Romance de Aurélio e Julieta encanta em "Orgulho e Paixão"

Marcos Berstein vem conseguindo apresentar para o público capítulos construídos com habilidade no atual folhetim das 18h, ainda que não tenham muitos acontecimentos relevantes em alguns, o que é natural em qualquer novela. "Orgulho e Paixão" é agradável de ser acompanhada até em cenas exclusivamente românticas, mesmo que não afetem o andamento da história. E como há uma sucessão de bons casais, os muitos momentos açucarados recheiam a produção. No último sábado (11/08), por exemplo, chegou a vez de Aurélio (Marcelo Faria) e Julieta (Gabriela Duarte).

A esperada primeira relação do par teve o texto delicado do autor, a química incontestável dos atores e a libertação da angústia da personagem mais complexa da novela. A Rainha do Café nunca se recuperou dos estupros constantes do finado marido e carregava uma energia pesada, representada por uma postura arrogante e intimidadora. Nem mesmo o filho Camilo (Maurício Destri) conseguia quebrar esse ar gélido da mãe, que sempre tocou seus negócios com extremo rigor. Aurélio veio para trazê-la para o caminho da serenidade.

O casal é um dos muitos trunfos da gostosa trama das seis e Berstein sempre fez questão de valorizar os atores, que viraram o destaque do núcleo. Todavia, é preciso mencionar que o início da relação poderia ter sido desenvolvido de forma mais crível pelo escritor.
O pai de Ema (Agatha Moreira) se apaixonou imediatamente pela poderosa mulher e não há nada de errado nisso. A questão era o contexto. Julieta expulsou toda a sua família da fazenda onde moravam em virtude das dívidas do orgulhoso Barão (Ary Fontoura). Obviamente, Aurélio se indignou com isso e ainda assim não hesitava em se declarar. Mesmo sendo tratado feito um nada por Julieta.

O ''normal'' seria guardar esse sentimento ao menos no início da convivência tão perturbadora. Ninguém em seu lugar seria tão submisso a ponto de fazer declarações para a sua algoz. Poderia até amar, mas não admitir. Porém, o escritor acertou no desarme gradativo de Julieta e a relação foi ficando cada vez mais encantadora. Ou seja, essa situação inicial acabou contornada muito bem. E não demorou para o par se tornar um dos melhores de "Orgulho e Paixão". Gabriela Duarte está em um dos seus grandes momentos na televisão e vê-la valorizada como merece é um prazer. Já Marcelo Faria cresceu junto com a colega e cativou com o íntegro pai de Ema. Vale lembrar, inclusive, que ambos trabalharam juntos em "Top Model" (1990), onde viveram os irmãos Elvis e Olívia.

É muito bonito acompanhar o processo de humanização de Julieta e a 'cura' que o amor por Aurélio provocou em sua alma. A primeira vez deles honrou toda a expectativa e a delicadeza da direção de Fred Mayrink merece elogios. Os fãs do casal "Aurieta" não têm do que reclamar. Outro ponto positivo da relação é o toque de humor provocado pela rabugice do Barão, 'inimigo' declarado da Rainha do Café que viu seu filho noivando com a 'rival'. Ary, Gabriela e Marcelo formam um divertido trio, inimaginável no início da história. Já a cumplicidade de Julieta e Elisabeta (Nathalia Dill) e a parceria de Aurélio e Ernesto (Rodrigo Simas) proporcionam mais sequências deliciosas no enredo.

"Orgulho e Paixão" é uma novela muito fácil de ser elogiada. Em todo instante, o autor dá motivos para isso. A relação de Aurélio e Julieta é mais um dos êxitos desse folhetim que mescla romance, drama e humor com tanta eficiência.