Rosi Campos e Nicette Bruno: duas grandes atrizes que não têm recebido o devido valor

As duas têm currículos respeitáveis e inúmeros trabalhos na televisão, no cinema e no teatro. Entretanto, Rosi Campos e Nicette Bruno não tiveram sorte em seus últimos papéis. Ambas foram desperdiçadas em "Salve Jorge" (2012), de Glória Perez, quando viveram respectivamente Cacilda e Leonor. As personagens não tinham importância na história ---- principalmente a de Rosi, que era apenas uma vizinha que mal falava ---- e terminaram a trama sem destaque algum. Coincidentemente, agora, elas enfrentam novamente o mesmo problema em "Joia Rara".

Rosi Campos vive Miquelina, esposa de Arlindo (Marcos Caruso), dono do Cabaré Pacheco Leão. Já Nicette Bruno interpreta Santinha, mãe de Miquelina, que inferniza a vida do genro. Inicialmente, a trama parecia promissora e tinha tudo para ser uma das melhores da novela. Afinal, o núcleo seria responsável pela comicidade da história e também pelos belos shows das vedetes. Mas, infelizmente, as autoras seguiram outros rumos em virtude dos baixos índices de audiência e transformaram a pensão de Dona Conceição (ótima Cláudia Missura) no principal núcleo cômico, diminuindo a importância do Cabaré.

Com isso, a história dessa família não foi desenvolvida como deveria e os personagens ficaram sem função por muito tempo. Rosi, Nicette e o próprio Caruso viraram meros figurantes que tinham apenas algumas falas e todas repetitivas, já que envolvia a constante discussão do trio. Recentemente, Duca Rachid e Thelma
Guedes tentaram mexer um pouco na trama e colocaram Arlindo com uma amante (Volpina - Paula Burlamaqui), porém, não funcionou e ainda acabou lembrando "Avenida Brasil", já que Leleco (vivido pelo mesmo ator) teve um caso com uma mulher mais nova, apesar de amar a esposa.

E com a novela perto do fim, fica ainda mais claro o desaproveitamento dessas grandes atrizes. Rosi e Nicette ficaram completamente avulsas na história e não tiveram oportunidade de mostrar o quão são talentosas. Miqueline e Santinha ficaram praticamente escondidas em um núcleo que prometia grandes cenas.

A ótima Rosi Campos não ganha um bom papel na televisão desde "O Profeta" (2006), coincidentemente a primeira novela de Duca e Thelma. No remake, ela viveu a Madame Rúbia, uma falsa-vidente que ganhava dinheiro enganando os trouxas. A personagem era uma das melhores da trama e fez sucesso. Em "Cama de Gato" (2009), das mesmas autoras --- e melhor obra da dupla ---, ela também brilhou na pele de Genoveva, embora não tenha sido um tipo de muito destaque. Mas em "A Favorita" (2008), "Insensato Coração" (2011), "Amor Eterno Amor" (2012), "Salve Jorge" (2012) e agora em "Joia Rara", a atriz não teve sorte. E vale lembrar que seu maior sucesso até então é a Edilásia Sardinha, a Mamusca, de "Da Cor do Pecado" (2004). Na primeira obra de João Emanuel Carneiro, ela pôde se destacar e muito.

Já a grande Nicette Bruno não ficou sem interpretar um excelente papel por muito tempo, como aconteceu com Rosi. Apesar de não ter sido valorizada em "Salve Jorge" e "Joia Rara", a atriz ganhou um lindo presente da autora Lícia Manzo, em "A Vida da Gente" (2011). A amorosa Iná foi uma personagem fascinante e proporcionou cenas maravilhosas e emocionantes para sua intérprete. Vale citar também, "Alma Gêmea" (2005) e "Sete Pecados" (2007), quando ela viveu a ranzinza Ofélia e a amorosa Juju, respectivamente. Duas personagens excelentes. Ou seja, Nicette acabou tendo mais sorte que Rosi nos últimos anos, embora ambas enfrentem recentemente uma má fase.

Rosi Campos e Nicette Bruno ---- que perdeu recentemente seu marido, o grande Paulo Goulart ---- são duas respeitáveis atrizes e é uma pena que essas talentosas profissionais não tenham sido valorizadas em "Joia Rara", após também terem sido desperdiçadas em "Salve Jorge". Resta torcer para que nos próximos trabalhos, os autores deem a elas papéis que façam jus ao talento que sempre tiveram. As duas merecem.