terça-feira, 28 de setembro de 2021

Romance de Maria Isis e José Alfredo foi um dos muitos equívocos de "Império"

 Há reprises que envelhecem mal ou então despertam um novo olhar do público após anos da primeira exibição. O caso de "Império", novela de Aguinaldo Silva atualmente reprisada no horário nobre, não chega a ser um caso de enredo que tenha envelhecido mal. Porém, a relação entre José Alfredo (Alexandre Nero) e Maria Isis (Marina Ruy Barbosa) provoca uma percepção que em 2014 muitos não tiveram ou ignoraram. 

O casal sempre foi tratado pelo autor como uma espécie de 'mocinhos', ainda que o comendador tenha passado longe do tipo heroico. Aliás, uma das qualidades da novela foi o protagonismo de um personagem com tantas camadas e com sérios desvios de caráter. Uma atitude ousada e válida, que fez muito sucesso. Mas o par formado por Zé Alfredo e Isis é problemático em vários aspectos. E vale ressaltar que o romance não teve uma grande aceitação na época, por mais que Aguinaldo tenha se esforçado. Grande parte do público ficou do lado de Maria Marta (Lília Cabral). Ou seja, a situação não envelheceu mal porque na época já não tinha obtido o êxito desejado. Mas os motivos da relação do personagem central com sua amante ter sido um erro não foram muito comentados. 

O fato é que o contexto peca logo no início quando apresenta Maria Ísis como uma garota que não faz nada da vida e vive em um apartamento de luxo bancado por um homem que tinha idade para ser seu pai. Nada contra relações com diferenças de idade, mas a situação desperta incômodo a partir do momento em que o comendador chama a amada de "sweet child" (doce criança).

Até porque a personagem realmente parecia uma menina na adolescência. Com direito até a brinquedos de pelúcia. E estava sempre de lingerie esperando o 'seu amor' chegar. Detalhe: o protagonista só ia lá quando queria transar. 

Para culminar, Maria Ísis era proibida de trabalhar ou estudar. Vivia trancada em casa. Portanto, analisando friamente, a garota parecia uma prostituta de luxo. Mas tudo era romantizado ao extremo, mesmo o relacionamento sendo um caso extraconjugal do comendador. Até cena fofa de 'casamento' em um lugar paradisíaco teve. Vale criticar também a forma rasa como Aguinaldo expôs o casamento conturbado entre Zé e Maria Marta. Na primeira fase, os dois construíram uma ótima relação. Já na segunda começam brigando e depois é mostrado que a razão foi uma tentativa de golpe de Marta na empresa. Seria bem mais interessante uma melhor construção no relacionamento do personagem com sua esposa, o que só foi feito na última semana, e expôs a torcida do público pelo par, ao contrário do que aconteceu com Isis. 

Ao longo da novela, Zé Alfredo até "permite" que Isis trabalhe em um restaurante, mas nada ameniza a situação do casal. A 'objetificação' da personagem segue durante toda a história. O autor ainda a coloca como uma sonsa, por mais que não tenha a intenção. Isso porque Isis não contou a Maria Marta que o comendador estava vivo, após a armação do protagonista, que fingiu sua morte para escapar da polícia federal. Era uma obrigação da amante. Afinal, a esposa do 'então falecido' colocou o orgulho de lado e deixou a rival se despedir no 'velório' e ainda a tratou com respeito. Outro erro da narrativa é colocar Isis como um poço de virtudes a ponto de se achar no direito de dar lição de moral nos demais. Vide a recente cena em que a personagem esbofeteia Cora (Marjorie Estiano) e a chama de vadia por dar em cima de 'seu homem'. Ela é a amante de Zé Alfredo. Qual o sentido?

"Império" é uma novela com vários problemas visíveis e um deles é a forçação em cima do casal formado pelo comendador e Maria Isis. Alexandre Nero e Marina Ruy Barbosa não tiveram nada a ver com a narrativa equivocada, mas Aguinaldo Silva errou feio. 

22 comentários:

Anônimo disse...

Uma vergonha mesmo.

William O. disse...

O Aguinaldo só deu esse papel pra ruiva pra alfinetar o Walcyr ja que ela não é profissional e nao quis raspar o cabelo.

Anônimo disse...

ESSA NOVELA FOI CHEIA DE ERRO. QUERIA PARAISO TROPICAL REPRISANDO NO LUGAR DESSA!

Ana Carolina disse...

Até que enfim alguem falou do absurdo dessa relação!

Letícia disse...

A reprise só mostrou que essa Marina nunca foi boa atriz.

Anônimo disse...

Sempre gostei de império e ainda gosto , porém, após aquela horrorosa daquela do O Sétimo guardião , eu percebi que os textos do Aguinaldo , sempre tiveram erros , na época , achava império perfeita sem defeitos, mas agora vejo que tem bastantes coisas sem sentido , forçadas , e tal... Ainda assim , acredito que Império seja Melhor que fina estampa e O Sétimo guardião.

Ass : Vinicius ✌��

Anônimo disse...

Gosto, mas respeito quem não gosta. Assim como Alex e Angel. É ficção, então fico calmo.

Lia disse...

mas a Marina não é ruim; o papel que é pifio.

Basta vê-la em Totalmente Demais.

Anônimo disse...

ia trocar uma bomba por outra bomba kkķ

Lia disse...

até hj acho que o Aguinaldo foi burro em não ter aproveitado a química da Isis e do João Lucas, pra mim eram bem mais interessantes que ele e a Du - Josie Pessoa era muito exagerada.

Sérgio Santos disse...

Sim, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Lembro bem, William.

Sérgio Santos disse...

Seria uma excelente troca, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Obrigado, Ana.

Sérgio Santos disse...

Eu nao acho ela ruim, Leticia.

Sérgio Santos disse...

Isso concordo, Vinicius, é melhor que essas duas.

Sérgio Santos disse...

Ok, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Exato, Lia.

Sérgio Santos disse...

Discordo, Lia, achava Lucas e Du o unico par bem construído da novela.

Sérgio Santos disse...

Discordo, anonimo, Paraiso Tropical era boa demais.

Anônimo disse...

"Nada contra mas.." sei kkkk. Todas essas reclamações em cima do casal nessa reprise são baseadas em preconceito em relação a diferença de idade. Se fosse uma mulher mais velha e um rapaz todos achariam lindo, abordagem "corajosa" e coisa do tipo.

E não sei de onde tiraram que a maioria era contra. Ninguém queria que o Comendador morresse no fim justamente pra ficar com a Isis.

Anônimo disse...

Finalmente alguém sensato.