Nesta segunda-feira (26/07), a Globo promoveu a coletiva online da nova novela das seis escrita por Alessandro Marson e Thereza Falcão, "Nos Tempos do Imperador", que estreia no dia 9 agosto. A trama é uma espécie de continuação de "Novo Mundo", sucesso escrito pela dupla em 2017. É o primeiro folhetim da emissora a estrear já quase todo gravado e ainda durante a pandemia do novo coronavírus. Participaram os dois autores, Selton Mello, Mariana Ximenes, Letícia Sabatella, Rogério Brito, Alexandre Nero, Michel Gomes, Dani Ornellas, Gabi Medvedovski, e o diretor Vinicius Coimbra. A jornalista Monica Sanches mediou a conversa. Fui um dos convidados e conto um pouco como foi esse bate-papo.
"É uma sequência da ideia de "Novo Mundo", a diferença é que já temos um Brasil estabelecido devido a independência promovida por Dom Pedro I. A Rede Globo solicitou essa continuação logo após o término de "Novo Mundo", mas era uma ideia que nós já tínhamos. Dom Pedro II é um dos brasileiros mais queridos de todos os tempos. Ele fez muitas coisas importantíssimas pro país que temos hoje. A gente tentou fazer uma novela que tivesse algum movimento, alguma aventura, e por isso ela vai até a Guerra do Paraguai. E também colocamos personagens negros que não estão naquela figura dos escravizados. Vamos ver personagens negros complexos, livres e fazendo a sua procura pela abolição. Para a gente ver que a abolição não é resultado de uma canetada", contou Thereza Falcão.
"Hoje entregamos nosso bloco 26 da novela. Fizemos em 26 semanas. Já está quase toda pronta. A gente está há muito tempo com essa novela. Começamos a trabalhar logo depois de "Novo Mundo". Isso em 2017, estamos em 2021. Em março de 2020 estávamos preparados para mostrar isso, mas a coletiva foi cancelada e veio a pandemia.
A gente considera uma novela híbrida. Começamos antes da pandemia e terminamos com a pandemia. Vai ser diferente das novelas que eram antes da pandemia e também diferente das novelas que foram feitas com a pandemia. Será uma novela diferente e esperamos que gostem do resultado. Contamos também os defeitos do Dom Pedro II, principalmente na época da Guerra do Paraguai. A gente vai até 1870.", complementou Alessandro Marzon."Foi difícil. Quando a gente faz novela das seis a gente precisa do romance, mas precisamos restringir muito as cenas de beijo e contato físico. Tivemos que ver quais eram as cenas imprescindíveis para contato. Mas é um sentimento de guerrilha. A gente não pode deixar a máquina parar. No início houve até um receio maior dos atores, mas depois veio um sentimento muito grande de união e de dar as mãos, ainda que não pudéssemos dar as mãos. A Globo é um instrumento importante da sociedade. Pra entretenimento, cultura. Estamos orgulhosos e felizes pelo capricho que conseguimos manter, apesar de tudo", disse Vinícius Coimbra sobre a dificuldade das gravações diante da pandemia.
Mariana Ximenes falou um pouco de sua Condessa de Barral: "Eu não conhecia minha personagem, tive o prazer de conhecer sob os olhares de Thereza e Alessandro. Ela é uma mulher muito forte, tem traços muito bonitos de uma mulher contemporânea. Tem delicadeza, gentileza, mas acima de tudo firmeza. É uma abolicionista. No engenho dela, todos os negros são livres. Ela até instaura a Lei do Ventre Livre. É bom falar disso na novela. Ela tem ética, tem caráter, sofre com essa relação com o Pedro e vai ter esse conflito por ter uma boa relação com a imperatriz. Eu fiquei super feliz de estar dando vida a ela. Está muito à frente do seu tempo", declarou a atriz. Já Letícia Sabatella contou: "A Thereza Cristina foi a última imperatriz, ela sofreu com o golpe da república. Virou uma figura meio apagada, mas era uma pessoa que se responsabilizava pela arqueologia, falava línguas, gostava de artes. Tinha um lado abolicionista, um amor pelo Brasil que a faz adoecer, que morre de tristeza, inclusive, por ficar longe dessa terra. Recebeu até a alcunha de mãe dos brasileiros pelos escravos. Ela e Dom Pedro II acolhiam até anarquistas", declarou a intérprete.
