sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Está na hora da nova geração da "Escolinha do Professor Raimundo" chegar ao fim

O remake da "Escolinha do Professor Raimundo" foi uma ideia genial de Bruno Mazzeo, estreando com o pé direito no Viva e na Globo em 2015. O sucesso, tanto no canal a cabo quanto no aberto, foi imediato. O público matou as saudades de tanto perfis marcantes através de composições quase perfeitas de novos atores escolhidos a dedo, homenageando os veteranos que fizeram parte desse humorístico consagrado por tantos anos. A segunda temporada, exibida em 2016, se mostrou tão acertada quanto a primeira, funcionando novamente. Porém, a terceira, já desperta dúvidas em torno do desgaste do programa.


Com direção de Cininha de Paula e redação final de Péricles Barros e Marcelo Saback, a terceira temporada estreou no Viva em setembro e na Globo no final de novembro. O elenco segue o mesmo, mas com duas ausências: Fernanda Souza não conseguiu conciliar sua agenda para viver pela terceira vez a adolescente Tati (perfil original de Heloísa Périssé) e Otaviano Costa precisou sair por causa do seu trabalho na rádio Globo. Ela não foi substituída, mas o Ptolomeu (nerd interpretado originalmente por Nizo Netto) acabou ficando com Bruno Garcia. A outra novidade foi a entrada de Marco Luque vivendo o Nerso da Capitinga, personagem clássico de Pedro Bismarck.

Essas três situações já despertam atenção. Afinal, os atores da 'nova escolinha' são sempre muito requisitado em novelas, ou seja, acabam tendo a imagem superexposta. E a saída de dois deles prova que está ficando complicado conciliar trabalhos.
Para culminar, o caso do Ptolomeu chega a ser estranho: Otaviano Costa estava no lugar de Nizo e agora foi substituído por Bruno. Três intérpretes para um papel? E Nizo está vivo e sem emprego, vale lembrar --- ele foi dispensado do elenco do novo "Zorra" esse ano. É algo meio sem nexo, para não dizer injusto. Essa questão, inclusive, implica em vários outros casos.

Há muitos outros intérpretes que estão vivos e alguns desempregados. Stella Freitas (Dona Cândida), Eliézer Motta (Seu Batista) ---- atualmente no Multishow ----, David Pinheiro (Armando Volta - Sambarilove), Pedro Bismarck, Lug de Paula (Seu Boneco), Cláudia Jimenez (Dona Cacilda) e até Orlando Drummond (Seu Peru) ---- ele, porém, aposentado aos 98 anos. É preciso destacar que o discurso de muitos na época que o remake foi lançado, incluindo de alguns integrantes do humorístico, como Paulo Cintura, sobre a nova produção ser oportunista, não fazia sentido. Até porque a homenagem era mais do que válida. Mas, agora, tendo uma terceira temporada, é realmente uma situação sem propósito e até injusta com os atores que fizeram parte do programa.

Para culminar, no caso da atual temporada, é visível a interpretação fraca de Marco Luque vivendo o Nerso. Quem falou para ele que a sua imitação era boa mentiu feio. Não dá para entender sua presença ali. E outro fato importante é a limitação das piadas. Todas já estão cansativas e algumas até repetitivas. Vale lembrar que o maior trunfo da "Escolinha" original não era o roteiro e, sim, as piadas internas do elenco, debochando, inclusive, da falta de graça do texto. Mário Tupinambá, intérprete do inesquecível Bertoldo Brecha, por exemplo, era a vítima preferida do Chico Anysio, que vivia expulsando o aluno de sala cada vez que uma piada velha era dita por algum colega. Isso porque ele era um dos redatores. As sacanagens entre Chico e Lúcio Mauro eram deliciosas, pois a dupla se conhecia de longa data e tinha intimidade de sobra. O riso frouxo de Rogério Cardoso, cada vez que Rolando Lero era alvo do deboche do professor, divertia todos na sala. Enfim, isso não ocorre agora, obviamente. Tudo fica apenas limitado ao texto.

