"Babilônia" está chegando ao fim e não foram poucos os problemas da novela de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga. Mas, sem dúvida, a maior decepção deste folhetim foi a rivalidade entre Inês (Adriana Esteves) e Beatriz (Glória Pires). Inicialmente, esta trama parecia ser o grande trunfo da história, repleta de núcleos paralelos fracos. Só que, infelizmente, a elaboração deste enredo (assim como todos os outros que compuseram a obra) se mostrou frágil e desinteressante. Porém, apesar disso, as atrizes mais uma vez mostraram talento e fizeram o melhor que puderam para salvar a trama que envolvia suas personagens.
As primeiras chamadas de "Babilônia" despertaram atenção justamente por causa da questão envolvendo o ódio entre duas ex-amigas. Beatriz e Inês pareciam vilãs promissoras, daquelas que entram para a história da teledramaturgia. E o fato de serem interpretadas por Adriana e Glória, duas grandes profissionais, era uma espécie de 'bônus'. Afinal, uma viveu a icônica Maria de Fátima, em "Vale Tudo", uma das canalhas mais lembradas da ficção, e a outra interpretou Carminha, a víbora de "Avenida Brasil", que entrou para a história.
Mas, infelizmente, a trama não correspondeu às expectativas geradas, assim como as vilãs. Um dos erros foi exibir o encontro das rivais logo no primeiro capítulo. A estreia do folhetim foi ótima, com um capítulo movimentado, cujo ponto alto foi o primeiro embate das inimigas, que rendeu até o bordão "Não estou disposta".
Parecia que o público seria presenteado com duelos incríveis ao longo da história. Entretanto, não demorou muito para que a fragilidade desta 'inimizade' ficasse explícita, da mesma forma que a construção equivocada das personagens.
Os autores, primeiramente, deveriam ter criado uma saga para Inês. Seria atrativo ver tudo o que a ambiciosa mulher faria até conseguir chegar até a rival. Ao colocar as duas frente a frente logo na estreia da novela, Gilberto, Ricardo e João provocaram um verdadeiro anti-clímax. Afinal, uma situação que poderia render uma boa virada foi exposta no primeiro capítulo. E, para piorar, à medida que os meses se passavam, ficava claro que o enredo em torno das inimigas era incapaz de se sustentar por mais de um mês. Tanto que o jogo de gato e rato cansou rapidamente. Uma hora a Beatriz estava por cima e depois era a vez da Inês, em uma situação que andava em círculos.
Além destas circunstâncias terem deixado a trama repetitiva, era praticamente impossível comprar a história apresentada. Inventaram uma vingança que não convenceu, uma vez que não tinha cabimento Inês querer vingar a morte do pai na cadeia ---- ele foi preso por abuso, após se envolver com Beatriz, que na época era menor de idade ---- depois de ter passado dez anos em Dubai com a filha Alice (Sophie Charlotte), graças a uma chantagem feita com a inimiga. Resolver fazer justiça depois de um bom tempo vivendo no luxo expôs a 'improvisação' dos autores, que pareceram criar esta trama para ajudar a levantar a audiência. E o amor incondicional que Beatriz passou a sentir por Diogo (Thiago Martins) apenas deixou a vilã cansativa, ao invés de 'humanizá-la'.
Já a sequência em que Inês levou um tiro da rival provocou uma boa virada no enredo. Aliás, esta situação foi adiantada para melhorar a aceitação da novela. Silvio de Abreu foi chamado para 'socorrer' os autores, compactou capítulos, cortou cenas e antecipou um crime que estava previsto para ocorrer depois da metade da história. Mas, apesar deste bom momento, tudo voltou a ser o que era poucos dias depois, expondo novamente a limitação daquela trama. O assunto em torno da morte de Cristóvão (Val Perré) seguiu exaustivamente sendo abordado, além da disputa pelo controle da empresa de Evandro (Cássio Gabus Mendes). Houve até a entrada de Herson Capri na pele de Otávio, canalha que fingiu ser aliado de uma, quando na verdade apoiava a outra. Mais uma alteração na obra que não surtiu efeito. E assim o enredo chegou até esta reta final, que agora conta com o tradicional "Quem matou?" --- Murilo (Bruno Gagliasso) foi morto e as duas estão entre as suspeitas.
Na última semana de novela, inclusive, os autores ainda resolveram repetir a sequência de uma atirando na outra, só que desta vez com Inês baleando a rival. Mantendo o jogo de gato e rato, a mãe de Alice foi até o apartamento de Beatriz e deu um tiro na inimiga, depois que descobriu que a filha de Estela (Nathalia Timberg) conseguiu colocá-la como principal suspeita do assassinato do cafetão. Poderia ser um momento de grande tensão, porém, em virtude das repetições e do esgotamento do enredo, não causou impacto.
Mas, apesar da imensa decepção desta rivalidade, que prometia grandes embates, é preciso exaltar o talento de Glória Pires e Adriana Esteves. As atrizes em nenhum momento se deixaram abater e defenderam os papéis com extrema competência. Mostraram, em todas as oportunidades que tiveram, o porquê de serem tão respeitadas e brilharam em cena. O entrosamento cênico pôde ser visto em todas as cenas e elas merecem inúmeros elogios pelo trabalho apresentado. As vilãs foram promessas não cumpridas, mas as intérpretes honraram a profissão e novamente se destacaram, ainda que as personagens não tenham sido bem construídas e nem a trama bem desenvolvida. Vale lembrar também que Adriana brilhou no início do ano na minissérie "Felizes para sempre?", na pele da fria cirurgiã Tânia, e Glória vinha de uma singela participação no último episódio de "A Grande Família" ---- sua última novela até então havia sido o remake de "Guerra dos Sexos", onde se destacou vivendo Roberta Leone.
