segunda-feira, 7 de abril de 2014

Morte de José Wilker choca e deixa o mundo das artes dramáticas mais pobre

Na madrugada do último sábado (05/04), José Wilker sofreu um infarto fulminante e faleceu enquanto dormia no apartamento da namorada. A morte do ator, que tinha 66 anos e faria 67 em agosto, chocou o país e entristeceu a todos. Após a morte do grande Paulo Goulart, o mundo das artes dramáticas ficou ainda mais pobre com mais essa perda. E uma perda muito precoce.


José Wilker de Almeida nasceu em Juazeiro do Norte e virou um dos mais respeitados atores do país. Com mais de 40 produções televisivas (novelas, minisséries e séries) no currículo, várias peças teatrais e mais de 60 filmes, o ator ficou marcado por vários personagens emblemáticos e sua presença engrandecia qualquer obra. Após ganhar o prêmio Molière de Melhor Ator pela peça 'O Arquiteto e o Imperador da Assíria', Zé foi convidado por Dias Gomes para participar de "Bandeira 2", sua primeira novela. A partir de então, não parou mais. Marcou presença em "O Bofe" (1972), "Cavalo de Aço" (1973), "Os Ossos do Barão" (1973), "Corrida do Ouro" (1974) e "A Cartomante" (1974), até ganhar um grande papel em "Gabriela" (1975), quando interpretou o Mundinho Falcão, um dos grandes personagens da trama de Jorge Amado.

Em 1976, brilhou na novela "Anjo Mau" vivendo o mocinho Rodrigo ---- iniciando uma longeva parceria com Susana Vieira, que interpretou a babá Nice, seu par romântico (que se repetiria em outras produções, como "A Próxima Vítima" e "Senhora do Destino") ---- e fez um estrondoso sucesso no cinema quando deu vida ao Vadinho, de "Dona Flor e seus dois maridos", uma das maiores bilheterias do cinema nacional.
Em 1979, brilhou em "Bye Bye Brasil", outro longa que virou um clássico. E foi em 1985 que Zé ganhou mais um grande papel na televisão: o enigmático Roque, do fenômeno "Roque Santeiro". Ele, Regina Duarte e Lima Duarte foram os grandes nomes da trama escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva.

"O Salvador da Pátria" (1989), "Mico Preto" (1990), "Anos Rebeldes" (1992), "Agosto" (1993), "Fera Ferida" (1993) e "Renascer" (1993) foram outras produções que contaram com o talento de Wilker. Já em 1995, o ator se destacou interpretando o controverso Marcelo, de "A Próxima Vítima". Ele fez excelentes cenas com Susana Vieira, Aracy Balabanian, Tereza Raquel, Gianfrancesco Guarnieri e grande elenco.

De 1997 a 2002 trabalhou como diretor no humorístico "Sai de Baixo", comprovando sua versatilidade ---- já mostrada em "Louco Amor" (1983) e "Transas e Caretas" (1984), novelas dirigidas por ele. Em 1999 voltou às novelas em "Suave Veneno e depois participou de "A Muralha" (2000), "Um Anjo Caiu do Céu" (2001), "Desejos de Mulher" (2002) ----- onde interpretou um divertido homossexual e fez uma hilária parceria com Otávio Muller ----- e "O Quinto dos Infernos" (2002). Mas em 2004, José Wilker viveu um de seus maiores sucessos em "Senhora do Destino". Na pele do bicheiro Giovanni Improtta, o ator conquistou e divertiu o público com as pérolas que o ambíguo personagem soltava em todos os capítulos. O bordão 'felomenal' pegou e virou a principal marca do tipo escrito por Aguinaldo Silva. E o papel deu tão certo que acabou virando filme, exibido em 2013 nos cinemas.

Na minissérie "JK" (2006), o ator impressionou ao interpretar Juscelino Kubitschek. Também fez bonito em "Amazônia, de Galvez a Chico Mendes" (2007), mas acabou ganhando insignificantes personagens nos anos seguintes. Em "Duas Caras" (2007), "Três Irmãs" (2008) e "Cinquentinha" (2009), o ator teve seu talento desperdiçado. Mas em 2011 voltou a se destacar nos cinemas interpretando Zeca Diabo na adaptação de "O Bem Amado", que depois foi exibido em formato de série na Globo.

