"70 anos esta Noite" fez uma divertida e emocionante viagem pela história da teledramaturgia nacional

A Globo exibiu o especial "70 anos esta Noite" nesta terça-feira para homenagear os 70 anos de teledramaturgia no Brasil, comemorados dia 21 de dezembro. Ano passado, vale lembrar, a emissora também produziu um especial para homenagear os 50 anos da televisão no país. O programa contou com a presença de várias estrelas do canal que protagonizaram momentos emblemáticos ao longo destes anos. Claro que muita coisa ficou de fora, mas é até difícil qualquer tipo de cobrança em cima de uma atração que tentou resumir 70 anos em uma hora de duração. 

Boas histórias devem ser celebradas e contadas. E há 70 anos é isso que a novela faz. Verdadeira paixão nacional, as novelas se transformaram em patrimônio cultural e um dos principais produtos de entretenimento do Brasil. Elas divertem, emocionam e fazem um convite à reflexão sobre as transformações sociais e culturais do país. A estreia de "Sua Vida Me Pertence", na TV Tupi, em 1951, abriu os caminhos para os folhetins brasileiros. Em 1965, era a vez de a TV Globo colocar no ar sua primeira obra e, desde então, mais de 300 novelas já foram produzidas – muitas com lugar garantido na história da teledramaturgia brasileira. 

A Globo ajudou a popularizar o gênero no país e pelo mundo: ao longo desse tempo as novelas romperam as fronteiras e conquistaram mais de 150 países, traduzidas em 70 idiomas, levando a excelência da produção nacional para o mundo. São inúmeros prêmios, inclusive oito Emmys Internacionais, algo que nenhuma outra emissora possui.

Para marcar as comemorações em torno dos 70 Anos das novelas, a Globo preparou uma programação especial em seus canais, streaming e sites, além de uma campanha com desdobramentos multiplataforma para relembrar momentos antológicos que acompanhamos por todos esses anos.

O especial exibido nesta terça mostrou a novela como protagonista e relembrou momentos inesquecíveis, vilanias e finais felizes que marcaram a história da televisão brasileira. A história contada por quem ajudou a escrevê-la. Praticamente todo o conteúdo foi de folhetins da Globo e não da concorrência, algo já esperado. Ainda assim, deveriam ter ao menos citados algumas produções emblemáticas de outras emissoras. Todavia, foi um programa delicioso para o fã da teledramaturgia. Participaram da comemoração Lima Duarte, Tony Ramos, Gloria Pires, Susana Vieira, Patrícia Pillar, Claudia Raia, Antonio Fagundes, Adriana Esteves, Taís Araújo, Giovanna Antonelli, Lilia Cabral, Renata Sorrah, Fernanda Montenegro, Christiane Torloni, Juliana Paes, Rodrigo Lombardi, Nívea Maria, Carolina Dieckmann, Regina Casé, Chay Suede, Mateus Solano, Thiago Fragoso, Camila Pitanga, Betty Faria, Francisco Cuoco e Fernanda Vasconcellos. Com roteiro de Bia Braune e Celso Taddeu, supervisão de texto de George Moura e direção geral de Henrique Sauer, o especial fez uma bela viagem através da memória, relembrando histórias e personagens que marcam há tantos anos. A narração de Jéssica Ellen foi linda. 

A parte mais divertida foi a reunião de estrelas que interpretaram marcantes vilãs na ficção. Patrícia Pillar, Glória Pires, Cláudia Raia, Renata Sorrah e Adriana Esteves relembraram suas vilanias e o momento foi repleto de gargalhadas. Já os encontros de Betty Faria com Francisco Cuoco; de Mateus Solano com Thiago Fragoso; de Susana Vieira e Carolina Dieckmann; e Lília Cabral com Fernanda Vasconcellos ficaram marcados pela emoção. Também foi ótimo ver Taís Araújo, Giovanna Antonelli, e Camila Pitanga falando das mocinhas e anti-heroínas. Antônio Fagundes e Tony Ramos relembrando alguns de seus papeis mais emblemáticos se mostrou outro acerto, assim como Rodrigo Lombardi e Juliana Paes comentando sobre o sucesso de Raj e Maya, de "Caminho das Indias", que alterou o rumo da novela de Gloria Perez. Aliás, ficou faltando justamente o depoimento de diretores e autores. Comentários ainda sobre as trilhas sonoras fizeram falta. É preciso criticar a ausência de Laura Cardoso nas homenagens. Um depoimento era necessário. Ao menos o final foi narrado pela maravilhosa Fernanda Montenegro. 

Certamente, muitos noveleiros ficaram inconformados com a ausência de muitas cenas, personagens e atores. Afinal, era inevitável condensar 70 anos de história em apenas 60 minutos. Mas foi um trabalho bem feito e emocionante. Ao menos cumpriu a missão de homenagear o gênero que mais faz sucesso no Brasil, embora uma pequena parcela da sociedade ainda insista em menosprezar a cultura e o apreço do brasileiro pela telenovela. A Globo ainda preparou uma programação especial no Canal Viva, onde uma das surpresas foi o especial "As Novelas Que Amamos", exibido às 21h desta terça, atração que revelou quais as tramas que estão no TOP 10, entre as mais assistidas, ao longo dos pouco mais de 11 anos de existência do canal de reprises. E vale mencionar também o delicado clipe com cerca de três minutos e meio, chamado "Posso te contar uma história?", que a emissora vem exibindo em seus intervalos sobre a trajetória dos folhetins globais. 

O especial "70 anos esta Noite" fez uma divertida e emocionante viagem sobre o gênero mais amado pelos brasileiros. Dentro das limitações que apenas um programa causaria em qualquer homenagem do tipo, a produção merece os parabéns pela iniciativa. Só deveriam ter criado mais uns 5 outros programas com a mesma estrutura para, aí sim, englobar tudo o que tinha direito para todo mundo ficar satisfeito.