A história de Elizabeth Jhin começou lenta, mas engrenou a partir do final do segundo mês e surpreendeu o público de várias maneiras. A narrativa ousada da autora (expondo seu enredo através da concomitância entre passado e presente em uma viagem temporal) trouxe uma bem-vinda novidade para um formato tão longevo. Ainda conseguiu abordar o espiritismo de forma criativa e emocionante. As viagens protagonizadas por Cris (Vitória Strada) para investigar o mistério em torno do assassinato de sua vida passada, Júlia Castelo, proporcionaram momentos sensíveis e impactantes.
Porém, a coragem da escritora teve um preço: o estranhamento de parte do público nos primeiros meses. A fantasia dentro de um universo aparentemente real não foi bem digerida, assim como a falta de maiores explicações. Mas mesmo assim Elizabeth não recuou e fez apenas alguns cortes em cenas desnecessárias de núcleos paralelos para o roteiro se desenvolver mais rapidamente. Funcionou. A audiência foi aumentando e comprando a trama sobre reencarnação e viagem no tempo. Todavia, a repercussão da produção sempre foi alta. Mesmo no início turbulento.
Os vários enigmas que cercaram a história de Júlia e Danilo (Rafael Cardoso) resultaram em inúmeras teorias amplamente discutidas entre os telespectadores. A própria imprensa especializada se interessava em publicar 'spoilers' e elaborar dúvidas a respeito do futuro dos personagens.
Os vários enigmas que cercaram a história de Júlia e Danilo (Rafael Cardoso) resultaram em inúmeras teorias amplamente discutidas entre os telespectadores. A própria imprensa especializada se interessava em publicar 'spoilers' e elaborar dúvidas a respeito do futuro dos personagens.
A maior prova da grande repercussão era a quantidade de notícias e textos a respeito da novela nas redes sociais, como Twitter, Instagram e Facebook. Todas com muitos comentários, curtidas e discussões. Até porque vale lembrar as brigas ferrenhas entre os fãs da trama, principalmente em torno da teoria sobre o par romântico de Cris: Daniel (Rafael Cardoso) e Alain (João Vicente de Castro). Os chamados ''fandons" protagonizavam embates diários. A expectativa sobre o final era tão grande que "Espelho da Vida" explodiu em audiência nas últimas semanas. A novela que inicialmente lutava para marcar 17/18 pontos chegou a marcar quase trinta. Porém, a média geral foi de 18 pontos. Dois abaixo da meta estipulada pela emissora. Nos números pode ser considerada um fracasso, até porque a anterior, a ótima "Orgulho e Paixão", marcou 21. Ou seja, Jhin derrubou 3 pontos na faixa das seis. Mas a produção foi um fracasso geral? De forma alguma. Terminou aclamada pela crítica e o público fiel que nunca abandonou a história.
Já "Órfãos da Terra" apresenta uma situação oposta. Herdou os ótimos índices da reta final de "Espelho da Vida" e conseguiu elevá-los. A trama de Duca Rachid e Thelma Guedes arrebatou o público com um primeiro mês arrasador. Parecia um novelão dos melhores. Entretanto, o enredo morreu junto com Aziz Abdallah (Herson Capri) e Soraia (Letícia Sabatella). As escritoras apostaram alto quando mataram o maior vilão da história e uma das personagens mais cativantes e sofridas, a esposa do sheik que pretendia fugir com seu verdadeiro amor. Tudo o que tem sido visto desde então não corresponde com o produto apresentado nas primeiras semanas. O folhetim passou a andar em círculos, os conflitos acabaram e o contexto não conseguiu se sustentar apenas na figura vilanesca de Dalila (Alice Wegmann), a filha do finado vilão. O que se vê atualmente é uma produção sem rumo, com atores desperdiçados, mocinhos insossos e situações que pouco atraem. Uma reta final que não desperta o menor interesse. A audiência, todavia, não caiu. Segue alta e provavelmente deve fechar com 21 pontos de média geral, recuperando os 3 pontos perdidos da novela anterior.
Mas o atual produto das 18h apresenta outro diferencial em comparação com "Espelho da Vida": a repercussão não chega nem perto. A novela não é comentada nem mesmo pra ser criticada. Se no início uma parcela do público estava empolgada, agora poucos se importam. Até os fãs dedicados de Kaysar Dadour, sempre presentes nas redes sociais, desanimaram. Só os mais fanáticos mesmo que seguem defendendo a trama com unhas e dentes, achando uma produção perfeita. Até porque nem há o que ser debatido ou comentado na história. Os mocinhos já estão juntos, a vilã tem objetivos sem qualquer nexo e os demais personagens estão apenas preenchendo o tempo dos capítulos. "Órfãos da Terra" só gerou um certo burburinho quando o romance de Valéria (Bia Arantes) e Camila (Anaju Dorigon) começou a ser desenhado e o beijo das meninas acabou censurado. Pena que as autoras tenham inventado esse flerte do nada perto da reta final. A construção foi ruim justamente porque não houve planejamento, mas ainda assim as duas vêm formando o único casal atrativo da trama.
O curioso é que essa análise sobre a diferença entre audiência e repercussão também pode ser usada com uma outra novela de Elizabeth Jhin. No caso, o seu folhetim mais fraco da carreira até hoje: "Amor Eterno Amor" (2012). A entediante história protagonizada por Gabriel Braga Nunes e Letícia Persiles também tinha como temática o espiritismo, mas apresentou vários problemas de desenvolvimento e excesso de personagens sem relevância. Fechou com 23 pontos de média geral, um a mais que "A Vida da Gente", produção de 2011, de Lícia Manzo, que a antecedeu. No entanto, a repercussão da história foi praticamente nula, ao contrário das várias discussões acaloradas que a emocionante trama sobre as irmãs Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manu (Marjorie Estiano) provocavam nas redes sociais em uma época que o Twitter ainda 'engatinhava' e o Instagram nem existia.
