quarta-feira, 25 de julho de 2018

"Jesus" tem bons ingredientes para reconquistar o público da Record

Após viver o auge com "Os Dez Mandamentos" em 2015 --- cuja última reprise chegou ao fim somente agora ---, a Record nunca mais conseguiu emplacar um sucesso na faixa das 20h30. As tramas bíblicas que vieram depois tiveram índices razoáveis, mas longe do fenômeno anterior. Porém, o período de maior crise na emissora foi, sem dúvida, durante a exibição de "Apocalipse", primeira obra contemporânea baseada na Bíblia. A intervenção da filha de Edir Macedo acabou piorando o que já estava catastrófico e o fracasso foi inevitável. Agora a missão é reconquistar o público com "Jesus", nova novela que estreou nesta terça-feira (24/07).


Tanto que, antes da trama, o canal exibiu a minissérie "Lia", produção bíblica despretensiosa e bem desenvolvida. O intuito era dar um tempo maior para a finalização dos primeiros capítulos do novo folhetim e ainda preparar a faixa para o retorno dos enredos de época. É inegável que "Jesus" tem um forte apelo, afinal, conta a história da figura mais conhecida do mundo, independente da religião de cada um. O enredo é de Paula Richard, autora de "O Rico e Lázaro", exibida em 2017, e dirigido por Edgar Miranda. A parceria com a produtora Casablanca também está mantida, mas agora não haverá um elevado investimento em efeitos especiais. A ordem é focar no roteiro e evitar cenas megalomaníacas, após o trauma de "Apocalipse".

O primeiro nome para interpretar o personagem-título era Rodrigo Santoro, mas o ator recusou e a Record precisou contar com seu banco de atores mesmo. Dudu Azevedo, então, assumiu o papel de Jesus de Nazaré. Um desafio para qualquer intérprete viver a figura central do cristianismo, considerado filho de Deus, gerado para disseminar o amor entre os povos, mas que acaba traído pelos que não toleravam seus ideais.
A autora, por sinal, fez questão de enfatizar em entrevistas que não haverá pregação na novela, ao contrário do fracasso recém-terminado da emissora. E também terá liberdade para conduzir sua trama, podendo usar de licenças-poéticas para criação de muitos conflitos. Resta aguardar o desenvolvimento da novela para observar tudo isso.

O primeiro capítulo despertou interesse logo no começo, pois exibiu simplesmente o desfecho do enredo: a crucificação de Cristo. Embora breve, provocou impacto e emocionou. A estratégia foi inteligente, afinal, no caso não há problema em desvendar o final de uma história que todos já conhecem. Logo depois, no entanto, foi apresentado o início de tudo. Simeão (Paulo César Pereio) narrou a criação do mundo, o conhecido entrecho de Adão e Eva, e o pecado original. Não foram cenas que fizeram a diferença no roteiro, mas foram bons chamarizes para esse começo. Após o breve prólogo, a trama migrou para um ano antes de Cristo e exibiu Maria (Juliana Xavier), o namorado José (Guilherme Dellorto) e a família. A mulher quase foi apedrejada pelos vizinhos depois que ajudou um soldado romano, precisando defender sua honra.  O Anjo Gabriel (Raphael Sander) e o Satanás (Mayana Moura) também já apareceram na estreia, resultando em um bom primeiro gancho.

Fica evidente que o enredo tem potencial para conquistar o telespectador. Apesar das várias obras bíblicas já produzidas, é a primeira vez que a Record explora a vida de Jesus tendo o próprio como protagonista. Acaba despertando curiosidade até de uma parcela do público que não é religiosa, mas conhece essa parte da Bíblia. Os cenários, inclusive, merecem elogios e os figurinos apresentaram uma nítida melhora. Finalmente deixaram de lado aquelas vestimentas impecavelmente limpas, parecendo fantasias de Carnaval em pleno deserto. Que não seja uma propaganda enganosa de estreia. O elenco ainda conta com nomes como Guilherme Winter (Judas), Cláudia Mauro (Maria), Day Mesquita (Maria Madalena), Petrônio Gontijo (Pedro), Michel Bercovitch (José), Vanessa Gerbelli (Herodíade), Marcos Winter (Herodes), Nicola Siri (Pôncio Pilatos), Larissa Maciel (Cláudia Pilatos), Beth Goulart (Miriam), Adriana Garambone (Adela), Fernando Pavão (Petrônius), André Gonçalves (Barrabás), Bárbara Borges (Livona), Ernani Moraes (Nicodemos), entre outros.

"Jesus" estreou com 13 pontos e ficou em terceiro lugar, perdendo para o fenômeno "As Aventuras de Poliana", do SBT, que obteve 15 pontos. Apesar disso, foi um bom começo, principalmente levando em consideração os 9 pontos que "Apocalypse" marcava. A disputa entre as duas produções promete ser acirrada e Paula Richard trem um bom enredo em suas mãos. Se conseguir desenvolvê-lo de forma convidativa, tem tudo para alcançar um bom resultado e manter um público cativo até o final.

15 comentários:

  1. A Record só sabe fazer isso?????

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  2. Achei muito confusa e duvido que não tenha pregação!

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  3. Que me desculpem, mas acho mais fácil torcer pelo Satánas da ótima Mayana Moura do que pelo Jesus do fraco Dudu Azevedo.

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  4. Olá, tudo bem? Não gostei dos primeiros capítulos de Jesus....A Record errou ao terceirizar o departamento de teledramaturgia... Veremos o desempenho do Dudu Azevedo...Já comentei no meu blog. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  5. Duvido que não tenha pregação e que a autora tenha "liberdade poética" se a audiência cair... nao tenho estômago pra acompanhar Dudu Azevedo como protagonista.

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  6. Olá Sérgio
    Parece interessante, afinal Jesus é a figura mais conhecida do mundo.
    Tomara que não tenha pregação.
    É que se parecem muito as novelas da Record, e embora bíblicas (e bíblica não é sinônimo de religião, é um livro, pode até ser visto como uma filosofia)
    tem um jeito de pregação.
    Que seja bem conduzido e interpretado, é sempre bom outras opções para os telespectadores e mercado de trabalho para os atores.
    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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  7. Que pena que o publico acostumado a só prestigiar as novelas da globo tenha perdido novelas incríveis NÃO bíblicas da Record, como Vidas em Jogo, Chamas da Vida, Pecado Mortal, Bicho do Mato.... Sobre as novelas bíblicas e sobre Jesus especificamente eu estou gostando, mas tenho ressalvas quanto ao visual e a escolha do Dudu para o papel titulo, acho que se tivessem escolhido um ator novato e mais parecido com a imagem mais próxima do que o grande publico conhece como Jesus seria um grande atrativo pra novela. E o satanás como mulher também foi uma aposta arriscada, vamos ver.

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  8. Concordo que tá esgotado, anonimo, mas...

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  9. Isso é um fato, Luli, todas as tramas se parecem umas com as outras...

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