O Globoplay promoveu a coletiva virtual de "Guerreiros do Sol" na primeira segunda-feira de junho, dia 2, e participaram os autores George Moura e Sérgio Goldenberg, o diretor Rogério Gomes e os atores Thomás Aquino, Isadora Cruz, José de Abreu, Daniel de Oliveira, Theresa Fonseca, Larissa Góes, Nathalia Dill, Carla Salle, Larissa Bocchino, Marcélia Cartaxo, Marco França, Alice Carvalho, Ítalo Santos, Vitor Sampaio, Rodrigo Garcia e Rodrigo Lelis. Fui um dos convidados e conto sobre o bate-papo a seguir.
George Moura falou de sua novela: "Estamos muito felizes porque 'Guerreiros do Sol' começa a nascer quando a gente divide com vocês esse sonho acalentado e suado em um mergulho profundo no nordeste dos anos 30 e com umas história de amor que acontece durante uma guerra que mostra o Brasil de ontem e o Brasil de hoje. Mostramos a característica do cangaço que é local e nacional. É uma narrativa clássica e narrada pela Rosa. Uma história de amor, de irmãos e de mulheres fortes.. A novela chega com um pé na tradição e com a intenção de renovar a narrativa. O que acho que tem de diferente é que há uma narrativa em que não existe maniqueísmo. Quando nos dias de hoje você olha o passado traz a carga dos dias de hoje. Tudo estará mostrado e problematizado nessa perspectiva. O cangaceiro não será herói e nem bandido".
Sérgio Goldenberg complementou: "O cangaço é um tema muito importante na transformação do Brasil. A gente reforçou e expandiu o papel das mulheres no cangaço, o que nos fez ter um olhar crítico sobre aqueles tempos violentos de uma sociedade patriarcal. A Rosa funciona como narradora e tem um olhar límpido sobre esse ambiente.
O cangaço tá no imaginário do brasileiro com o São João, o Carnaval, enfim, estamos expandindo esse tema. Mostramos até a formação d bando e o depois, a questão do justiçamento, relações familiares, o Brasil arcaico, a promiscuidade do poder."Isadora Cruz falou de sua protagonista: "Não é uma história de Maria Bonita e Lampião. A liberdade dos novos nomes nos deixa contar novas histórias. A essa altura da minha carreira ainda não posso negar personagens, então tudo o que vem acontecendo comigo é sorte. Sorte de interpretar mulheres tão fortes e que quebram estereótipos e lutam. É meu propósito de vida contar essa histórias de mulheres que são suas próprias heroínas. Interpretar a Rosa foi um privilégio com mulher paraibana que sou. Rosa é uma mulher que batalha para ter seu próprio destino e é muito bonito ter a possibilidade de passar uma nova mensagem para a nova geração porque em 1920 não existe muita sororidade entre as mulheres, não era algo comum. As mulheres eram vistas como competidoras e rivais. Li que Maria Bonita não fazia determinadas situações que as demais mulheres do bando porque ela se considerava superior, mas na nossa história isso não acontece com a Rosa. É um universo muito masculino e sangrento, mas narrado por uma mulher, o que faz é sinal doss novos tempos em colocar uma mulher narrando uma história tão animalesca".
Marcélia Cartaxo falou da força da história: "É uma história contada de muitas formas e agora a gente pegou a força da mulher. Me vejo em uma personagem tão diferente e incrível porque passa pela questão da espiritualidade, mas com outra roupagem que é a própria arte. É uma luta da terra, por existir e pela sua própria história. Nossas histórias têm altos e baixos e muitas memórias do passado têm violências, mas têm amores também. Sempre sonhei em ser uma Maria Bonita e hoje me vejo nela. Muito bom estar com esse elenco e essa equipe nordestina. É muito importante pro cinema e pra tevê. O Brasil é tudo isso".
Nathalia Dill falou sobre o drama de sua personagem, que descobre um câncer de mama: "Essa série mostra todo o contexto além do cangaço. Fiquei pensando em como me basear. Fiz uma relação um pouco com a pandemia porque na época o câncer era desconhecido. Tanto que ela se pergunta como pegou. A pandemia foi isso com a gente que não sabia que se teria cura ou não. O que não mudou é como as mulheres lidam com esse tratamento. Ela é casada com um delegado que a abandonou por isso. E li uma matéria na Marie Claire que 70% das mulheres que estão com câncer são rejeitadas por seus maridos. E uma delas foi a Preta Gil, que passou por essa estatística. Fiz essa correlação e infelizmente algumas coisas se mantém. Mas uma coisa bonita que a série retrata é o depois, a volta por cima, o que a mulher faz depois que ela deixa de ser silenciada e toma ass rédeas da própria vida".