Portanto, é preciso sempre muita cautela na hora de avaliar os números. Outro bom exemplo é "Pega Pega"(2017), fenômeno de audiência na faixa das 19h da Globo (29 pontos de média), escrito por Cláudia Souto, e que não gerou qualquer tipo de comentário. Grande parte do público, inclusive, nem deve se lembrar do contexto da história. A produção exibida cerca de um ano antes foi "Totalmente Demais", de Rosane Svartman e Paulo Halm, outro imenso sucesso, que marcou dois pontos a menos (27 de média). Todavia, também repetiu o êxito no burburinho. A história de Eliza (Marina Ruy Barbosa), Jonatas (Felipe Simas), Arthur (Fábio Assunção) e Carolina (Juliana Paes) caiu na boca do povo e ficou marcada. Já com "A Dona do Pedaço", atual novela do horário nobre da Globo, a audiência e a repercussão caminham juntas. A história de Walcyr Carrasco é um sucesso nos números e no boca a boca. Já "Espelho da Vida" e "Órfãos da Terra" representam os opostos. Teledramaturgia definitivamente não é uma ciência exata.
Concordo com tudo que você disse Espelho da Vida era uma novela que me prendia,cheia de mistério grandes atuações de nomes como Vitória Strada, Rafael Cardoso,Irene Ravache,Alinne Moraes,Suzana Faini e Emiliano Queiroz.Um história intrincada com excelente desenvolvimento e uma primorosa direção de Pedro Vasconcelos.Espero que o fraco desempenho em audiência não faça Elizabeth Jhim demorar a voltar co. Uma nova novela o mesmo vale para Pedro Vasconcelos.
ResponderExcluirA substituta de Totalmente Demais foi Haja Coração, que foi substituída por Rock Story e ela sim foi substituída por Pega Pega...
ResponderExcluirQUE TEXTOOOOOOO
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Espelho da Vida é MUITO melhor que Órfãos da Terra.... Há uma diferença entre as novelas de verão e de inverno. Não dá para comparar os índices de audiência.... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirUm dos melhores textos que já li. Você entende do que fala.
ResponderExcluir"A expectativa sobre o final era tão grande que "Espelho da Vida" explodiu em audiência nas últimas semanas. A novela que inicialmente lutava para marcar 17/18 pontos chegou a marcar quase trinta." Chegou a quase 30? Que eu saiba a maior audiência foi 23.
ResponderExcluirSim, mas chegou a picos de quase 30 pontos
ExcluirTexto mais do que necessário, Sérgio, em qualquer época, mesmo com estreias de vários produtos folhetinescos cujos autores têm pretensões de inovar, mas apenas alguns dos nomes fazem por merecer o êxito nessa missão, além de utilizarem da maneira correta os clássicos atrativos teledramatúrgicos. Menções bastante pertinentes a novelas produzidas pela Rede Globo nesta década. Temporadas de "Malhação" podem, inclusive, ser analisadas de acordo com o conceito de sucesso descrito por você no texto.
ResponderExcluirGuilherme
espelho da vida não abordou o espiritismo e sim a espiritualidade e reencarnação. não seguiu as teses espíritas. há inúmeras religiões que falam de reencarnação. há inúmeros filmes q falam de voltar no tempo sem abordar qq espiritualidade. os autores deixaram bem claro que não seguiram vertentes religiosas. o voltar no tempo era só mais um recurso dramatúrgico. não de fé. eu amei espelho da vida. as tramas tinham muita profundidade, abordou muitos temas importantes. gosto de órfãos. eu amei lado a lado q foi muito, mas muito mal no ibope. beijos, pedrita
ResponderExcluirNão assisti Espelho da Vida, mas Órfãos da Terra eu só assisto por causa do Marcelo Médici que faz o Abner.
ResponderExcluirRealmente a trama se perdeu ao longo dos meses e a maior falha foi a morte do Aziz e da Soraia. Nem deu pra torcer pra Soraia com Hussein porque mataram a personagem.
Pior mesmo foi inventarem n motivos para Dalila sair se vingando do casal Laila e Jamil.
big beijos
Não me lembro de ter visto uma novela das 18h tão ruim quanto órfãos da terra! A primeira é a última que vejo das autoras. A falta de repercussão não é por acaso e audiência talvez se explique pelo ótimo momento de Por amor e por ser uma novela de meio de ano. Espelho da vida pegou meses mais difíceis. Da história dessa novela nem tem o que comentar porque durou 1 mês e depois foram mais 5 de letargia. Na reta final, casais formados de maneira aleatória. Nem o suspense pelo assassinato de Aziz teve. Já vai tarde e nem precisa voltar.
ResponderExcluirTiveram novelas muito piores como Sol nascente,negócio da China, boogie oogie
ResponderExcluirMt obrigado, anonimo.
ResponderExcluirSim, Victor.
ResponderExcluirValeu, anonimo.
ResponderExcluirSem duvida, Fabio.
ResponderExcluirFico honrado, Pedro.
ResponderExcluirEu disse picos, Eric, nao média...E chegou a picos de 29, sim, algo que Orfaos nao alcançou.
ResponderExcluirValeu, Guilherme.
ResponderExcluirBjs, Pedrita.
ResponderExcluirExato, anonimo.
ResponderExcluirConcordo, Lulu.
ResponderExcluirOnde eu assino, anonimo?
ResponderExcluirEssas 3 tb foram péssimas, anonimo.
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