charlotte.


9 comentários:

  1. Achei gostosa a série.

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  2. Pq nao passam tudo na televisão??? Não temos nada inédito atualmente sem o BBB.

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  3. Achei mediana, mas valeu pela Sophie Charlotte.

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  4. Olá, tudo bem? Sobre o post anterior: Sou do time Manu Gavassi. Farei a minha análise sobre o reality após a grande final. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  5. Agora nem o BBB mais, anonimo...Podiam msm.

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  6. Doce e amarga.

    A inteligência dos personagens com a poesia das palavras é encantadora. Leve, sensível, com referências muito legais, e a trilha sonora então...

    A série aborda as diversas maneiras de amor mas também tem inúmeros pontos negativos sobre os personagens de cada episodio.

    A maioria de nós nas relações pós-modernas não consegue mais lidar na inter pessoalidade com outrem em situações como um estranhamento que surge, ou uma falta de desejo ardente. Essas situações de fato não perpetuam dentro de um relacionamento se você o baseia apenas em sexo ou momentos legais.

    As vezes acredito que histórias de amor duram apenas 90 minutos.

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