Amante do riso, Paulo Gustavo arrebatava plateias

 O dia 4 de maio de 2021 marcou a partida de um dos artistas mais queridos do Brasil. Em meio ao catastrófico momento do país, com a pandemia do novo coronavírus fora de controle por conta de um governo negacionista, Paulo Gustavo faleceu em virtude de complicações da covid-19. Tinha apenas 42 anos e, ao contrário do que alguns disseram, não apresentava comorbidades e nem era grupo de risco. 

O ator estava internado desde o dia 13 de março e acabou intubado no dia 21 do mesmo mês. Apresentou melhoras discretas, mas entre domingo (01/04) e segunda-feira (02/04) teve sua situação agravada em decorrência de uma fístula bronquíolo-venosa, que permitiu a passagem de bolhas de ar para a corrente sanguínea, causando uma embolia e atingindo o sistema nervoso central. As informações deixaram os fãs e amigos muito preocupados e uma corrente de oração nas redes sociais foi intensificada, principalmente por Tatá Werneck, grande amiga do humorista. 

Infelizmente, ontem, dia 5, o hospital Copa Star enviou um boletim avisando que o estado de Paulo era irreversível. Na realidade, uma espécie de preparação para a imensa quantidade de fãs não sentir o baque. Mas não adiantou. Pouco tempo depois, o falecimento acabou confirmado.

O profissional multifacetado entrou para a triste estatística dos mais de 415 mil mortos pela pandemia no país. Mais uma pessoa vítima de uma doença que já tem vacina. O ator, vale ressaltar, chegou a publicar em suas redes sociais que não via a hora de ser vacinado. Não deu tempo. 

O primeiro passo para o sucesso foi a inspiração que sua mãe, Déa Lúcia, lhe deu para a criação de sua mais famosa personagem: Dona Hermínia. A desbocada matriarca apresenta várias características comuns a tantas mães e fez o Brasil se apaixonar e gargalhar. "Minha Mãe é uma Peça" estreou em 2006 e não demorou a estourar. A ideia de transformar a imitação de sua mãe em um monólogo veio depois de outro espetáculo: "O Surto", de 2004, onde esteve em uma esquete como convidado da atriz e amiga Samantha Schmutz. Em menos de dois meses, a peça virou um fenômeno de bilheteria com mais de dois milhões de espectadores, além de render ao intérprete o Prêmio Shell em 2006. O ator virou um arrebatador de plateias.

O êxito no teatro abriu portas para a televisão. Mas, curiosamente, Paulo nunca esteve em novelas ou nos canais abertos. A exceção foi a ótima série "Divã", em 2011. Sua consagração foi no Multishow, canal a cabo da Globo, onde ficou conhecido pelo hilário "220 Volts" (2011), programa que exibia esquetes de vários personagens criados por Paulo Gustavo. Senhora dos Absurdos, Maria Enfisema, Mulher Feia e Playboy foram alguns deles. Mas a Dona Hermínia também estava presente. O formato ficou no ar até 2016 e a Globo produziu um especial no final do ano passado. Foi no programa, exibido em dezembro de 2020, que o humorista mandou uma linda mensagem de encerramento que acabou se transformando em sua despedida. Vale citar ainda o "Vai que cola", que estreou no Multishow em 2013 e está até hoje no ar. O ator protagonizou as quatro primeiras temporadas e depois passou a aparecer em breves participações afetivas. 

Além do sucesso no teatro e na televisão, Paulo fez história no cinema. "Minha mãe é uma peça - O Filme" estreou em 2013 e foi visto por mais de 4 milhões de espectadores. O êxito resultou em duas sequências igualmente bem-sucedidas. "Minha mãe é uma peça 2" estreou em 2016 e levou mais de 9,3 milhões de pessoas ao cinema, enquanto "Minha mãe é uma peça 3" se tornou a maior recordista de bilheteria do cinema nacional: 11,6 milhões de espectadores. O terceiro longa ainda virou uma espécie de simbolismo da última ida ao cinema de muita gente. Porque pouco tempo depois veio a pandemia. 

Paulo Gustavo deixa o marido, Thales, e dois filhos do casal, Romeu e Gael, ambos com 1 ano e 9 meses. Também deixa uma mãe maravilhosa que o Brasil passou a conhecer graças ao seu talento. Parece que todos os brasileiros perderam alguém próximo da família com a partida deste profissional do riso que era um verdadeiro amante das artes. Vá em paz, Paulo!