O único que se arrisca no improviso é Evandro Mesquita, arrancando gargalhadas dos demais com a burrice do Armando Volta. Já os outros fazem tudo o que o texto pede e pronto. Estão certos, claro. Mas perde a alma do formato. E todos fazem imitações perfeitas. Vale destacar Marco Ricca (Pedro Pedreira), Marcos Caruso (Seu Peru), Fabiana Karla (Cacilda), Otávio Muller (Baltazar da Rocha), Dani Calabresa (Catifunda), Marcelo Adnet (Rolando Lero), Kiko Mascarenhas (Galeão Cumbica), Mateus Solano (Zé Bonitinho) e Lúcio Mauro Filho (Aldemar Vigário). Mas o humor interno não existe, enfraquecendo o todo.

A nova geração da "Escolinha do Professor Raimundo" merece todos os elogios possíveis e valeu muito a pena relembrar tantos personagens clássicos através de imitações tão boas, feitas por um elenco de grande talento. Todavia, o programa já cumpriu sua missão. A homenagem deveria parar por aí. Mais que isso desgastará mais o formato e acabará expondo essa injustiça com os intérpretes originais que estão vivos e muitos precisando de trabalho. Não precisa.

16 comentários:

  1. Que crítica interessante. Pensei que só eu já tivesse cansado. Nem vejo mais.Foi legal no começo mas já deu.É bom saber a hora de parar.

    ResponderExcluir
  2. Olá, tudo bem? Eu lembro da Escolinha na programação vespertina da Globo nos anos 90... Eu chegava em casa naquele momento após a escola. Depois, veio Malhação que permanece até hoje. Aproveito para desejar um ótimo Natal a você, familiares e aos leitores do blog! Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net

    ResponderExcluir
  3. Eu nunca vi a menor graça!

    ResponderExcluir
  4. Sergio Quando você vai fazer os melhores e piores de 2017?

    ResponderExcluir
  5. Pensei se só eu achasse isso...

    ResponderExcluir
  6. Olá Sérgio! Que critica pertinente. Eu não sabia que a maioria dos atores da escolinha original estavam vivos. Homenagem? Será? Pode até ser, mas quando viram que o programa fez sucesso... Esse horário na Globo não costuma ter um programa fixo durante o ano todo. São sempre programas por temporadas e nem todos correspondem a audiência e quando isso acontece eles sugam até a ultima gota. Eu assisti, mas esse ano eu não vi porque além de ser um horário em que eu não posso eu não tenho a menor vontade de ver TV.

    ResponderExcluir
  7. Sobre o Ptomoleu: Bruno Garcia sendo Bruno Garcia, infelizmente.

    Mas e você, o que acha? Prefere ele ou o Otaviano no papel?

    O meu personagem preferido mesmo é o Zé Bonitinho, composição perfeita de um Mateus Solano genial.

    Não sei se ainda vale porque já mais passou a data porém espero que o seu natal tenha sido incrível e recheado de paz e alegria.

    ResponderExcluir
  8. Todas feitas, Bruno. Sempre na última semana do ano.

    ResponderExcluir
  9. Tb prefiro o Otaviano, Débora. E tb espero que seu Natal tenha sido lindo. Tenha um ótimo 2018! Bjão!!!!

    ResponderExcluir
  10. Sinceramente, eu acho que o que falta é saber a hora de parar... A Escolinha vai ganhar um longa-metragem e acho qus não tem como transformar o formato disso em filme. Entretanto, a Escolinha vem apresentando uma temporada irregular, alternando bons e maus momentos. Acho que se não pararem esse ano, devem parar com a temporada 2018-2019 (a quarta). Provavelmente, a agenda profissional de muitos atores/atrizes vai acabar sendo um dos motivos para a Nova Escolinha chegar ao fim. O tempo dirá.

    ResponderExcluir