Walcyr Carrasco é um autor que tem uma legião de sucessos em suas costas. Para exemplificar isso temos "Xica da Silva", "O Cravo e a Rosa", "Chocolate com Pimenta", "Caras & Bocas", além, claro, do fenômeno "Alma Gêmea". "A Padroeira" e "Sete Pecados" não foram novelas de grande repercussão, mas não chegaram a ser um fiasco de audiência.
Desde que "Morde & Assopra" se iniciou percebemos que o autor optou em repetir alguns de seus personagens anteriores ao mesmo tempo que criou duas situações inovadoras. Ainda não tínhamos visto uma novela com temática envolvendo a paleontologia. É interessante vermos como um paleontólogo luta para ter credibilidade e conseguir atingir seus objetivos. Mesmo que seja num tom de comédia.A outra medida ousada -e não inovadora, já que outras tramas já tentaram esse tema,sem sucesso- é o núcleo envolvendo os andróides. Este último é o único entrave da novela até então.
A história envolvendo Naomi (Flávia Alessandra, que está sabendo dosar bem um personagem tão limitado) e Ícaro (Mateus Solano exagerado e parecendo um boboca) não empolga. Muitos acham que o problema está nos robôs. Discordo. O erro é a monotonia e a limitação desse núcleo. Os personagens não interagem com os demais e ficam muito presos a um mesmo ambiente e a própria história deles andam em círculos. A entrada de Caio Blat pouco ajudou. E é uma pena vermos a talentosa Neuza Maria Faro desperdiçada como a empregada Palmira. Não posso deixar de falar do ator Chao Chen que tem uma atuação constrangedora como o amigo leal Akira. O robozinho Zariguim é interessante, mas seria melhor se tivesse poucas falas, caso contrário faz parecer que estamos vendo algum seriado infantil bobo. Porém,é muito provável que o surgimento da verdadeira Naomi faça essa situação toda deslanchar. Isso irá implicar numa nova gama de conflitos e automaticamente no desenvolvimento da história. Ou seja, as máquinas nada tem a ver com a "rejeição", me arrisco a dizer.
Nos demais núcleos, temos todos os ingredientes amplamente abordados por Walcyr e que sempre costumam dar certo. Jandira Martini está esplêndida como uma sogra má e sovina.Sua personagem lembra muito o banqueiro interpretado pelo saudoso Cláudio Correa e Castro em "Chocolate com Pimenta". Os conflitos entre Abner (Marcos Pasquim) e Júlia (Adriana Esteves) também agradam, embora tenha ocorrido uma situação muito semelhante em "O Cravo e a Rosa" com as brigas entre Petruchio (Eduardo Moscovis) e Catarina interpretada pela mesma atriz. Adriana tem procurado diferenciar completamente a sua interpretação e tem conseguido com êxito esse objetivo. Elizabeth Savalla e Ary Fontoura também estão perfeitos como um casal de vilões cômicos.
O núcleo do spa é engraçadíssimo e os atores roubam a cena. Além de ser uma prazer revermos Suzy Rego; temos Cristina Mutarelli, Ary França, Cissa Guimarães, Miriam Lins e Flávia Garrafa. Todos ótimos. E o que falar da Cássia Kis Magro (que pra mim continua sendo Cássia Kiss mesmo)? Ela simplesmente está extraordinária como a sofrida Dulce que é enganada pelo filho que não vale nada (Kleber Toledo que também tem convencido). O autor ainda trouxe de volta Narjara Turetta! Pelo pouco que vimos,sua personagem deve ser a mãe verdadeira da Alice (Marina Ruy Barbosa). O que deve render boas cenas!Walderez de Barros também promete um lindo romance com Paulo José. Seus personagens e não os atores, claro. As tramas dos núcleos do Luis Mello e do Paulo Goulard também são interessantes,embora nada inovadores. O elenco da novela é excepcional em sua grande maioria e espero ver Ana Rosa com mais destaque em breve. As exceções,por enquanto,são: Paulo Vilhena, André Bankoff, Barbara Paz, Sergio Marone, Chao Chen e Thiago Luciano. Mateus Solano, embora esteja muito ruim, acredito que"melhore".
Portanto,pelo que vi, a novela tem tudo para agradar e ser mais um sucesso de Walcyr Carrasco. A fórmula está quase no ponto. Basta que os necessários ajustes sejam feitos e a elevação da audiência será só a consequência. Que os robôs e os dinossauros entrem em harmonia em breve.
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