Selton Mello confessou: "Eu não lembrava muito da história de Dom Pedro II na época da escola. E a história dele nem foi muito contada na ficção. Dom Pedro I já teve a interpretação do Caio Castro, do Marquinhos Pasquim, que lembro, já o Pedro II não. E é engraçado como as biografias não têm respostas para muita coisa. O bom da novela é que ela também levanta mais perguntas do que respostas. O que esse cara fez? E é difícil essa dualidade entre o imperador e o homem. Esse papel de imperador é uma espécie de personagem que ele faz, mas muito sutil. Eu gostei muito dessa oportunidade. Estou fazendo o Dom Pedro II porque não sei quem é essa pessoa e continuo sem saber, vou sabendo aos poucos. Quando fiz uma cena do Pedro em uma câmara dos deputados e um bando de homem branco, pareceu até o momento atual. Estou emocionado porque em algum lugar me identifico com esse cara. Espero que o público complete nosso raciocínio", compartilhou o ator.
"Fazer a Cândida é a oportunidade de ficar perdido no meio de histórias que eram minhas e não foram contadas para mim. E muitos adultos que não sabem que nós não descendemos de escravizados. Dar corpo a uma história que não está nos nossos livros", se emocionou Dani Ornellas. "O meu personagem tem a inspiração no Dom Obá, da África. Então eu pude ler sobre ele, não fiquei no escuro. Mas é difícil ter uma clareza sobre o personagem na realização dele. Fico feliz porque existe uma conexão muito grande. Fico perdido nessa reconexão que estou tendo com meus ancestrais. Fico emocionado com esse trabalho. O quanto a gente necessita de líderes nesse momento tão difícil que a gente passa. E o povo negro, então, precisa muito de líderes. Termos consciência de onde a gente veio e para onde a gente vai. Meu personagem é considerado o rei da Pequena África. Tem uma ligação com o Dom Pedro II. É através desse contato é que ele se articula para acolher esse povo", expôs o ator Rogério Brito.
Perguntei a Vinícius Coimbra sobre a dificuldade dos novos protocolos sanitários nas gravações e se isso atrapalhou muito a dinâmica da novela. "Foi mais difícil para os autores e atores do que para gente. A Globo proporcionou para gente um ritmo que nos possibilitou isso. A gente tinha tempo para repetir se a cena não ficasse tão boa. Isso diminuiu. Com o tempo, o grupo foi relaxando e fazendo como fazíamos antes. Hoje em dia temos um ritmo de gravação bem parecido com o de uma novela normal. Antes estreávamos com 18 capítulos gravados. Agora estreamos com 60 capítulos. A gente conseguiu por causa do protocolo fazer num ritmo menor e pensar mais nas cenas. Os atores estavam muito preparados. Até acho que a novela está mais caprichada do que as últimas que eu fiz", declarou o diretor.
"A Pilar e a Keyla têm muito em comum, mas são bem diferentes também. Espero estar fazendo alguma coisa diferente para vocês. Estou tendo a sorte de reencontrar duas colegas de trabalho que também são minhas amigas. A Daphne (Bozaski) e a Heslaine (Vieira). A Daphne será minha irmã e a Heslaine terá o antagonismo. Aliás, com Heslaine serão muito embates, espero que gostem. É muito diferente", contou Gabi Medvedovski sobre a retomada da parceria com as colegas de "Malhação - Viva a Diferença" e "As Five".