Rogério Gomes falou sobre o enredo: "A grande diferença dessa trama em relação a tudo o que já foi falado sobre o cangaço é a profundidade das relações. Temos milhões de relações que aprofundamos e quando a gente aprofunda vai no sentimento das pessoas. A gente não fica na questão do cangaceiro ser bandido ou herói. O Sertão foi nosso protagonista e ele nos recebeu muito bem. No primeiro dia de gravação, estava chovendo e no caminho a gente viu dois arco-íris gigantes. Estávamos abençoados. O Sertão machuca, mas foi muito carinhoso com a gente".
Thomás Aquino comentou sobre seu protagonista: "Sou muito abençoado em representar uma figura baseada na figura histórica do Lampião. É uma história representativa e fiquei muito feliz em construir esse Josué trazendo muito de mim porque é um cara doce, mas colocar uma brabeza também. Ele é íntegro, amável, de palavra, homem batalhador e que se vê numa rixa com o coronel Eloi. Acaba entrando no cangaço por uma vingança atrás desse coronel. Ele se vê perdido no meio desse cangaço e deixa o poder subir na cabeça. A Rosa salva a estrutura desse homem. É um dos meus grandes trabalhos, um dos maiores que já fiz na minha carreira".
José de Abreu fez um breve elogio a todos: "Tiro o meu chapéu. Fico admirado pela capacidade de trabalho pelos colegas, a maioria nordestino, porque não é mole. Estava com roupa de linho branco e quase morria de calor".
Alice Carvalho comentou sobre a relação homoafetiva de sua personagem: "Por vários motivos essa é uma das novelas mais corajosas dos últimos tempos. A questão da reparação histórica a gente falava muito e gosto do termo reconstrução do imaginário. E se a gente falasse disso? E se a gente falasse do romance e de uma querência entre duas mulheres em uma época em que muita gente acha que isso nem existia? Mas mulher querendo mulher e homem querendo homem existe desde que o mundo é mundo. Teve uma liberdade absoluta para mim e Alinne Moraes em adaptar o texto na nossa embocadura. Há uma sutileza porque é 1920, onde a repressão era muito maior do que hoje, embora ainda exista. Tivemos um cuidado de contar uma história. Otília e Jânia ensinam uma pra outra a beleza da liberdade e a descoberta em qualquer idade, além da força da emancipação feminina. São duas personagens que mostram isso pro público. Fomos muito abraçadas pela equipe toda que shippava o casal. Fui muito feliz".
Ítalo Santos falou da representatividade no elenco: "É importante pegar um trabalho bem escrito. É um primor pegar um roteiro e ver o quanto é gostoso e como cabe na boca da gente, isso os ajuda a contar a história. A gente que é nordestino cresceu ouvido isso, então nada mais justo do que a gente contar essa história. O público não vai questionar muito se é verdade ou mentira porque é uma boa história".
Larissa Góes acrescentou: "A gente reuniu memórias corporais de quem esteve de fato naquele ambiente e quando a gente conta a história inserida aquele ambiente é com muita verdade. Quando a gente foi para o estúdio trouxe isso, essa memória de que esteve lá e ancora o que estamos fazendo. Existem muitas obras sobre o cangaço, mas com atores nordestinos é raríssimo. Estou contando essa história com meu sotaque, minha memória. Tem essa força".
Marco França também complementou: "Acho que quando as palavras de alguma forma não conseguem dar conta de uma emoção é quando a música se faz presente. A música nesse universo do cangaço ão existem registros concretos de que o Lampião tocava alguns instrumentos, mas existe um registro de um cangaceiro muito jovem, que depois de preso, foi feito um compilado das músicas que fizeram parte do universo do cangaço. Meu personagem é o Fabiano Sanfoneiro e representa a figura que toca, canta e faz parte do bando de Josué e Rosa. Foi uma experiência ímpar".
Vitor Sampaio falou de sua estreia: "Fiz 'Guerreiros do Sol' antes de 'Volta por Cima' (ele viveu o Joílson) e foram duas experiências bem diferentes. Guerreiros me trouxe muito aterramento pra fazer a novela. Pude finalizar esse trabalho podendo dar mais segurança pra novela, o que foi muito importante pra mim. Agora vou poder ver fora da ordem. Pude me analisar em 'Volta por Cima', mas em 'Guerreiros' não porque foi uma obra fechada. O Sabiá pra mim é de uma lindeza muito grande, um sol dentro da história. Quando li pela primeira vez o texto vi o presente que era começar com esse trabalho".
