Ótimo em "Amor de Mãe", Irandhir Santos engrandece qualquer elenco

O talento de Irandhir Santos impressiona. Não há personagem que não interprete brilhantemente. Premiado ator de cinema, é um profissional respeitado e figura rara na televisão. Costuma selecionar muito bem seus trabalhos e tem o hábito de preferir sempre a mesma equipe. Por isso virou uma pessoa tão frequente nas produções dirigidas por José Luiz Villamarim. Certeza que esse fator pesou na hora de aceitar o Álvaro, grande vilão de "Amor de Mãe", que está em sua última semana.

É apenas o sétimo trabalho do ator na televisão e sua segunda aparição no horário nobre da Globo. A primeira foi em "Velho Chico", novela de Benedito Ruy Barbosa, exibida em 2016, onde viveu Bento dos Anjos, irmão de Santo (saudoso Domingos Montagner), e emocionou o público com seu desempenho. O intérprete agora teve a chance de mostrar uma nova faceta na pele de um perfil ambicioso e sem qualquer escrúpulo. O típico vilão maniqueísta presente em tantos folhetins.

Álvaro é dono da PWA, empresa do ramo do plástico em franca expansão. Polui o meio ambiente através de práticas ilícitas, era aliado de um miliciano que executava suas ordens sujas e passa por cima de quem se opõe a ele. Usa um cachimbo e está sempre bem vestido. Só falta um corvo no ombro.
O único fator que explora um pouco o lado humano do personagem é a paixão por Verena (Maria). No entanto, ainda assim, não respeitou o período de resguardo da mulher e a traiu com outra. Também não acreditou quando a funkeira contou que o filho era fruto de um estupro ---- depois se arrependeu. Ou seja, é um tipo mais caricato mesmo, o que não é demérito. O clássico empresário rico malvado.

A força cênica de Irandhir engrandece o vilão. Não por acaso virou um dos trunfos da novela. Os embates protagonizados pelo personagem destacam a entrega do ator, principalmente em cenas ao lado de Taís Araújo (Vitória) e Murilo Benício (Raul). No início da trama quem dividia bem a cena com ele era Vladimir Brichta, intérprete do ativista Davi, assim como Camila Márdila, que vivia a radical Amanda. Já as sequências com Maria exploram um lado mais carinhoso do empresário, ainda que tenha sido bem grosseiro com a namorada tempos atrás.

O melhor momento do intérprete na televisão, no entanto, não é a produção atual. Foi na pele do emotivo Zelão, no remake lúdico de "Meu Pedacinho de Chão" (2014), que Irandhir teve um imenso destaque e virou o mocinho do folhetim de Benedito Ruy Barbosa, dirigido por Luiz Fernando Carvalho. Mesmo longe de todos os esteriótipos possíveis de um "herói". O personagem ganhou o peso graças ao talento do ator. Simples assim. "A Pedra do Reino" (2007), "Amores Roubados", "Dois Irmãos" (2017) e "Onde Nascem os Fortes" (2018) foram outras produções que contaram com o seu brilhantismo.

Um dos acertos de "Amor de Mãe" é ter Irandhir Santos em seu elenco. Qualquer obra engrandece com sua presença e agora não é diferente.