sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Reprise de "A Vida da Gente" endossou cada elogio já dado ao delicado e arrebatador enredo de Lícia Manzo

 A reprise de "A Vida da Gente" chegou ao fim nesta sexta-feira (06/08) e todas as qualidades do folhetim de Lícia Manzo se mantiveram intactas. É normal a memória afetiva enganar em alguns casos ou a história elogiada anos atrás envelhecer mal em uma reexibição. Não foi o caso da trama que contou a história de amor entre duas irmãs e como a vida pode ser traiçoeira ao mesmo tempo que benevolente. 

O trio protagonista composto por Marjorie Estiano, Fernanda Vasconcellos e Rafael Cardoso foi muito bem interpretado e o triângulo amoroso despertou torcidas fanáticas que se mantiveram até hoje forte nas redes sociais. Foram inúmeras cenas marcantes ao longo da trama. Manu e Ana eram irmãs que se amavam e se respeitavam, apesar da mãe Eva (Ana Beatriz Nogueira), que não escondia sua predileção por Ana e seu imenso desprezo por Manu. Ana, por sua vez, era apaixonada por Rodrigo e da relação nasceu Júlia (Jesuela Moro, na fase crescida). Após muitos dramas e conflitos, as irmãs resolveram fugir com a criança para iniciar uma nova fase e deixar os problemas para trás.

Porém, um grave acidente de carro ---- a melhor cena de acidente da história da teledramaturgia ---- faz com que Ana entre em coma e Manu se depare sozinha com a sobrinha em meio aos julgamentos de Eva e ao sofrimento de ver a irmã entre a vida e a morte. A personagem acaba se envolvendo com Rodrigo, formando um casal lindo e feliz ---- onde Marjorie Estiano e Rafael Cardoso transbordaram química. Porém, quando Ana acorda, anos depois,  novos dramas ocorrem, enriquecendo ainda mais a novela, que também contava com outros núcleos, tão interessantes e envolventes quanto o principal.


Lícia Manzo foi batizada como a 'discípula de Manoel Carlos' por causa do rico tratamento dado às relações familiares de classe média alta, característica que marca a carreira de Maneco. Porém, a autora mostrou que é muito mais que uma mera aprendiz, é uma profissional que sabe muito bem o que faz e o que escreve. Conseguiu criar uma história primorosa e ainda fez com que todos os seus personagens parecessem reais. A ponto de seguir atual mesmo dez anos depois, algo bem diferente dos enredos de Maneco, onde algumas situações soam inadmissíveis atualmente. 


Além de Ana, Rodrigo, Manu e Eva, vários outros tipos envolveram através de seus dramas e conflitos: Iná (Nicette Bruno), Laudelino (Stênio Garcia), Suzana (Daniela Escobar), Cícero (Marcelo Airoldi), Vitória (Gisele Froés), Sofia (Alice Wegmann), Nanda (Maria Eduarda de Carvalho), Dora (Malu Galli), Jonas (Paulo Betti), Cris (Regiane Alves), Lourenço (Leonardo Medeiros), Moema (Cláudia Mello), Seu Wilson (Luiz Serra), entre tantos outros. E também é preciso elogiar o elenco escalado, que, além de enxuto, foi muito bem escolhido e todos acabaram valorizados. Se entregaram do início ao fim. A reprise ainda serviu como uma bela homenagem a Nicette, que faleceu no final de 2020, vítima da covid-19, por conta do atraso da vacinação de um governo deprimente. A última cena de Iná, homenageando o tempo, é de uma sensibilidade rara. O texto coube com uma precisão admirável na embocadura da atriz. Naquele momento intérprete e personagem se fundiram. 


A novela ainda ficou marcada pelas viscerais atuações de Marjorie Estiano e Fernanda Vasconcellos. A dupla brilhou e protagonizou inúmeras cenas que exigiram muito profissionalismo. A briga entre as irmãs entrou para a história. Manu e Ana foram os melhores papéis na carreira delas. Tanto que até hoje são lembradas. E apesar de todos os atores terem tido um bom destaque, vale ressaltar os desempenhos de Nicette Bruno, Ana Beatriz Nogueira, Thiago Lacerda, Jesuela Moro, Rafael Cardoso, Maria Eduarda de Carvalho e Gisele Froés. Ainda é preciso lembrar, também, a tocante abertura da novela. Um compilado de fotos e filmagens dos personagens era exibido enquanto tocava a linda música "Oração ao Tempo", na voz de Maria Gadú. Combinação que ficou perfeita no ar.