Entre todos os equívocos vistos em "Babilônia", é fato que o duelo protagonizado por Inês e Beatriz foi o maior deles. Justamente porque foi o que mais despertou atenção nas chamadas iniciais e no primeiro capítulo. Tinha tudo para ser a salvação da novela, em meio a tantos problemas. Só que infelizmente não foi, e, curiosamente, a trama responsável pelo, talvez, único elogio feito em relação ao enredo do folhetim foi a do prefeito Aderbal (Marcos Palmeira) ---- que destacou Arlete Salles vivendo a preconceituosa Consuelo, além de Chay Suede e Luisa Arraes (Rafael e Laís). Adriana Esteves e Glória Pires mostraram talento em mais um trabalho ---- o que não chega a ser surpresa ----; ainda assim, a rivalidade entre Inês e Beatriz foi a grande decepção da novela das nove. Uma guerra folhetinesca promissora que naufragou antes mesmo da história chegar na metade. Pena.
A novela toda foi uma decepção, mas a maior delas foi essa mesmo porque são duas atrizes grandiosas e não mereciam isso.Mas outra grande decepção foi o que fizeram com Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, duas atrizes extraordinárias. Já vai tarde essa novela!
ResponderExcluirEssa novela teve um elenco tão bom e uma trama tão ruim que é uma tristeza ver o que os atores precisaram enfrentar. Assino embaixo desse seu texto e as duas não conseguiram fazer milagres. Rivalidade sem graça, vilãs rasas e trama que enfraqueceu em menos de um mês.
ResponderExcluirEssa novela mereceu o título de maior fracasso da história da Rede Globo.
ResponderExcluirAdriana e Glória não mereciam isso. E era a única coisa que tinha despertado atenção nas chamadas mesmo. E depois vimos duas mulheres brigando por causa de um assassinato que foi falado a novela inteira.
ResponderExcluirAs duas são ótimas mas não podem salvar algo que já nasceu ruim. Os autores criaram uma trama pobre e sem fôlego para tantos meses. Parece que fizeram tudo nas coxas. Concordo integralmente com o texto.
ResponderExcluirEu não assisto, mas precisamos admitir que o elenco é ótimo.
ResponderExcluirbjokas =)
E pensar que o Walcyr pensou na Adriana pra fazer a Carolina antes da Debora Secco. Mas esses aí já tinham reservado ela e a coitada se danou.Ainda bem que a Debora saiu e entrou a Drica Moraes. Bjkkk
ResponderExcluirExatamente, Sérgio.Em muitos momentos, essa rivalidade lembrou a de Flora e Donatella, de A Favorita, mas, na novela de João Emanuel Carneiro, o assunto foi mais bem explorado. Quanto aos desempenhos, nada tenho a reclamar de Glória Pires e Adriana Esteves. Elas deram o máximo de si.
ResponderExcluirGraças a Deus acaba essa semana!
ResponderExcluirSou do tempo em que acabava uma novela ótima na Globo e começava outra ainda melhor, anos 80 baby! Fiquem ai com essas podridões de agora que chamam de novela, kkk.
ResponderExcluirOi Sérgio,
ResponderExcluirInfelizmente as duas não comportam a mesma novela. São duas atrizes versáteis, que conseguem ser tão boas como vilãs e mocinhas. A impressão que eu tive foi que uma queria aparecer mais do que a outra.
Boa noite pra vc.
Big Beijos
Lulu on the Sky
Duas grandes atrizes que tiveram a carreira ruída com uma grande mancha que é essa Babilônia, mas logo, elas irão fazer novos trabalhos e esquecer essas porcarias de papeis nessa desgraça de novela.
ResponderExcluirAdriana e Glória foram profissionais ao manter o nível de interpretação das personagens sem ficar se queixando portais a fora do insucesso da trama. Ainda bem que está acabando. Inês deve ser presa pela morte do Murilo, Beatriz pelos seus crimes, as duas na cadeia ou se matam, ou fazem as pazes (ou formam duas facções criminosas na prisão).
ResponderExcluirQue venha a Regra do Jogo e sua responsabilidade em dobro
Já foi tarde, Marília.
ResponderExcluirTristeza msm, Fernanda. De pleno acordo.
ResponderExcluirTb acho, anonimo.
ResponderExcluirPois é, Ulisses.
ResponderExcluirMt obrigado, Patrícia.
ResponderExcluirO elenco foi, Bell, mas o resto...
ResponderExcluirPobre Adriana, Flávia... bjs
ResponderExcluirEu nem acho que teve a ver, Elvira, pq a de Flora e Donatella foi sensacional e essa um horror. bjs
ResponderExcluirVdd, anonimo.
ResponderExcluirEssa foi péssima, mineiro, mas classificar todas assim não tem nd a ver.
ResponderExcluirEu não vi isso, Lulu. Vi uma trama ruim desperdiçando duas atrizes ótimas.
ResponderExcluirVerdade, Maria Lucia, mas tomara que venha algo bom pra elas agora.
ResponderExcluirForam mesmo, Iara. E o final delas foi mt ridículo, assim como a novela toda. bjs
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