quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Com formatos parecidos, "Programa do Porchat" se mostra melhor que "Adnight"

Após o fim das Olimpíadas, várias estreias foram ao ar na semana passada. A principal foi a primorosa minissérie "Justiça", na Globo. Entretanto, deixando o ramo da teledramaturgia de lado, os canais apostaram no conhecido 'late-night talk show', gênero amplamente conhecido e que faz sucesso em vários países, incluindo o Brasil. A líder apresentou ao público o "Adnight", formato comandado por Marcelo Adnet, exibido na quinta-feira (25/08). Já a Record estreou o "Programa do Porchat" um dia antes, na quarta-feira (24/08), depois de uma extensa divulgação ao longo da programação da emissora. Como as estreias foram na mesma semana, e os formatos são parecidíssimos, foi impossível não comparar.


O pioneiro em comandar uma atração do tipo foi Jô Soares, que está em sua última temporada com o "Programa do Jô" na Globo, lamentavelmente. A produção é importada da televisão americana, que já apresentou várias 'versões', entre elas a apresentada pela ótima Oprah Winfrey. Danilo Gentili foi o primeiro humorista a se lançar no gênero depois do icônico Jô, conseguindo uma boa repercussão com o "Agora É Tarde", na Band, entre 2011 e 2013. E a prova de que o êxito do produto era justamente o conjunto de acertos composto pelo apresentador foi o aumento da audiência assim que ele e sua trupe se 'mudaram' para o SBT, alterando o nome para "The Noite", em 2014. Desde então, é um dos maiores sucessos das madrugadas do canal de Silvio Santos.

Porchat e Adnet quiseram dividir o bolo, não se importando com o possível excesso de produtos semelhantes. Até porque além dos citados, existem outros, como o "Luciana By Night", na Rede TV!, por exemplo. Essa situação, inclusive, lembra o que ocorreu depois do imenso sucesso do "MasterChef" na Band: houve uma verdadeira proliferação de realities culinários em todas as emissoras e nenhum conseguiu chegar perto do êxito da atração liderada por Paola Carosella, Erick Jacquin e Henrique Fogaça.
Mas, apesar disso, são opções para o telespectador, ainda que bastante parecidas. É exatamente o caso atual com os talk shows.

O "Programa do Porchat" fez uma boa estreia, tendo a conhecida irreverência do Fábio como ponto alto. Sempre muito expansivo, o humorista dominou bem o palco e abusou das tiradas rápidas para fluir melhor o programa, disfarçando o seu natural nervosismo. Seu maior defeito é a estridência, pois muitas vezes ele grita demais, incomodando quem assiste. Quem acompanha o "Tudo Pela Audiência", no Multishow ---- onde faz uma dupla perfeita com Tatá Werneck ----, já está 'acostumado' a esses excessos do apresentador (que deveriam ser corrigidos). E claro que a sua experiência no canal a cabo contribuiu para uma melhor desenvoltura nesse formato onde a estrela é ele.

Assim como o "Programa do Jô" e o "The Noite", há uma banda no palco e no caso é a Pedra Letícia, conhecida como uma das revelações do quadro "Garagem do Faustão", na Globo. O primeiro programa contou com Sasha e Wesley Safadão como entrevistados. A primeira foi uma grata surpresa, pois nunca deu entrevistas para ninguém, mas o segundo pouco contribuiu para a estreia, que pecou nos excessos de clipes 'cômicos' com presenças de Roberto Justus, Rodrigo Faro, entre outras figuras da Record. O saldo geral desse início é positivo, sendo necessário mencionar a boa entrevista feita por Porchat com Tiririca, Anita e a dupla Zezé Di Camargo e Luciano em outros programas ---- apesar de ter estreado em uma quarta, o formato é exibido de segunda a quinta.

Já a estreia do Adnet não foi tão boa assim. Após uma expectativa considerável gerada através de boas chamadas e até um boato de que substituiria o Jô nas madrugadas da Globo, o programa estreou logo após mais um capítulo arrebatador de "Justiça" e teve a falta de identidade como maior problema. A própria emissora fez questão de enfatizar que a atração não era um talk show e nem um late show, enquanto o apresentador disse em entrevistas que a proposta era desconstruir o convidado positivamente, buscando uma humanização. Mas o que se viu, na verdade, foi uma tentativa de fazer graça através de roteiros ensaiados e tentativas fracassadas de 'ousar' durante uma entrevista.

