"Aruanas" encerra primeira temporada com mensagem de esperança e bom gancho para uma continuação

Inicialmente prevista apenas para a Globoplay, "Aruanas" acabou exibida na íntegra pela Globo para suprir a ausência de produções inéditas em sua grade por conta da pandemia do novo coronavírus. E a decisão foi acertada. A série de Estela Renner e Marcos Nisti é um dos melhores produtos do serviço de streaming da emissora e o encerramento da primeira temporada impacta na medida certa, enquanto promove um bom gancho para uma continuação já planejada.

Após muitas investigações e situações tensas, o time da ONG Aruanas conseguiu provas contundentes para denunciar o inescrupuloso Miguel (Luiz Carlos Vasconcelos), empresário corrupto que devastou parte da Amazônia, infectou rios e dizimou povos indígenas para ampliar seus negócios. A tão esperada catarse acontece somente no último episódio com a sua prisão durante uma festa que contava com a presença até do Presidente da República.

Natalie (Débora Falabella), Luisa (Leandra Leal), Verônica (Taís Araújo), Clara (Thainá Duarte), André (Vitor Thiré), Pontocom (Ravel Andrade) e Falcão (Bruno Goya) se disfarçaram durante o evento e armaram uma emboscada para o empresário.
Uma sequência muito bem realizada e que até foi copiada na novela "Amor de Mãe", no núcleo do cansativo ativista Davi (Vladimir Brichta), mas sem o mesmo impacto. E o momento mais emblemático foi a prisão dos representantes da ONG, logo após a derrocada de Miguel. Naquele instante a realidade e a ficção se misturaram, o que honrou a maior característica da série.

Impossível não ter se emocionado com os gritos indignados dos personagens lembrando de vários ativistas assassinados, como Irmã Dorothy Stang, Waldemir Spanner, Terezinha Rios Pedrosa, Francisca das Chagas Silva, Silvino Nunes Gouveia, Edmilson Pereira dos Santos, Luiz Vieira Lima, Marielle Franco, Chico Mendes, entre outros. Crimes até agora não solucionados ou com inúmeras pontas soltas. Destaque para o show de interpretação de Leandra Leal, Vitor Thiré, Débora Falabella, Thainá Duarte e Taís Araújo.

Mas a parte ficcional também não ficou devendo e a cena de Verônica revidando as agressões da lobista sem escrúpulos Olga (Camila Pitanga em ótimo momento na pele de uma vilã fria) foi ótima, assim como a sequência do reflorestamento da parte desmatada em uma clara mensagem de esperança, apesar de tudo. Já a ligação de Luisa para Verônica, um ano depois, avisando que todos estavam em perigo, representou um bom enigma para a segunda temporada, que seria gravada agora se não fosse a pandemia.

"Aruanas" foi uma série de qualidade e apresenta uma boa estrutura para a continuação, até porque é uma temática bastante vasta e que nunca se esgota. Valeu a pena a Globo exibi-la na íntegra em sua grade. Merecia mesmo ser vista pelo grande público.