Larissa Bocchino falou de sua experiência: "A gente gravou em 2023 e nunca rezei tanto pra passar em um teste. Meu tataravô era do bonde do Lampião. Apesar de não ser nordestina, a família da minha mãe é de lá. É com muito respeito que contamos essa história e é muito louco gravar um trabalho e não estrear para depois gravar uma novela, como foi 'No Rancho Fundo'. Tem uma lacuna de tempo. 'Guerreiros' foi minha escola para fazer a Quinota. Foram oito meses de gravação. Gravei com atores que admiro muito, dirigida pelo Papinha, enfim, foi uma coisa que até agora fico nervosa. Vai ser lindo".
Theresa Fonseca comentou sobre seu trabalho: "Li o roteiro e fiquei muito impressionada. Lembro da Isadora dizendo que vai ser épico e acho isso. Podem esperar tudo de diferente. Vai ser um marco. Minha personagem me possibilitou ir para lugares que nunca foi. É minha personagem favorita até então. Fiz antes de 'Renascer' e já esqueci o que eu fiz. Foi muito bom e meus parceiros de cena foram essenciais".
Carla Salle contou que foi atrás de um papel na trama: "É difícil falar da minha personagem sem dar spoiler. Posso dizer que é uma flagelada da seca, abaixo da linha da pobreza. Pessoas que não tinham nada e eram isoladas em casas pelo governo, o que ficou conhecido como o holocausto brasileiro. Não tinham nada e eram deixadas ali para morrer. Queriam higienizar a cidade. Minha personagem vem sem nada e como todo personagem que não tem nada a perder pode esperar tudo dele. Ela é muito surpreendente. Fui muito feliz fazendo essa série. Fui atrás do Papinha, do George, do Gold, porque tinha o desejo de fazer essa série. Fiz 'Onde Nascem os Fortes' com eles e Soraia veio como um Sol, um resgate na minha vida porque minha família é pernambucana e fiquei muito grata em horar minha história e minha família."
Rodrigo Lelis explicou seu personagem: "Bida é o único que vinga, como se diz no interior. Todos os outros filhos dessa mãe vão pro cangaço. Existe uma influência grande da igreja católica na trama e Bida é uma dessas representações da igreja. Procurar uma empatia da igreja me fez buscar ligações com alguns santos, a vida do celibato, enfim, é com muita honra que digo que trabalhei com Marcélia Cartaxo, que é minha musa inspiradora e era um sonho trabalhar com ela. Tenho cenas muito bonitas com ela. O padre Bida chega para emocionar muita gente".
Rodrigo Garcia finalizou: "É a terceira obra que faço dos autores. Hildebrando é um personagem especial. Ele faz parte do redesenho do imaginário brasileiro e vocês vão entender melhor quando assistir. É meu primeiro mocinho, após tantos vilões. Hildebrando é uma pessoa boa e pura, acho que a mais boa da série. Veio desconstruir essa coisa do que o povo acha que tem que ser masculino ou feminino. Ele entra no bando para fazer coisas que atribuem ao feminino, como costurar e cozinhar. É aquele tipo de pessoa que as pessoas acolhem por ser tão bom e puro".
'Guerreiros do Sol' estreou na semana passada, dia 11, com cinco episódios disponibilizados no Globoplay, e também é exibida diariamente às 22h40 no Globoplay Novelas, antigo Canal Viva.
Eu também acho que o cangaço é um assunto relevante. Mas o que me "pegou" nesse texto foi a menção ao câncer de mama, já que eu tive essa doença.
ResponderExcluirBeijão
Ainda bem que já está tudo certo, Marly!
ExcluirGracias por la reseña. Te mando un beso.
ResponderExcluirbj
ExcluirNão conhecia, mas agradeço a informação!
ResponderExcluirBjxxx,
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Por todos os depoimentos prestados dá para perceber que deve valer a pena assisitir.
ResponderExcluirAbraço de amizade.
Juvenal Nunes
Oi Sérgio, tudo bem?
ResponderExcluirSó uma curiosidade, George Moura é irmão ou parente do Wagner Moura? Eu achei semelhanças na aparência e fiquei curiosa!!
São atores excelentes que darão vida a personagens que tem tudo para estourar!
Principalmente na questão do câncer de mama, esse assunto tão importante precisa ser mais apresentando nas novelas...É uma dor enorme à família perder alguém tão cedo para essa doença.
Guerreiros do Sol será um sucesso, com certeza!!!
Obrigada amigo e tenha um excelente feriado!!