O primeiro convidado foi Galvão Bueno, que tentou contribuir ao máximo para o programa, aceitando tudo o que Adnet propunha, incluindo se vestir de faraó Ramsés juntamente com o colega Arnaldo César Coelho. Porém, nada fluiu. A impressão era de que tudo estava milimetricamente roteirizado. O apresentador, que costuma se sair bem no improviso, não parecia nem um pouco à vontade e as perguntas feitas ao principal narrador da Globo foram totalmente descartáveis. O mesmo vale para as tentativas de fazer rir. Tudo soava falso. Infelizmente, a artificialidade se fez presente do início ao fim do formato, que se mostrou cansativo pouco antes de chegar à metade. Aliás, nem deu para entender a presença de Daniela Mercury, Reginaldo Leme e o já citado Arnaldo no quadro para saber quem conhecia mais Galvão ---- além de ter sido rápido, o quadro é um dos mais batidos da tevê.

Um outro erro perceptível no "Adnight" é o excesso de 'informação'. Toda hora o apresentador se levanta para fazer alguma coisa, levando o convidado junto, sendo muitas vezes situações que quebram o ritmo da conversa e em nada acrescentam ao programa, pois nem são engraçadas. A questão da graça, por sinal, é algo que prejudica os dois programas. Fábio Porchat e Marcelo Adnet se sentem obrigados a fazer alguma piada o tempo todo, o que cansa em diversos momentos. Não precisa que ambos se desesperem pelo riso. Apesar de ser um formato caracterizado por instantes cômicos, não é uma obrigação seguir isso o tempo inteiro. E no caso do programa da Record há um risco maior de desgaste, pois é quase diário e não semanal como o da Globo. Danilo Gentili, por exemplo, sabe dosar bem as entrevistas com as piadas (algumas bem grosseiras, diga-se) e não se preocupa em ser engraçado do começo ao fim. Até porque os seus colegas de palco o ajudam bastante. Porém, Adnet tem capacidade para reverter isso. O segundo episódio, por exemplo, foi bem melhor com o Cauã Reymond.

O "Programa do Porchat" e o "Adnight" terão um belo desafio pela frente. A atração da Record saiu na vantagem, pois apresentou um começo bem mais promissor do que o produto da Globo. Entretanto, os dois formatos são quase idênticos e será difícil fugir do mais do mesmo ao longo dos meses. Caberá aos novos apresentadores uma constante renovação e uma preocupação com o conteúdo exibido para o público, que costuma ser exigente nesse tipo de programa. Fábio Porchat precisará lutar muito para tirar um pouco da audiência já estabilizada do "Programa do Jô" e do "The Noite" ---- a estreia obteve ótimos índices, alcançando a liderança, mas os demais dias já tiveram uma queda brusca ----, enquanto Marcelo Adnet enfrentará a dificuldade de atrair atenção através de um formato que peca pelo excesso. A caminhada é longa e ainda dá tempo de corrigir os erros e aperfeiçoar os acertos.

20 comentários:

  1. Achei os dois uma porcaria!

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  2. Algo a comentar...

    Discordo dessa crítica quase que totalmente Sérgio.

    Um dos grandes objetivos da televisão, além de educar e informar é entreter, distrair, nos fazer sorrir. E os dois programas cumprem bem essa missão.

    Trata-se de dois jovens talentos a frente de dois bons e divertidos programas. O cuidado com a qualidade dos programas é clarividente.

    Parabenizo a Record pela iniciativa de dar essa excelente oportunidade ao seu público que é o de ver o Porchart e investir no gênero. E a sempre competente tv Globo pela tão esperada iniciativa de investir em algo que não seja apenas "SitCom" (Comédia de Situação) que reinavam absolutas na linha de show da emissora.

    Me diverti e me distrai muito assistindo aos dois programas.

    Concordo que o Porchat terá que fazer malabarismos pra não cair no desgaste. O "Adnight" não corre esse risco, haja vista fazer parte do brilhante esquema da globo de apresentar programas por temporadas.

    Não podemos dizer se terão longa caminhada. E tomara que não! Tomara que usem da criatividade e nos tragam outros formatos em outros tipos de atração.

    Vamos acompanhar tv de forma despretensiosa e nos divertir Sérgio.

    Beijos...

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  3. Concordo, mas acho que os dois vão cansar porque já tem programa demais desse tipo. Chega.

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  4. Um programa chato e o outro um pouco menos chato. Só isso

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  5. Eu gostei mais do Adnight hoje com o Cauã, mas o Porchat fez uma ótima entrevista com a Sonia Abrão..

