A Globo já está há um certo tempo investindo no seu serviço de streaming com o intuito de concorrer com a popular Netflix. Claro que ainda falta para se equiparar com a rival que vem apostando cada vez mais no mercado brasileiro, contratando, inclusive, atores da emissora, como Marco Pigossi e Emanuelle Araújo, por exemplo. No entanto, é visível o empenho da líder em engrandecer a Globo Play com produções de qualidade inquestionável. Uma delas foi "Assédio", série de dez episódios que foi disponibilizada no aplicativo no dia 21 de setembro de 2018 e teve o primeiro episódio exibido em outubro na tevê aberta com o intuito de estimular o público a seguir vendo na internet. Menos de um ano depois, a emissora começou a exibi-la a partir do dia 3 de maio, após o "Globo Repórter".
A produção baseada no livro "A Clínica: A Farsa e os Crimes de Roger Abdelmassih, de Vicente Viladarga, é um primor e despertou um grande burburinho mesmo estando disponível apenas na internet. Portanto, era mesmo uma questão de tempo a Globo colocá-la em sua grade. E como pela primeira vez ---- desde que começou a exibir (em 2011) novelas que viraram "superséries" ----, não houve produção de uma trama na faixa das 23h ---- em virtude do mau planejamento de Silvio de Abreu, responsável pelo setor de teledramaturgia ----, o canal aproveitou a qualidade desse produto para disponibilizá-lo para o grande público. Resolveu um problema sem precisar de investimento.
Escrita por Maria Camargo, mesma autora que adaptou lindamente o livro "Dois Irmãos", em 2017, e dirigida por Amora Mautner, a trama impacta do início ao fim. A história é conhecida e praticamente todos os brasileiros sabem sobre o escândalo do médico especialista em reprodução humana que abusou sexualmente de inúmeras pacientes.
Hoje, inclusive, ele cumpre prisão domiciliar, expondo a ineficiência da justiça brasileira. A preocupação em contar uma história real, mas conseguindo criar bons dramas ficcionais para enriquecer o roteiro, fica evidente a todo instante e a entrega do elenco impressiona. É humanamente impossível não se envolver e sofrer junto com todas as mulheres vítimas do médico monstro.
Antônio Calloni vive o protagonista que na história ganhou o nome de Roger Sadala, conhecido como Doutor Vida. O ator, como já era de se esperar, está magistral e imprimiu um tom sombrio ao personagem, mesclando arrogância com intimidação. Nem cabe questionar a condução mais voltada para o maniqueísmo, pois um sujeito que violenta suas pacientes enquanto estão dopadas, após o tratamento de fertilização, não poderia ser tratado como um tipo complexo. É perfeitamente natural a sua "vilãnização" no enredo. E não poderiam ter escolhido um intérprete melhor. Merece todos os elogios.
O primeiro episódio conta o drama de Stela (Adriana Esteves), mulher que convive há anos com o sofrimento de não engravidar e consegue convencer o marido a pagar um tratamento. Porém, ela não imaginava que aquela dor não era nada perto do trauma que estava por vir em sua vida. Como o formato da série se baseia no protagonismo feminino em cada episódio, há sempre o depoimento da vítima para a câmera em breves cenas que são inseridas ao longo da trama. E o desempenho de Adriana Esteves é irretocável. A atriz transmite o pânico da mulher com total entrega e seu trabalho corporal merece menção ---- o tremor de suas mãos chega a assustar. Já a cena em que Stela é abusada pelo médico enquanto está sob o efeito da anestesia é uma das mais fortes da série. Chega a embrulhar o estômago. Essa mulher, inclusive, serve de fio condutor para as demais vítimas e aparece em quase todos os episódios.
A direção de Amora Mautner é precisa, valorizando bastante os cenários e os olhares dos atores. O elenco, por sinal, é magnífico. Além do trabalho primoroso de Adriana Esteves e do show de Antônio Calloni, Mariana Lima emociona na pele de Glória Sadala, esposa do médico, e Elisa Volpatto é a grata revelação da série, brilhando em todas as cenas como Mira, repórter responsável pela investigação que arruína a carreira do monstro. Paula Possani, Hermila Guedes e Monica Iozzi são mais algumas atrizes que se destacam vivendo outras vítimas do abusador. Juliana Carneiro da Cunha (Olímpia Sadala), Paolla Oliveira (Carolina), Bianca Muller (Tamires), Denise Weinberg (Julieta), Felipe Camargo (Ronaldo), João Miguel (Odair) e Jéssica Ellen (Daiane) são nomes que também merecem menção.
"Assédio" é uma produção digna de Emmy Internacional e a Globo acertou em cheio quando resolveu exibi-la para o grande público. São dez episódios fortes, recheados de tensão e agonia, que prendem o telespectador com um enredo macabro e lamentavelmente baseado em fatos reais. O maior incômodo dessa ficção é ter a plena consciência a respeito da veracidade de várias situações exibidas ao longo da história, ainda que tenham criado situações meramente dramatúrgicas na construção dos perfis no geral. Uma série forte, necessária e impactante.
Eu comecei a ver mas não consegui continuar. Muito pesado.
ResponderExcluirUma série que, pela amostrinha que assisti deve ser boa. Mas ando numa fase de querer apenas coisas mais leves. De pesado,chega! rs abração,chica
ResponderExcluirBom dia amigo Sérgio, feliz por ter encontrado novamente. perdi meus blog antigos está faltando vc por lá
ResponderExcluirlink da brinadeira da Chica
https://poetandojuntosemisturados.blogspot.com/2019/06/vamos-brincar-com-chica-num-23.html
https://dinaviajantedotempo.blogspot.com.br
https://vogalsuprimida.blogspot.com/
Volto, tentei abrir não consegui, meu NB parece que ainda dormita.
Bom findi , apareça!
Bjss!
Olá, tudo bem? Sobre o post anterior: O Aprendiz já enfrentava, na Record, o desgaste do formato. Eu já previa os baixos índices na Band. E há também problemas na edição nesta temporada. Tudo é condensado em poucos minutos...O programa não consegue se desenvolver... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirDeve ser uma série muito pesada (mas necessária).
ResponderExcluirUm abraço.
Adriana está incrível mesmo e a série é ótima, mas achei os depoimentos desnecessários.
ResponderExcluirEntendo, anonimo.
ResponderExcluirTudo bem, Chica.
ResponderExcluirPoxa, Dina, que pena.
ResponderExcluirEu ja acho o contrário, Fabio. Ser mais curto deixou formato bem menos cansativo.
ResponderExcluirIsso, Elisabete.
ResponderExcluirIsso eu até concordo, anonimo.
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