A proposta da nova trama em nada se parece com a produção anterior, voltada exclusivamente para o escapismo através de inúmeras esquetes e ausência de conflitos relevantes. O folhetim dirigido pelo competente Luiz Henrique Rios tem uma história para contar e uma reflexão a fazer. Muito mais do que dias de vida, é preciso saber aproveitar cada oportunidade que essa jornada nos permite. Viver não é simplesmente existir. É bem mais. E os autores querem levantar essa questão com leveza e sensibilidade, além, claro, de boas doses de humor.
É a volta da clássica comédia romântica ao horário, após o fenômeno "Totalmente Demais", escrito pela mesma dupla em 2016, que fez a alegria da emissora com grande audiência e ótima repercussão. Agora, no entanto, não é sobre a saga de uma jovem pobre que vira uma modelo famosa.
A protagonista é Paloma (Grazi Massafera), costureira humilde, moradora de Bonsucesso, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, que luta diariamente para criar três filhos sozinha, mas sem abandonar o sorriso cativante e o sonho de ser rainha de bateria da "Unidos de Bom Sucesso". Amante da literatura, a mocinha ainda se imagina nos universos lúdicos dos livros que lê.
Porém, a vida da batalhadora mulher vira do avesso quando descobre que tem apenas seis meses de vida. Esse choque já foi exibido logo no gancho do final da estreia e iniciou a virada na sua conduta. O que fazer nesse curto período de tempo? Enquanto isso, a vida de um milionário ganha um sopro de esperança assim que descobre sua milagrosa cura. Alberto (Antônio Fagundes) se anima com a notícia de que o câncer terminal que enfrentava sumiu. Infelizmente, os sintomas não somem, o que desperta dúvidas. Mas ninguém consegue imaginar que houve uma troca de exames e graças a essa armadilha do destino a vida de Paloma e Alberto muda para sempre.
O primeiro capítulo foi leve e simples. Houve uma preocupação dos autores na apresentação do quarteto central, sem pressa ou lentidão extrema. A rotina da trabalhadora Paloma foi bem exposta, assim como a preocupação constante com os filhos. Houve, inclusive, um divertido momento em que Alice (Bruna Inocêncio), a filha mais velha, achou que estava grávida, mas na verdade não tinha entendido o resultado do exame. Quem desvendou foi o irmão Peter (João Bravo), o caçula do trio. Já a rotina de Ramon (David Junior) também foi mostrada --- vale mencionar as externas gravadas em Chicago (EUA), após várias novelas economizarem dinheiro com chroma mal feito --- e a sua viagem em busca do sonho de jogar basquete, anos atrás, abandonando Paloma com a filha para criar, através de um flashback.
A rabugice de Alberto foi outro ponto bem explorado, o que destacou o talento de Antônio Fagundes. O dono da Editora Prado Monteiro tem tudo para ser um de seus melhores papéis. A paixão do poderoso homem pela literatura, inclusive, reforça a importância dos livros e ressalta o ponto em comum com Paloma. Os dois, por sinal, se viram pela primeira vez no hospital onde ocorre a troca dos exames e a cena teve humor e um toque de delicadeza. A relação deles promete. E Marcos (Rômulo Estrela) é um perfil muito carismático. De bem com a vida, o rapaz é um mulherengo convicto e seu relacionamento com o pai não é nada bom. Isso porque não quis assumir a editora, após várias divergências com Alberto. No entanto, há um carinho mútuo exposto através de muitas trocas de farpas. Marcos é mais um que gosta de livros. Aprendeu com o pai. Outra personagem que desperta interesse é Naná (Fabíula Nascimento), filha de Alberto que assume os negócios e vive sendo subestimada por ele. Ela ainda é traída pelo marido, o interesseiro Diogo (Armando Babaioff).
"Bom Sucesso" teve uma estreia despretensiosa e muito agradável. A audiência foi excelente: 32 pontos. Rosane Svartman e Paulo Halm resolveram apostar em um enredo repleto de figuras atrativas e iniciaram essa nova saga com todos os elementos de um bom folhetim. Os conflitos prometem convidativos desdobramentos. A música da bonita abertura ("O Sol Nascerá", de Cartola) expõe bem a essência da trama: leveza, alegria e reflexão. Que siga assim.
Parabéns Sérgio mais um belíssimo texto. Abraço
ResponderExcluirQue novela gostosa!!!! Ja apaguei a chacota anterior!!!
ResponderExcluirSérgio, estou mais do que preparado para ler todos os seus textos (como já li este de minutos atrás) sobre "Bom Sucesso", que já estreou dizendo a que veio e deixou a melhor das impressões com o primeiro capítulo exibido. Quando no fim de julho para início de agosto do ano passado li as primeiras menções ao novo folhetim de Rosane Svartman e Paulo Halm, pensei: "Já gostei dessa costureira!". E o meu otimismo com essa novela só cresce à medida que o tempo passa. Que Rosane e Paulo continuem nos presenteando com boas cenas durante todo o tempo de exibição de "Bom Sucesso" na Rede Globo.