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  6. Esses programas só servem para alimentar o ego dos apresentadores.Não entendo como as emissoras se submeteram a isso.Já chega desse tipo de formato.Você bem colocou o excesso de programas de culinária e nenhum chegou perto do MasterChef. Nenhum chegará perto do Jô.

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  7. Não gostei de nenhum dos dois. Acho que a Globo comprou aquele Adnet descolado e criativo da MTV, mas não tem dado muito certo.

    Lua do Meu Mundo da Lua
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  8. Olá querido Sérgio, boa tarde!!!

    Ontem tive a oportunidade de ver o programa do Marcelo Adnet e até que foi divertido!
    Com o Galvão, tenho certeza que deve ter sido um pouco chatinho mesmo, exatamente como o convidado...hihihihihi
    O outro dO Fábio ainda não vi, mas agora fiquei curiosa para acompanhar!
    Muito boa a análise amigo, agora tenho uma noção destes tipos de programa cuja fórmula já está a ponto de ficar saturada. Vamos ver no que vai dar né?

    Lindo final de semana!!
    Beijos!!! :)))))

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  9. Adorei e concordo com tudo o que você disse. Desejo sorte aos dois apesar de achar que o Fábio tem mais jeito de comandar um programa desse tipo. Por falar nisso, cadê aquele povo que diz que você só fala bem da globo? HAHAHAHAHA, deviam ler esse texto.

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  10. No geral eu gosto bastante dos dois humoristas, adoro o porta dos fundos e o ta no ar. E mesmo estreando os programas tão próximo um do outro, é legal ter a outras opções de talk-shows com humoristas da nova geração q não são babacas.

    Achei o Programa do Porchat(Record e sua criatividade para dar nome de aos programas)o melhor. Gostei q de cara ele ja brincou com as principais preocupações de um programa dele na Record “sem a Globo você não vai ter convidado “, “vai ter q fazer merchãs”, “não vai poder zoar religião”.
    Acho ele ótimo, carismático e o próprio jeito dele exagerado,ligado nos 220 meio q faz parte da graça. Apesar da entrevista dele com a Shasha não ter sido a coisa mais interessante em termos de conteúdo as brincadeiras funcionaram.
    Achei o cenário dele meio pobrezinho(ainda mais comparando com o do Adnet), e não entendo pq 2 convidados por dia, acho q acaba queimando ainda mais a ficha de convidados, e essas entrevistas com cantores tem sido a parte chata do programa,pode colocar talvez anônimos,q ele mesmo ja disse ter intenção de entrevistar,o q não falta é gente com história para contar sem ser necessariamente do meio artístico e tão conhecido.
    Não consigo acompanhar todas as edições(de seg a qui é inviável,pelo menos para mim) mas pelo q eu tenho visto ele ta melhorando nas entrevistas e as brincadeiras tão cada vez mais afiadas. O último programa q eu vi dele com a Sônia Abrão, foi demais,gostei da entrevista, td funcionou mt bem, ri bastante,para mim o melhor programa dele ate agora.

    Já o Adnet, q tem a sua disponibilidade diversos artistas, um cenário lindo... simplesmente não funcionou, concordo com td o q vc falou em relação ao programa dele, acho q a estreia ser com o Galvão não ajudou mt. Tanto q o segundo programa com o Cauã ja foi bem melhor, mas ainda falta.


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  11. Sem problemas, F Silva. O Porchat tem um desafio mt maior pq arrumar bons convidados quatro dias po semana será complicado. E a chance de cansar é grande. Mas achei esse início dele melhor que o do Adnet. No Adnght vi mt luxo, mas pouca descontração. Achei td ensaiado demais e sem graça. No segundo dia, com o Cauã, como disse no texto, houve uma melhora. Mas resta saber se foi só por causa do convidado. Aguardemos. bjs

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  12. Tb gostei mais do Adnight com Cauã, Maíra, e adorei a entrevista com a Sonia no Porchat.

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  13. Tb acho que o Jô é incomparável, Olimpia.

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  14. Ele no Tá no Ar é sensacional, Lua. bjsss

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  15. Oi Adriana! Obrigado pelo carinho de sempre. =) Beijão!

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  16. Eles somem nessas horas, Pâmela. De fininho... hahahaha bjs

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  17. Excelente comentário, Gabriel. Endosso absolutamente tudo o que vc falou. abçs

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