Na bem produzida microssérie "O Brado Retumbante" (2012), José voltou a receber o merecido valor ao ganhar o corrupto Floriano Pedreira, rival do protagonista vivido por Domingos Montagner. Os embates entre eles eram maravilhosos. E foi no remake de "Gabriela" o último grande papel dele na televisão. Na pele do perigoso Coronel Jesuíno, José Wilker roubou a cena e foi um dos grandes trunfos da adaptação escrita por Walcyr Carrasco. A frase "Deite que eu vou lhe usar!" caiu na boca do povo e o personagem virou um sucesso.

Coincidentemente, assim como aconteceu com Paulo Goulart (cuja última novela foi "Morde & Assopra"), o último trabalho de José Wilker na televisão foi em uma obra de Walcyr Carrasco. O ator interpretou o Dr. Herbert, em "Amor à Vida". Mas lamentavelmente o papel não fez jus ao seu talento e teve pouca importância na história.

Um ótimo dublador, um competente narrador, um reconhecido locutor, um apaixonado por filmes, um respeitado crítico de cinema, um intelectual, um versátil profissional, um ser sarcástico, um poço de inteligência, um diretor dedicado e um grande ator. Esse era José Wilker, que partiu cedo demais e deixou o mundo das artes mais pobre, seus colegas tristes e o público sem conseguir digerir essa repentina perda. O Brasil ficou sem uma pessoa 'felomenal'! Siga em paz, Wilker!

44 comentários:

  1. A morte dele realmente chocou. Foi muito cedo, Nem podemos dizer que ele descansa, pois ele ,tenho certeza, não estava cm vontade de descansar ainda! Uma pena! Mas...

    abração, linda semana,chica

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  2. É uma pena mesmo. Gostava muito do trabalho do Zé. No remake de Gabriela os coadjuvantes ofuscaram o núcleo principal. E eu adorei o Giovanni também.

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  3. Bom dia Sérgio!
    Ficou lindo seu post em homenagem a José Wilker.
    Vc o descreveu de uma maneira brilhante, afinal ele além de ser um profissional capacitado, era também muito culto e elegante.
    Perdemos um talento sem igual...
    Boa semana, bjs :)

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  4. Li que o Felipe Camargo disse sobre ele: "O Zé era o nosso Jack Nicholson"... Eu também acho isso, ambos com um olhar sedutor e irônico, esbanjando carisma e talento.
    Que pena!

    Beijo, Sergio.

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  5. Sérgio, ainda não acredito nisso, juro! Morreu muito jovem e de forma abrupta. Muito triste com isso. Seu texto em homenagem a ele ficou lindo e nem poderia ser diferente. Você soube da grosseria do José de Abreu que falou do Walcyr? Ele só esqueceu que o mesmo autor deu a ele o Coronel Jesuíno que foi emblemático. O próprio Aguinaldo Silva deu a ele o Giovani Improta mas depois deu um personagem sem importância naquela Duas Caras.

    Wilker foi felomenal! Fará muita falta! Um beijo!

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  6. Grande ator, fará falta!

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  7. Temos muita sorte... ele deixou um acervo imenso de boas obras e bons projetos. E pela fala dos colegas, ele era mesmo um ser humano incrível, além de talentoso. Beijo!

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  8. José Wilker é um ótimo ator e vai fazer uma enorme falta na televisão.Pena que o seu último papel na televisão foi como um coadjuvante em Amor à Vida, mas em compensação o Walcyr lhe deu um personagem que fez um enorme sucesso na ótima Gabriela.

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  9. Olá,Boa tarde, Sérgio
    sim, bela homenagem/análise à mais um grande talento que "se foi". Realmente,chocou à todos e até me assustei coma notícia.Nos mostra a linha efêmera da vida/morte...
    Meus sentimentos à todas da família e aos fãs, me incluo nessa, que estão muito tristes e consternados.
    Obrigado pelas palavras carinhosas em meu blog, bela semana, abraços!

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  10. Sérgio, realmente foi um grande choque saber da morte do José Wilker. Foi uma grande perda para a nossa dramaturgia, que como você disse, ficou mais pobre com essas duas mortes recentes: a dele e a do Paulo Goulart. Wilker era um gênio, que fez personagens inesquecíveis como Roque Santeiro e Giovanni Improtta, que ficarão eternos na nossa memória. Realmente, partiu cedo demais. Por isso, "é justo, é muito justo, é justíssimo" que o mesmo seja homenageado. Resta-nos apenas a saudade e a dor por termos perdido mais um ator "felomenal". Abraços.

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  11. Ainda bem que tenho idade pra ter assistido o auge da nossa teledramaturgia, porque os melhores estão indo. Vi sobrar o que? Caio Castro, Cauã Reimond, Isis Valverde, Bruna Marquezine, etc.

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  12. Sergio, ainda estou naquela de não crer. Senti demais a morte dele. Um ator brilhante e um homem de grande inteligência e conhecimentos. Foi um choque e uma grande perda. Bjs.

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  13. Thallys Bruno Almeida7 de abril de 2014 às 20:49

    A morte do José Wilker é daquelas que a ficha demora a cair. Mesmo Ancelmo Gois sendo um colunista sério, me refutava a acreditar. Só quando vi a confirmação da Globo News foi que a ficha começou a cair. Ainda mais que ele aparentava estar com boa energia, como em recentes participações no Video Show e na festa do Vem Aí.

    Um ator cirúrgico, preciso, de uma elegância sem precedentes, uma voz marcante - desejada inclusive pelo mercado publicitário, e uma pessoa admirável, tão querida pelos amigos.

    De seus personagens, recordo-me de Roque Santeiro (por ter visto a reprise do VAPVDN em 2000), Fábio de Anos Rebeldes, o impagável Giovanni Improtta de SdD, a fase madura de JK (tenho um carinho mto especial por essa série) e, recentemente, o coronel Jesuíno de Gabriela, que popularizou como bordões o "deite que vou lhe usar" e o "se me dá licença, vou *****". Lembro de um duelo impagável dele com Dona Doroteia (a mestra Laura Cardoso). Pena que seu personagem em AAV não teve o destaque merecido, mas se englobarmos todos os trabalhos artísticos dele, pode-se dizer que seu último trabalho foi a locução da série em homenagem a Ayrton Senna, que estreou ontem no Esporte Espetacular (assim como no caso do Paulo Goulart que a última novela dele foi M&A mas o último trabalho artístico foi O Tempo e o Vento).

    Sua atitude recente de doar seu acervo de filmes para a Globo foi admirável, embora eu tema por parte deles (se não ficar no arquivo, no máximo vai pra uma Sessão de Gala ou Supercine).

    Primeiro, Goulart se vai. Agora, Wilker. O Brasil fica mais pobre artisticamente. Sua ironia fina e sua elegância farão falta.

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  14. E o Brasil perde mais um grande talento!!! José Wilker era genial.Um ator maravilhoso,um artista completo!!! Vai fazer muita falta!!
    Abraços Sérgio!!!

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  15. Ainda não consigo crer, Sérgio! E seu texto ficou lindo! Que bela homenagem!

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  16. Olá Sérgio,

    Linda e merecida homenagem. Fiquei mesmo chocada ao ver a notícia. O mundo artístico ficou mais empobrecido com essa grande perda. Admirava muitíssimo o trabalho de José Wilker e fiquei por demais pesarosa com sua partida precoce.

    Que ele esteja em paz!

    Beijo.

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  17. Parabéns pelo texto Sérgio. Tb admirava o trabalho do Zé Wilker.
    Ótimo dia pra vc.
    Big Beijos

    http://luluonthesky.blogspot.com.br/

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  18. Belo texto, Sérgio. Fiquei chocada com a morte do José Wilker, um dos maiores atores brasileiros, além de diretor, narrador, apresentador e crítico de cinema. Acompanhei sua carreira desde a estreia em Bandeira 2, no papel de Zelito, ao lado de Marília Pêra. Seguiram-se os sucessos em O Bofe, Cavalo de Aço, Os Ossos do Barão, Gabriela (como o inesquecível Mundinho Falcão), Anjo Mau, Final Feliz, Roque Santeiro, Carmen, Fera Ferida, A Próxima Vítima, Renascer, Senhora do Destino (como o impagável Giovanni Improtta), Duas Caras, J.K.,O Bem Amado (como o Zeca Diabo), O Brado Retumbante, Gabriela (o marcante coronel Jesuino). Seu último papel foi em Amor à Vida.
    Brilhou também no cinema, nos filmes Os Inconfidentes, Dona Flor e seus Dois Maridos, Bye Bye Brasil, O Homem da Capa Preta, O Bom Burguês. Destacou-se também no teatro.
    Culto, profundo conhecedor de cinema, dono de uma voz e um porte elegantes e inconfundíveis, Wilker deixa muitas saudades. Que sua alma descanse em paz.
    Na minha família, ele era uma unanimidade: todos o admiravam.

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  19. Gostava muitooooo dele, ele era de uma ironia naturalmente engraçada que não incomodava, adorava mesmo, uma pena!!! Abraçosss

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  20. Vai demorar ainda pra aceitar, Chica. bj

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  21. Mt obrigado, Clau. Tentei prestar essa última homenagem a ele. Já está fazendo falta. Bjs

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  22. Eu concordo, Milene. Ele era fantástico e a morte dele deixou todo mundo atônito. bjs

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  23. Tb não, Melina. Isso foi mt triste. E sobre o José de Abreu, eu não li, mas eu soube. Achei lamentável e talvez seja por isso que eu goste tanto do Walcyr. Odeio injustiça e odeio ver gente tratando ele como se fosse a pior pessoa do mundo e os outros uns perfeitos. Herbert foi um papel fraco mesmo, mas ele tem culpa de ter sido o último? E vc fez uma boa comparação que eu ainda nem tinha me dado conta. Aguinaldo deu a ele o grande Giovanni Improtta, mas deu tb um papel ridículo em Duas Caras. Nem lembro o nome.

    Mas o Coronel Jesuíno entrou pra história e engrandeceu o Wilker e isso o Walcyr fez por ele. Ponto.

    E o ator já está fazendo falta. bjssss

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  24. Exato, Gustavo. Em AAV ele não teve seu talento valorizado, mas em Gabriela ele foi felomenal! abçs

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  25. Foi mt chocante, Felis. Triste e chocante. Eu que agradeço. abç

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  26. Kaká, o ano de 2014 está sendo mt cruel com as artes dramáticas. Paulo e José eram grande atores e eles foram tirados de nós quase ao mesmo tempo. Mt triste.

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  27. Marilene, acho que ainda vai demorar até cair a ficha. bjsssss

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  28. José Wilker deixou um legado artístico imenso, Thallys, mas a morte dele não será digerida com facilidade. Demorará mt ainda. Melhor os arquivos na Globo do que na casa dele sem serventia. Tomara que a emissora faça bom uso, ainda que seja pra exibir em Sessões menos vistas. Ele e Paulo farão falta.

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  29. O Brasil perde mt, Bruno. Mt mesmo. abçs

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  30. Obrigado, Flávia. Difícil de crer mesmo. bj

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  31. Acho que todos ficaram, Vera. Foi perturbador. E eu já vivi isso de perto e sei como é. Pesado. Que ele fique bem onde estiver. bjs

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  32. Elvira, ótimo o seu comentário. Foi uma bela homenagem sua tb. Acho que o choque não vai passar tão cedo. Morrer assim sempre impacta. Ele fará mta falta e foi um de nossos maiores atores. E múltiplo. bjssss

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  33. Ele tinha uma ironia fina, Kellen. Era ótimo. bjs

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  34. Foi lastimável, pois o Brasil perdeu um ator felomenal. Ele vai fazer falta. :'(

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  35. Vai mesmo, Barbie. Foi inacreditável. bj

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  36. PERDEMOS UM DE NOSSOS MELHORES ATORES!

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