ResponderExcluirGuilherme
Seus autores favoritos são os melhores mesmo, Sérgio. kkkkkkk
ResponderExcluirEstou encantada pela novela e espero que nao decepcione depois como tantas outras.
ResponderExcluirnossa, eu achei muito dramática. o pai largar a mãe com a filha pra ela criar sozinha é cruel demais. e depois a trama de poucos dias de vida. a violência que a jovem sofre pelo rapaz que ficou com ela. enfim... não achei leve e despretensiosa não. amei a abertura e ser feita de retalhos. beijos, pedrita
ResponderExcluirAchei maravilhosa também. Promete.
ResponderExcluirOlá Sérgio!
ResponderExcluirAinda bem que essa guria perdeu o Enem se não sabe ler um teste de gravidez imagina na prova. Kkkkkk. Mas foi um Plot Twist e tanto. Não estava esperando. Gostei.
Então... Eu parei pra assistir pq não é sempre que eu vejo uma história falando do meu universo. O universo literário. Se essa história fazer o povo se interessar pela leitura já terá valido a pena.
Quem sabe assim as pessoas não dedicam menos tempo a TV e mais a leitura.
Acho difícil, mas já é alguma coisa.
Vi a Grazi dizer numa entrevista que a mãe dela dizia que ler era coisa de gente vagabunda. E infelizmente tem pessoas que pensam assim. Aquilo me deu uma baita raiva. Espero que a Senhora Massafera tem mudado seu conceito. E bem que essa novela tire esse estigma que a leitura possuí não só de "vagabundagem" mas também de chatice e entre outras coisas.
Até porque povo não sabe o que tá perdendo. #Sólamento
Analisando os currículos de Rosane Svartman e Paulo Halm na Rede Globo, afirmo com convicção que as obras deles na emissora elevam o sarrafo qualitativo da faixa horária folhetinesca em que ingressam, além de considerá-los os reis da representatividade ao incluírem em seus trabalhos profissionais e/ou personagens de diversas etnias, orientações sexuais e culturas em geral. Com "Bom Sucesso" em exibição, mais uma vez tenho a chance de testemunhar o que acabei de declarar a respeito de Rosane e Paulo.
ResponderExcluirGuilherme
"Bom Sucesso" é especial para mim por vários motivos, sobretudo por ser a primeira novela da Rede Globo cujos capítulos acompanho na íntegra após conhecer este blog, virar comentarista dele e ler os seus tweets sobre os mais variados programas das emissoras de TV, Sérgio. E de fato, Gabriel Contente finalmente está numa novela boa como a que estreou anteontem na faixa das 19h30min, apesar de não estar empolgado com a sua escalação para o elenco dela. Sei que Shirley Cruz (que interpreta Gláucia) fez uma participação quase insignificante em "Malhação - Vidas Brasileiras" (2018) como Joana, a mãe de Garoto (Pedro Maya), mas para mim a situação dela é diferente porque ela teve a sorte de não testemunhar desde a estreia o poço de imperfeições (isto não é um elogio) que foi aquela temporada. Porém, acredito que as chances de o público shippar o casal formado por Vicente (Gabriel Contente) e Gabriela (Giovanna Coimbra) são grandes.
ResponderExcluirGuilherme
Outro elogio que eu quero fazer a Rosane Svartman e Paulo Halm: conseguem escrever cenas de efeito cômico sem a necessidade de os telespectadores perceberem a tentativa de fazê-los rirem, pois a naturalidade do contexto faz essas cenas prezarem pela irreverência.
ResponderExcluirGuilherme
E de fato Rosane Svartman e Paulo Halm constróem com perfeição casais em suas obras. Dá vontade, não é, Izabel de Oliveira e Paula Amaral? E essa pergunta também poderia ser direcionada a Duca Rachid e Thelma Guedes, pois o histórico de construção de casais nos folhetins com sinopses concebidas por elas mesmas não é nada animador, pois desde "Cordel Encantado" (2011) elas criavam tramas que na metade da novela já despertavam cansaço nos telespectadores, bem como polígonos amorosos envolvendo personagens (quase) nada carismáticos.
ResponderExcluirGuilherme
Obrigado, Antonio.
ResponderExcluirEu tb, anonimo.
ResponderExcluirFico honrado demais, Guilherme.
ResponderExcluirSão, ne, anonimo...kkk
ResponderExcluirAmem, Gabi...
ResponderExcluirOk, Pedrita.
ResponderExcluirPromete, anonimo.
ResponderExcluirLeitora, essa novela é a sua cara mesmo. E tá muito boa. Tomara que siga assim!!!
ResponderExcluirGuilherme, seus comentários são sempre muito bons. Concordo com todos mais uma vez.
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