Na pele do perverso LC, Antônio Calloni se destaca em "Além do Horizonte"

O melhor personagem de "Além do Horizonte" atende pelo nome de LC. O grande idealizador da Comunidade, que aparentemente tem como objetivo 'buscar a felicidade', é um vilão muito bem construído pelos autores Carlos Gregório e Marcos Bernstein e está sendo brilhantemente interpretado por Antônio Calloni.

Inicialmente, LC parecia uma boa pessoa e o telespectador foi induzido a achar que ele na verdade estava sendo enganado por Hermes e Tereza (Alexandre Nero e Carolina Ferraz ótimos), dois vilões clássicos que só pensam em dinheiro. Mas ao longo dos capítulos, foi sendo mostrado que Luis Carlos Barcelos era um sujeito ambicioso, frio e extremamente calculista.

A tal máquina da felicidade é na verdade um aparelho que provoca uma lavagem cerebral nas pessoas, que são transformadas em bobas e ficam sem personalidade. LC usa quase todos que ficam presos na Comunidade
como cobaias, principalmente aqueles que querem ir embora. O que de início era uma questão ideológica, virou uma arma para manter inocentes presos e gerar lucros exorbitantes.

O personagem abusa da dissimulação e da ironia, proporcionando para Antônio Calloni grandes cenas. O ator está a cada dia melhor e tem aproveitado todas as nuances do papel para se destacar. As sequências onde ele contracena com Alexandre Nero, Carolina Ferraz, Marcelo Novaes, Cássio Gabus Mendes, Juliana Paiva e Rodrigo Simas são sempre boas e fica perceptível como LC é mais esperto do que todos os demais juntos.

O vilão cresceu bastante na novela e suas articulações são as responsáveis por toda a movimentação da história. E esse crescimento foi benéfico para o ator, que está visivelmente entregue. Antônio Calloni estava merecendo um papel que fizesse jus ao seu talento, após ser desvalorizado em "Salve Jorge" (2012).

O ator tem uma carreira de sucesso e já brilhou na pele de vários tipos marcantes. Estreou na Globo em "Anos Dourados" (1986) e depois emendou várias novelas na emissora, entre elas "Hipertensão", "Salvador da Pátria", "O Dono do Mundo", "Zazá", "Era uma vez" e "Suave Veneno". Mas foi em 1999 que Calloni viveu seu auge, interpretando o italiano Bartolo em "Terra Nostra". Suas cenas eram emocionantes e ele fez uma linda parceria com Lu Grimaldi ---- difícil esquecer os pais chorando a perda do filho, morto pela peste. Já em 2001, se destacou novamente, mas dessa vez vivendo um muçulmano, o Mouhamed de "O Clone." Em 2004 e em 2006, foi desperdiçado na fracas "Começar de novo" e "Páginas da Vida", respectivamente. Após ter participado de "Beleza Pura" e "Caminho das Índias", emocionou com o Vicente de "Escrito nas Estrelas" (2010). E ainda fez bonito interpretando o controverso Natal, no remake de "O Astro" (2011).

Agora, ele tem se destacado na novela das sete, horando a confiança dos autores. Embora ainda tenha várias falhas, "Além do Horizonte" apresentou melhoras significativas e uma delas é o crescimento da importância de LC, que é o personagem mais rico da trama. Mas de nada adiantaria esse destaque se o ator escalado fosse fraco. Ter um experiente profissional para interpretá-lo era obrigatório. Mas basta assistir ao desempenho de Antônio Calloni para constatar que o objetivo foi plenamente alcançado.