"Conversa com Bial" ficou ainda melhor com o novo formato

O "Conversa com Bial" estreou em maio de 2017, após uma longa jornada de Pedro Bial no comando do "Big Brother Brasil" (foram 16 temporadas em quinze anos). E o programa se mostrou um acerto. Escolhido para ocupar a faixa que abrigou por muitos anos o "Programa do Jô", o jornalista tinha uma responsabilidade grande: manter a qualidade das madrugadas. Conseguiu. Tanto que está até hoje no ar. Mas a pandemia do coronavírus alterou o formato. A plateia e as gravações em estúdio saíram de cena e o apresentador agora grava lives de casa com convidados.

A dinâmica da atração acabou alterada. Isso implicou em algo negativo? Pelo contrário. O formato ficou ainda melhor. O tom mais formal da "conversa" ficou de lado e agora virou um gostoso bate-papo intimista, onde a admiração dos convidados pelo entrevistador fica evidente. A recíproca é verdadeira, vale mencionar. Tem sido delicioso acompanhar as ótimas declarações que Bial consegue extrair dos entrevistados e todos sempre muito à vontade.

O nível dos convidados é elevado, assim como foi nas temporadas de 2017, 2018 e 2019. A credibilidade de Pedro Bial é incontestável e a forma como seu programa conquistou o público e os artistas é uma das muitas provas.
Em virtude da pandemia, a produção cogitou não exibir o programa em 2020. Pelo menos não no atual momento tão caótico. No entanto, a moda das lives proporcionou uma mudança de planos. A estreia a nova temporada foi confirmada, mas só começou na semana passada, dia 18.

E o primeiro programa já contou com a luxuosa participação de Glória Maria, que pela primeira vez contou em detalhes sobre a cirurgia delicada para a retirada de um tumor no cérebro. A jornalista ainda não tinha falado sobre o aneurisma que tanto a assustou e a longa amizade que tem com Bial (apresentaram o "Fantástico" durante dez anos) contou a favor. Foi uma estreia com o pé direito. Já a entrevista com Paulo Gustavo, no dia seguinte, teve o alto astral como protagonista. O humorista não costuma dar muitas entrevistas, mas aceitou o convite e o papo fluiu muito bem. Ainda apresentou seus dois filhos.

O grande Lima Duarte foi outro convidado que rendeu e Pedro teve o ''timing'' perfeito para chamá-lo, após a repercussão do vídeo gravado pelo veterano sobre o suicídio do colega Flávio Migliaccio. Os dois bateram um delicioso papo sobre a carreira do ator, o período tenebroso da Ditadura Militar, a pandemia e comentaram sobre o desastre do desempenho de Regina Duarte como Ministra da Cultura do atual governo. E a cereja do bolo da primeira semana da nova temporada foi a entrevista com Xuxa. A briga entre Globo e Record é declarada há anos, mas Pedro conseguiu autorização da concorrente. E vale ressaltar que o contrato da apresentadora está quase no final e o 'namoro' com o canal que há lançou está mais claro. Um volta, que antes era considerada impossível, não está descartada. Os dois falaram sobre a mudança dos programas infantis ao longo dos anos, a importância da televisão e a carreira de Xuxa. A entrevista foi ótima.

É preciso ainda aplaudir outra conversa maravilhosa do apresentador com William Bonner, exibida nesta terça-feira (26/05). O âncora do "Jornal Nacional" raramente dá entrevistas, mas abriu a exceção para o amigo e contou sobre seu pessimismo com o atual momento do país, onde o ódio virou protagonista. O jornalista falou dos ataques que sofre de militantes fanáticos e até das consequências enfrentadas pelo seu filho por conta disso. Também expôs a dificuldade emocional de comandar o telejornal em meio a tantas mortes por conta da pandemia. Outro grande momento do programa.

O "Conversa com Bial" soube se adaptar ao atual e triste momento do Brasil e conseguiu ficar ainda mais atrativo. A única crítica é a diminuição do tempo do programa. Os bate-papos duram menos de quarenta minutos. Alguns têm meia hora no máximo. Muito pouco tempo para conversas tão gostosas. Tirando esse detalhe, que ainda pode ser corrigido, a nova temporada só merece elogios.