quarta-feira, 10 de março de 2021

Juliana Paiva mostrou competência mesmo em um papel secundário em "A Força do Querer"

'Orelha' é um termo usado na teledramaturgia para definir um personagem criado exclusivamente para outro, sempre com maior destaque ou até protagonista, desabafar. O perfil não tem trama própria e vive a vida dos outros. Quase sempre resulta em um subaproveitamento de atores, sejam menos conhecidos ou consagrados. Por isso, muitas vezes os autores optam pela escalação de nomes pouco relevantes. Mas, no caso de Simone, em "A Força do Querer", em sua última semana de reprise, toda essa 'regra' foi deixada de lado.


A filha de Silvana foi escolhida pela própria Lília Cabral, que adorou o trabalho da colega em "Totalmente Demais" (onde viveu a hilária Cassandra, em 2016), e já vinha acompanhando a trajetória de Juliana. A veterana sugeriu o nome para o diretor Rogério Gomes, que prontamente atendeu, recebendo o aval de Glória Perez. E a escalação não poderia ter sido mais certeira. A atriz se sobressaiu logo no começo, mesmo tendo ainda cenas pequenas. Pouco tempo depois da estreia, ficou perceptível que era um tipo promissor no enredo. Uma expectativa acabou gerada.

Todavia, a ausência de uma trama própria frustrou parte do público e da própria crítica, em virtude do conhecido talento da atriz. Não há um conflito para chamar de seu. Realmente, vive o dos outros, principalmente o da mãe e o da prima(o) Ivana/Ivan (Carol Duarte). E nunca foi prometido algo diferente, até porque era uma personagem inicialmente nem pensada para ela --- e, sim, provavelmente, para uma intérprete menos conhecida.
Mas, apesar de representar um papel 'orelha', Juliana conseguiu bons momentos e protagonizou ótimas cenas ao longo da novela. Embora não tenha dramas para chamar de seus, a menina é um dos perfis mais interessantes do roteiro.

E Glória presenteou a atriz com várias cenas intensas nas semans finais, o que valorizou seu talento. O momento em que Simone se desesperou, após ter descoberto que Silvana tentou se matar, ingerindo vários comprimidos com álcool, foi comovente, destacando a total entrega de Juliana, que passou toda a dor e a angústia daquela filha, cuja principal característica é se preocupar com os outros. A garota ainda teve que acalmar o pai, Eurico, resultando em mais um emotivo instante ao lado do também ótimo Humberto Martins. Aliás, os dois repetiram a boa parceria, após o sucesso de "Totalmente Demais", onde foram sogro e nora. Vale citar, ainda, a bronca que a personagem deu em Dita (Karla Karenina), deixando claro que a empregada mais prejudica que ajuda a patroa.

Simone é uma espécie de anjo da guarda de "A Força do Querer". E sua principal protegida é Ivan, que recebe o apoio da prima em todas as horas, sendo sempre seu ombro amigo. Todo o processo da descoberta do filho de Joyce (Maria Fernanda Cândido), que adotou o nome de Ivan assim que se viu como trans, contou com a cumplicidade da menina. As cenas da dupla sempre foram boas e Juliana funcionava como escada. Ela cedia espaço para a colega brilhar porque era justamente a sua função naqueles momentos. E ainda assim expôs competência, emprestando um pouco da sua experiência para a maior revelação de 2017.

A sua sintonia com Lília Cabral é outro ponto positivo do enredo. A filha se comporta como mãe da mãe, pois é realmente isso que é. Silvana não se enxerga como uma viciada em jogo e sempre se acua quando é confrontada por Simone, uma vez que não suporta ouvir verdades. São sequências carregadas no drama e algumas até levemente cômicas. É sempre prazeroso vê-las juntas. Uma das cenas mais fortes do último capítulo foi justamente quando Simone acabou sequestrada por um agiota que cobrava uma dívida de jogo de Silvana. 

A atriz é uma grata revelação do remake de "Ti Ti Ti" (2009), onde viveu a mimada e chata Valquíria, após ter feito pequenas participações em "Viver a Vida" (2009) e "Cama de Gato" (2009). Seu auge foi em 2012, quando caiu na boca do povo com sua inesquecível Fatinha, a carismática periguete de "Malhação Intensa". Em 2013, convenceu na pele da patricinha Lili, a mocinha da fracassada "Além do Horizonte". Ou seja, sua versatilidade já estava mais do que comprovada, apesar de alguns insistirem que só havia feito perfis cômicos. E em 2015, a intérprete novamente se viu no centro das atenções com a impagável Cassandra, um dos melhores perfis da já citada "Totalmente Demais". Agora seu ótimo desempenho poderá ser visto com a reprise da primeira parte e a exibição da fase final inédita de "Salve-se Quem Puder", onde emocionou como a mocinha Luna, às 19h. 

E mesmo com um papel secundário em "A Força do Querer", Juliana Paiva se destacou e comprovou seu profissionalismo. Simone é aquela amiga que todo mundo gostaria de ter e uma das pessoas mais íntegras da trama de Glória Perez. A atriz mereceu todo o reconhecimento por mais esse bom trabalho há quase quatro anos.

6 comentários:

  1. Um dos poucos erros de Glória Perez em "A Força Do Querer" (2017) foi deixar alguns atores e atrizes subaproveitados na história, como por exemplo Edson Celulari e Juliana Paiva, mas eles foram devidamente recompensados em "O Tempo Não Para" (2018), mesmo que a obra de Mário Teixeira tenha perdido força com o passar dos meses.

    Guilherme

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  2. Olá Sérgio,
    Essa menina é ótima atriz desde a primeira novela quando ela fez a Valquiria no remake de Tititi.
    Big Beijos,
    Lulu on the sky

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  3. ELA FOI PERFEITA! EU AMO!

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