Em meio à briga de 'shippers' que o quarteto central causou na internet em 2011 ---- e se manteve em 2021 ----, a autora optou por seguir a sinopse da trama e encerrou sua obra com Manu ao lado de Rodrigo e Ana ao lado de seu médico (Dr. Lúcio - Thiago Lacerda), exibindo um final emocionante, impecável e repleto de cenas lindas com o fim de todos os personagens. Embora a visão de hoje em dia implique em uma torcida por um desfecho diferente (o trio central sozinho, por exemplo), é um encerramento construído com delicadeza e que nem cabe contestação diante da beleza do que foi apresentado. 


"A Vida da Gente" foi uma novela inesquecível e Lícia Manzo estreou sua primeira trama com pé direito. O seu texto brilhante virou sua maior marca. Valeu muito a pena ter acompanhado cada conflito, cada drama, cada diálogo e cada lágrima do folhetim que ficou marcado pela intensidade e pelo realismo das cenas. Que venha a estreia da autora no horário nobre da Globo, com "Um Lugar ao Sol", prevista para novembro e protagonizada por Cauã Reymond, Alinne Moraes e Andreia Horta. 


31 comentários:

  1. Como eu comentei em outros textos, não gosto muito dessa novela. Tem personagens muito irritantes. No entanto, o texto é muito maravilhoso. O capítulo final - primoroso, como você sempre diz, me faz questionar o fato de eu não gostar do rumo que as coisas tomaram ao longo da história. O discurso de Iná é precioso, os e-mails de Ana e Rodrigo são de uma delicadeza ímpar e aquela cena final dos quatro pais de Júlia com a pequena é de deixar o coração quentinho.

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  2. Essa autora é maravilhosa.
    Bom final de semana.
    Big Beijos
    www.luluonthesky.com

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  3. Só discordo quando diz que manu e o melhor papel da marjorie esse título pertece a doutora carolina

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  4. Eu vou sentir muita saudade dessa reprise. A única que valeu ver na pandemia.

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  5. Novela maravilhosa,toda baseada em situações da vida,sem planos mirabolantes,sem vilões malvados,sem tiroteios,sem sequestros.
    Uma história de vidas,de pessoas que erram ,acertam , brigam,fazem as pazes.
    Uma novela psicológica onde a frase mais ouvida foi: Podemos conversar?
    Novela com muito drama,mas ao mesmo tempo leve e familiar,sem apelações,sem violências,enfim não tenho mais adjetivos para falar dessa novela que eu já amava desde 2011 e agora amo ainda mais.
    O nome da novela não poderia ser outro senai A Vida da Gente.
    Lícia Manzo maravilhosa!!

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  6. NOVELÃO DE PRIMEIRA. JÁ COM SAUDADES. QUE CRÍTICA CERTEIRA A SUA!

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  7. Sérgio, assino embaixo desse texto perfeito que você teceu a respeito de "A Vida Da Gente" (2011), um novelão da melhor qualidade, que evidenciou a competência de Lícia Manzo para criar tramas com personagens repletos de camadas, que certamente foram mostrados nesse folhetim, em "Sete Vidas" (2015) e na série "Tudo Novo De Novo" (2009). Valeu demais a pena acompanhar cada momento desta obra-prima, ainda que da semana 17 em diante a Rede Globo tenha cometido a desfaçatez de cortar cenas até mesmo cruciais para o entendimento do enredo. E em novembro próximo Lícia nos presenteará mais uma vez com todo esse conjunto de fatores aliados em prol do sucesso de uma produção televisiva, intitulado "Um Lugar Ao Sol". A longa espera por uma nova joia audiovisual produzida por Lícia está próxima de acabar, para a alegria dos fãs e dos noveleiros raiz com gosto apurado para teledramaturgia.

