Ivana sempre sofreu pressão da mãe, a fútil Joyce (Maria Fernanda Cândido), para que fosse quase um clone seu. Na breve primeira fase da novela, que durou apenas o primeiro bloco do primeiro capítulo, ficou explícita a intenção da perua para com sua filha, transformando a criança em uma cópia mirim de si mesma.
A menina já demonstrava desconforto na época. O tempo passou, mas nada mudou, a não ser a vontade da garota, que cresceu e deixou de seguir as ordens da mãe. A personagem sempre teve mais compreensão do pai, Eugênio (Dan Stulbach). O que se via era uma mulher linda, mas sem qualquer vaidade, deixando de lado maquiagem acessórios, sapatos, enfim.
Já Nonato começou timidamente na história. Parecia uma mero figurante inicialmente. Mas não era. Pelo contrário, serviria para engrandecer o convidativo drama de Ivana. O rapaz deixou o nordeste para tentar a vida no Rio de Janeiro e começou a trabalhar como motorista do preconceituoso Eurico (Humberto Martins). Aos poucos, a autora foi revelando para o público a vida desse homem aparentemente muito tímido e retraído. Transformista e homossexual, ele precisou se portar como 'homem' para conseguir um emprego digno, pois declarou que no Brasil não dão emprego para pessoas como ele, que acaba entrando na prostituição. Mas Nonato faz questão de dizer que é muito bem resolvido e não quer se transformar em mulher. Gosta do seu corpo e adora interpretar a Elis Miranda, perfil que criou para se apresentar em shows. Não é transexual, é transformista.
Desde que se revelou para o telespectador, as cenas do motorista eram exibidas intercaladas com as da Ivana, que a cada dia tinha sua autoestima piorada em virtude da não identificação com seu corpo. O seu drama é o melhor enredo da novela e a condução de Glória foi de forma cautelosa, sem atropelos. A autora criou uma história que impossibilitou o telespectador de não se envolver com a angústia daquela garota. A situação virou uma poderosa arma para a reflexão até dos preconceituosos. Ela é um homem que nasceu no corpo de uma mulher. Tudo o que envolve os transgêneros ainda era muito 'novo' para o grande público em 2017, inclusive o fato de existir mulher que se 'transforma' em homem, mas segue se interessando pelo sexo masculino, como é o caso de Ivana.
E essa mescla com a vida de Nonato deixou o contexto ainda mais convidativo, expondo as diferenças entre transexualidade e transformismo. As cenas eram ótimas e destacaram o talento dos intérpretes. Silvero Pereira e Carol Duarte eram dois estreantes na televisão e não poderiam ter começado de forma melhor. Ele, na época, estrelava o espetáculo BR-Trans pelo Brasil e aproveitou o momento. Foi por causa deste trabalho do ator cearense que Glória o chamou para seu folhetim. Nonato foi defendido com competência e o perfil misturou humor e drama com maestria. Já Carol brilhou em todos os momentos, tanto como Ivana quanto como Ivan, já realizado com sua nova condição. Foi a grande revelação de 2017.
Glória Perez acertou em cheio na abordagem dos trans em "A Força do Querer" e valeu rever a apresentação simultânea de dois tipos tão parecidos e tão distintos.
Foi lindo mesmo!
ResponderExcluirO merchandising social em sua mais perfeita forma, a abordagem da transexualidade e do transformismo através desse paralelo entre Ivan (Carol Duarte) e Nonato (Silvero Pereira) em "A Força Do Querer" (2017).
ResponderExcluirGuilherme
Eu ja achei a abordagem BEM problemática.
ResponderExcluirA vida é feita todos os dias, não espere a sexta-feira ou o feriado para ser feliz. Cada dia da vida vale a pena ser bem vivido, pois cada dia pode ser especial.
ResponderExcluirSérgio, que espetáculo!!
ResponderExcluirRealmente foi o melhor que a novela poderia ter trazido...
Eu adoro a interpretação do Nonato, um grande artista!!
Tenha uma excelente semana querido amigo!!:))))
Dois personagens muito memoráveis que com certeza o Brasil torceu e se envolveu.
ResponderExcluirBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia