A maior emissora do país e a segunda maior do mundo simplesmente resolveu parar com a produção da teledramaturgia até o surto melhorar ou o mundo entrar em normalidade. A indústria da Globo sempre foi a mais respeitada em virtude da extrema qualidade e organização de produção. Ao interromper os trabalhos, a empresa demonstra total preocupação com seus funcionários e respeito pelo público. Afinal, não adianta orientar a população para ficar em casa e não agir conforme o aconselhado. Mas a difícil e importante medida também expõe a estratégia sempre precisa do canal.
"Malhação - Toda Forma de Amar", escrita por Emanuel Jacobina, já se perdeu há muito tempo e chegaria ao fim com 278 capítulos. Houve um encurtamento grave e as gravações foram encerradas nesta terça.
Portanto, a trama foi prejudicada. Apenas Pedro Novaes (Filipe) e Alanis Guillen (Rita) gravaram o final dos personagens. Todo o elenco foi dispensado e os personagens terão seus finais apenas narrados. A solução destrói a conclusão do enredo, mas serve de lição para o autor. Se não tivesse enrolado tanto com os conflitos que nada acrescentaram, poderia ter apresentado desfechos mais dignos com antecedência. Para substituí-la, a emissora escolheu "Malhação - Viva a Diferença", escrita por Cao Hamburger, vencedora do Emmy Internacional. A escolha não foi um mero acaso.
Além de ter sido uma das melhores e mais elogiadas temporadas do seriado adolescente, a história protagonizada por cinco amigas totalmente diferentes que criam um vínculo inseparável ganhou um spin-off exclusivo na Globo Play, serviço de streaming da Globo. O sucesso da amizade de Keyla (Gabriela Medvedovski), Lica (Manoela Aliperti), Tina (Ana Hikari), Ellen (Heslaine Vieira) e Benê (Daphne Bozaski) fez tanto sucesso que ganhou esse especial já totalmente gravado no final de 2019 e com estreia prevista para o segundo semestre deste ano. "As Five" é o título final. Ou seja, a reprise é a chance de aumentar ainda mais a popularidade da trama.
A faixa das seis também será de "tranquilidade". "Éramos Seis", primoroso remake de Angela Chaves, baseado no romance de Maria José Dupré, está em plena reta final e as gravações acabam nesta quarta (18/03). A única alteração foi no número de atores escalados para o esperado casamento de Lola (Glória Pires) e Afonso (Cássio Gabus Mendes), desfecho jamais visto nas versões anteriores. Como a orientação da Organização Mundial de Saúde é fugir de aglomerações, a emissora diminuiu a quantidade de personagens na cerimônia. E o encerramento será realizado sem percalços.
A substituta de "Éramos Seis" é "Novo Mundo", folhetim repleto de qualidades escrito por Alessandro Marson e Thereza Falcão, exibido em 2017, sobre a época da independência do Brasil. Embora seja uma produção recente, a reprise é uma estratégia certeira para "Nos Tempos do Imperador", também escrita pelos mesmos autores, cuja estreia acabou adiada. Isso porque a nova trama será sobre todo o período do governo de Dom Pedro II (Selton Mello), filho de Dom Pedro I, vivido por Caio Castro na produção reprisada. Uma história é a continuação da outra. E ainda terá alguns personagens já vistos antes, como Germana (Viviane Pasmanter) e Licurgo (Guilherme Piva). Quem não conseguiu acompanhar a saga de Dom Pedro e Leopoldina (Letícia Colin) terá a oportunidade agora.
Já o caso da faixa das sete é típico de uma emergência. "Totalmente Demais", inesquecível novela de Rosane Svartman e Paulo Halm, um dos maiores fenômenos das 19h dos últimos anos, foi a escolhida para ocupar o lugar de "Salve-se Quem Puder", escrita por Daniel Ortiz, que entra em recesso. A história, exibida em 2015, do quadrilátero amoroso protagonizado por Eliza (Marina Ruy Barbosa), Jonatas (Felipe Simas), Arthur (Fábio Assunção) e Carolina (Juliana Paes) arrebatou o público e marcou a estreia da dupla de autores como novelistas da melhor forma possível. A Globo optou pela garantia do retorno de audiência e deixou o duvidoso de lado.
O mesmo caso pode ser aplicado ao horário nobre, ainda que a escolha tenha sido a mais controversa. "Fina Estampa", grande sucesso de Aguinaldo Silva, exibido em 2011, irá ao ar já na semana que vem no lugar de "Amor de Mãe". A trama de Manuela Dias é a que menos tem frente de capítulos e por esse motivo sai do ar no sábado (21/03), ao contrário de "Éramos Seis" e "Salve-se Quem Puder", que só saem da grade no dia 28. A história protagonizada por Pereirão (Lília Cabral) e a vilã Tereza Cristina (Christiane Torloni) acabou virando a novela do Crô (Marcelo Serrado) e fica até difícil lembrar do conteúdo apresentado. A seleção teve o motivo claro: foi a maior média de audiência da faixa das 21h dos últimos nove anos. Nenhuma outra conseguiu ultrapassá-la, nem mesmo o fenômeno "Avenida Brasil", atualmente no "Vale a Pena Ver de Novo". Porém, a repercussão foi infinitamente menor e a trama era repleta de esquetes esdrúxulas. Outro estranhamento inevitável é o fato do folhetim ser de Aguinaldo, recentemente demitido por conta do fracasso e das polêmicas de "O Sétimo Guardião". Ainda com a presença de José Mayer no elenco, também dispensado há cerca de 3 anos por conta de um caso de assédio. Já o enredo de "Fina Estampa" inexistia e os personagens eram nada marcantes, com exceção do citado Crô. Definitivamente não é uma produção que merece ser revista, mas, o intuito é apenas alcançar bons números enquanto a quarentena da população não acabar.
A mudança drástica na grade da Globo pode provocar um choque inicial, principalmente porque é a emissora que mais valoriza o hábito do telespectador. No entanto, a medida da empresa é de vital importância para a sociedade se conscientizar da gravidade do atual momento do mundo. Além de expor essa vital preocupação, ainda comprova que o canal segue com a melhor estratégia de manter sua audiência fiel há tantos anos.
28 comentários:
A conduta da Globo só pode ser aplaudida. Teve o maior cuidado de bem informar e ainda cuidar dos seus artistas, funcionários, operadores... Merece os parabéns! abração,chica e saúde pra todos nós!
claro. é hora de proteger todos, principalmente os mais vulneráveis. beijos, pedrita
FINA ESTAMPA???? A GLOBO BEBEU.
Quanto será que esse blog ganha pra puxar o saco da rede Globo tão descaradamente? Qual a necessidade de falar "a maior emissora do país, blá, blá..." querido, a Globo já foi excelente, hoje é um arremedo daquilo que foi um dia. É a primeira a usar sua programação pra difamar um presidente eleito democraticamente, a primeira a mandar um médico abraçar um estuprador de criança, etc. E aquela imbecilidade de big bosta vai continuar?
Aliás se aquele episódio REVOLTANTE da reportagem do Fantástico tivesse acontecido na Record ou qualquer outro canal esse blog ia fazer um textão metendo o pau, já imagino até o título: "A que ponto chegou o baixo nível da TV brasileira" mas como foi na rede Globo o blog se faz de sonso.
Novo Mundo foi bem inteligente reprisarem, mas as outras eu nao vi muito cabimento.
Anonimo, a Record que você elogia é aquela do Edir Macedo que disse que o corona é coisa do satanás e nao vai fechar suas igrejas porque pensa primeiro no dizimo e só depois nas pessoas?
Incentivar milhares de crianças do Brasil a mandarem cartinhas de amor a um pedófilo assassino e estuprador de criança tambem "expõe responsabilidade"? Seu patético, sai dessa bolha da Globo que vc se trancou nela, vai ver a realidade do mundo, VAI VIVER!
Um ótimo e preciso planejamento a Rede Globo fez em sua grade de programação durante a quarentena por conta do coronavírus, intensificando o jornalismo, mas sem deixar de lado o setor teledramatúrgico. E concordo que, com exceção de "Fina Estampa" (2011), a emissora acertou em cheio na escolha das novelas selecionadas para compensar esse período em virtude da integridade de seus contratados. "Fina Estampa" teve apenas Crô (Marcelo Serrado) como personagem marcante, e serviu para mostrar a sintonia perfeita entre Marco Pigossi e Sophie Charlotte, tanto que ela foi retomada em "Sangue Bom" (2013). No mais, é um folhetim completamente esquecível, e o final dele refletiu a péssima qualidade que apresentou ao longo de seus 185 capítulos.
Guilherme
Também achei. Tanto que depois disso a Record e o SBT imitaram.
dessas novelas, eu prefiro não ver fina estampa, mas a melhor malhação dos últimos anos (não vi o primeiro capítulo), novo mundo (perdi muitos capítulos) e totalmente demais (que ignorei a toda), essas me interessam, até porquê na época eu estudava no EJA (mostrado em segunda chamada) em 3 escolas e na época tentei me livrar das novelas pra me concentrar nos estudos, torço pelo fim ou a diminuição da covid-19.
A Globo está dando uma aula de planejamento e acertou em cheio em todas as mudanças da grade, incluindo o aumento de horas diárias de jornalismo. A escolha de Novo Mundo, Malhação - Viva a Diferença e Totalmente Demais foram extremamente acertadas. Quanto a Fina Estampa, a escolha é compreensível, mas a emissora perdeu a chance de escalar clássicos como A Favorita, América e Amor À Vida, e até ousar um pouco com Verdades Secretas ou algumas séries da Globoplay, mas é totalmente correto apostar no óbvio num momento tão instável.
Na teoria não deixa de ser verdade. A Globo é a maior emissora do país. É a emissora que detém a maior audiência (registrada pelo IBOPE), independente se a qualidade é como antes ou não. As suas novelas e seus programas jornalísticos são os mais famosos. Se os programas são bons ou ruins, isso eu não me importo, mas são mais conhecidos que os das outras emissoras nacionais.
Aproveita bastante Totalmente Demais. Umas das poucas novelas que acompanhei até o final.
Verdade, Chica.
Sem duvida, Pedrita.
Foi estratégia numerica mesmo, anonimo...Tb odiei a novela.
900 mil reais por semana, anonimo.
Entendo, anonimo.
Pois é, anonimo, o outro defende a Record que é de um sujeito asqueroso que acha o coronavírus invenção da midia pq nao quer largar o osso do dízimo...
Endosso seu comentário, Guilherme.
Fato, anonimo.
Então será ótimo pra voce, Danilo.
Sem duvida, anonimo.
É isso, anonimo.
Amei tb, anonmimo.
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