    Guilherme

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  8. Olá, tudo bem? Já republiquei o balanço final com os pontos positivos e negativos de A Vida da Gente no meu blog. Uma novela que acompanhei desde a festa de lançamento aqui em São Paulo. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  9. Parece ser bem interessante.
    Bom domingo
    Abraços

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  10. Novela maravilhosa. Me marcou bastante, na primeira vez que passou, estava na faculdade e perdia o começo da primeira aula para assistí-la. Agora,em tempos de falta diálogo, escuta e declarações de ódio, a reprise vem pra nós mostrar, a importância da empatia nas relações humanas. E claro, a cereja do bolo é a Marjorie Estiano. (Atriz fenomenal).

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  11. sound great novel....
    thank you for sharing your review

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  12. Resumiu tudo de bom da novela! Eu gosto muito da faixa das 6h, e nessa pandemia acompanhei todas. Eu sempre me emociono qdo vejo a Nicete Goulart, ficava com uma lágrima no canto do rosto qdo a vi na última versão de Éramos Seis e em A vida da gente! Que mulher maravilhosa e que dor também!

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  13. Novela superestimada. Fica arrastado do meio pro fim e tem uma reta final fraquíssima, além dos núcleos paralelos igualmente fracos. Mesmo a trama central fica capenga e a história se esvazia antes do fim. Conseguiu ter barriga mesmo com apenas 137 capitulos.

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  14. Confesso que fiquei surpreso quando vc me disse que nao gostava da novela, cachonerrilla.

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  15. Valeu mt a pena, Guilherme. E que venha Um Lugar ao Sol.

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  16. Nossa, Jack, que perfeito o seu comentário.

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  17. Este comentário foi removido pelo autor.

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  18. Sérgio, essa novela é maravilhosa! Foi à última que eu vi inteira antes de entrar na universidade, ela me marcou muito. Fiquei muito feliz com a reprise. Mesmo continuando sendo team Manu, revendo consegui entender melhor a Ana, apesar de querer dá uns tapas em vários momentos, principalmente quando ela ouvia os péssimos conselhos da falsa da Alice. Mas não vejo a Ana como uma pessoa ruim. Ela era apenas uma pessoa perdida que precisava de ajuda e que tinha na irmã o porto-seguro. Ela acabou achando isso no Lúcio, que vejo como a versão masculina da Manu. Como comentei em outro texto seu. Acho que a Manu e o Lúcio não deveriam perdoar Ana e Rodrigo, apesar de achar que daria para perdoar os dois, mas entendo o porquê deles terem perdoados, principalmente a Manu que diferente do Lúcio que achei bem mais forçado que a Manu ele ter perdoado a Ana, só as Evinhas não enxergam isso. A Manu teve uma relação de anos com o Rodrigo era muito difícil para ela virar a página. E mesmo achando que a Lícia deveria ter desenvolvido melhor a volta dos casais, já que era algo previsto pela sinopse, para mim, ela falhou nessa parte. O final foi coerente com o desenvolvimento da história dela. Mesmo gostando do Gabriel, não fazia sentido a Manu terminar com ele, até mesmo pelo desenvolvimento da história deles. A Lícia usou praticamente a primeira fase da novela para desenvolver a relação da Manu com o Rodrigo e depois na segunda fase usou parte da história para desenvolver Ana e Lúcio, gostando ou não o final foi coerente. A Lícia não é o Ortiz kkkkkkkkkkkk
    Se você for ver a doença da Júlia foi mesmo recurso que ela fez para unir os personagens. Na primeira fase ela usou o coma para separar as irmãs e unir Manu e Rodrigo e Ana e Lúcio. Já na segunda ela usou a doença da Júlia, para unir a Manu e a Ana que era o que a gente mais estava esperando a reconciliação das irmãs, só acho que faltou uma cena delas com a Júlia.
    E os casais Rodrigo e Manu e Ana e Lúcio. Achei interessante de ela ter usado duas situações difíceis, para justificar o final. E pela cena final que é uma referência a Por Amor, valeu a pena!

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  19. Foi uma novela memorável. Me lembro de algumas das cenas citadas. Sorte para a Lícia Manzo com a nova novela.

    Boa semana!

    O blog está em Hiatus de Inverno entre 02 de agosto e 02 de setembro, mas comentaremos nos blogs amigos nesse período.

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    Até mais, Emerson Garcia

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  20. Camila, que comentário perfeito o seu. Assino embaixo e desculpe a demora!!!

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