"São histórias dos nossos ancestrais. Moro em um bairro onde recebo muitas duras de policiais. Ainda somos os que mais se arrebentam, os que mais sofrem. Já me acordaram várias vezes dentro de casa sem mandato, enfim. E tive que ver como fazer tudo isso numa cena. Esquecendo toda minha vida. É muito doido isso. Levo um sofrimento, uma dor que já vem da minha raiz. Estou contando uma história minha de certa forma", desabafou Michel Gomes, intérprete de Jorge/Samuel, par de Gabi na história.
Perguntado sobre a sensação de voltar ao ar em uma novela inédita, Alexandre Nero respondeu: "É de alívio, né. Nós estávamos com a coletiva marcada na época. E foi um susto o que aconteceu. Agora vai e a gente caminha pro fim. É uma sensação muito estranha. De nós estarmos caminhando pro fim e o público caminhando pro início. Porque vai dar pra assistir quase junto com o público, com o agravante da gente não poder mexer mais. Porque antes dava pra ajeitar algumas coisas diante da resposta de quem assistia. Mas estamos aliviados e na torcida de realmente acontecer. E o Tunico, meu personagem, não consigo defender. É ficcional, mas parece o mais real da novela", finalizou o ator. Mariana Ximenes acrescentou: "Compartilho com o Nero. É a primeira novela que vai estrear durante a pandemia. "Amor de Mãe" e "Salve-se Quem Puder" foram só a parte final, né. Vamos ver. É um jeito diferente de fazer novela. Sempre fizemos obras abertas e ouvíamos o telespectador. Agora já está tudo gravado. Mas por outro lado quando fazemos um filme já é assim mesmo. Vamos colocar esse bonde na rua. Estou ansiosa", disse a animada atriz.
A coletiva foi ótima para conhecer um pouco mais sobre o novo folhetim das 18h. "Nos Tempos do Imperador" tem tudo para ser uma novela de excelência. As imagens estão belíssimas. O bate-papo online só aumentou a expectativa pela nova produção. Que venha.
To ansiosa com essa novela mas espero que nao romantizem o Dom Pedro II como sempre fazem com o I.
ResponderExcluirJá posso prever que "Nos Tempos Do Imperador" será uma novela aclamada por público e crítica, com texto inspirado e interpretações irretocáveis, repetindo o sucesso de "Novo Mundo" (2017), que caía inclusive nas graças de crianças e adolescentes, por sua vez demonstrando avidez por estudar a História do Brasil. E, se ganhar o Emmy em 2022 ou 2023, será mais do que merecido.
ResponderExcluirGuilherme
Adoro os detalhes que voce traz dessas coletivas por videochamadas.
ResponderExcluirMeu Deus como a Mariana Ximenes estava linda pra uma mera coletiva pela internet.
ResponderExcluirPelo visto foi ótima e proveitosa essa coletiva!
ResponderExcluirAgora que seja assim a novela! abração,chica
Olá, tudo bem? Estou com boa expectativa. Comentarei no blog. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirOi, Sérgio!
ResponderExcluirFiquei curiosa com essa "continuação" porque gostei muito de "Novo Mundo".
Beijus,
Dom Pedro II tem tudo pra ser o melhor papel do Selton. 🙏
ResponderExcluirMuito ansioso para volta do Selton Mello às novelas
ResponderExcluirSendo da Globo, terá uma qualidade tremenda. Não vi o trabalho anterior.
ResponderExcluirBoa semana!
O blog está em Hiatus de Inverno entre 02 de agosto e 02 de setembro, mas comentaremos nos blogs amigos nesse período.
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Até mais, Emerson Garcia
Aguardemos, anonimo.
ResponderExcluirTb prevejo isso, Guilherme.
ResponderExcluirFaço pra voces, anonimo.
ResponderExcluirEstava,William.
ResponderExcluirFoi sim, Chica.
ResponderExcluirAbçs, Fabio.
ResponderExcluirEu tb, Luma.
ResponderExcluirPra vc tb, Teresa!
ResponderExcluirTem, anonimo.
ResponderExcluirPromete, anonimo
ResponderExcluirBom descanso, Jornalista.
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