O capítulo foi irretocável. Parecia até o último. Rosane Svartman e Paulo Halm, juntamente com seus fiéis colaboradores, provocaram uma avalanche de emoções do primeiro ao último minuto. Teve tensão em nível máximo, uma catarse cinematográfica, além de momentos de ação, tristeza e sensibilidade, incluindo até especulações sobre o real destino de personagens. Os intervalos comerciais serviram para o telespectador recuperar o fôlego ou enxugar as lágrimas dependendo do bloco.
O incêndio que Diogo (Armando Babioff) causou na Prado Monteiro elevou a adrenalina da reta final e implicou em uma sucessão de cenas impactantes. Enlouquecido e já sem nada a perder, o vilão encurralou todos os funcionários da editora com uma arma apontada, enquanto o fogo devorava todo o acervo do lugar.
Nada mais significativo, vale mencionar, do que queimar livros diante do atual momento do país, onde a cultura é cada vez mais atacada e desprezada por políticos. A união da ficção e realidade que resulta em um entretenimento de alto nível.
A chegada de Nana (Fabíula Nascimento), Marcos (Rômulo Estrela), Paloma (Grazi Massafera) e Alberto)fez Diogo liberar os demais reféns. O advogado só deixou os quatro e Mário (Lúcio Mauro Filho) presos em meio ao fogaréu. Armando Babaioff está impecável desde o início, mas se entregou ainda mais na difícil sequência. Parecia mesmo um sujeito atormentado e sem qualquer esperança. Já a libertação de Gisele (Sheron Menezzes) proporcionou a típica virada que empolga o público e o instante que os dois caíram no chão em uma luta corporal implicou na salvação dos inimigos do vilão. Isso porque Diogo estava prestes a atirar no mocinho. Marcos até tentou salvar a mulher que salvou sua vida, mas Paloma o puxou para fora. A direção primorosa de Luiz Henrique Rios e equipe novamente merece aplausos. Até porque é difícil imprimir credibilidade em cenas de incêndio.
A morte de Gisele gerou uma grande comoção e destacou Diego Montez, que emocionou recitando "Geni e o Zepelim", de Chico Buarque. Uma comparação precisa sobre a trajetória da vilã que se regenerou. O musical "Ópera do Malandro" também foi lembrado pelo personagem. Mas como os corpos do ex-casal não foram encontrados, a dúvida sobre o destino deles seguirá viva até o final da novela. Uma bela sacada dos autores. E o que comentar da sequência da entrada dos funcionários da Prado Monteiro, dias após o incêndio? O choque de todos diante da editora carbonizada emocionou e logo cedeu lugar ao momento mais emblemático do folhetim até então. Alberto leu um trecho do final de "Fahrenheit 451", de Ray Bradbury, mesmo livro que lia enquanto a sua empresa era incendiada e, ironicamente, um dos poucos objetos que escaparam do fogo. "Nos tempos antes de Cristo, havia uma ave estúpida chamada Fênix que a cada cem anos construía uma pira e se consumia em suas chamas. Deve ter sido prima-irmã do homem. Mas toda vez que se queimava ressurgia das cinzas e novamente renascia. Parece que estamos fazendo e refazendo inúmeras vezes as mesmas coisas, mas com uma vantagem que a Fênix nunca teve: nós sabemos a estupidez que acabamos de cometer. Conhecemos todas as coisas estúpidas que estivemos fazendo nos últimos mil anos. Desde que não esqueçamos disso, algum dia deixaremos de construir as malditas piras funerárias e saltar dentro delas. A cada geração escolheremos mais pessoas que se lembrem disso. E assim até o infinito."
A continuação da cena teve um texto brilhante dos autores, homenageando vários clássicos da literatura. "Olhando isso aqui parece que estamos olhando um campo de batalha dizimado pela guerra. Recolhendo os cadáveres dos nossos entes queridos. Mas, assim como nossos herois, eles não serão esquecidos". "Não. Eu sou Grande Sertão Veredas", disse Nana. "Eu sou O Tempo e o Vento", completou Mário. "Eu sou Madame Bovarry", falou Vera (Ângela Vieira). "Eu sou Alice", emocionou Paloma. "Eu sou Peter Pan", proferiu Marcos. "Eu sou Doutor Jivago" (Leila - Alexandra Martins), "Eu sou Quarto de Despejo" (Gláucia - Shirley Cruz), "Eu sou Crime e Castigo" (Thaissa - Yasmin Gomlevsky), "Eu sou Gabriela Cravo e Canela" (Toshi - Bruna Aiiso), "Eu sou Sherlock Holmes" (Evelyn - Mariana Molina), "Eu sou Dom Casmurro" (Leonel - Antonio Carlos Santana), "Eu sou Policarpo Quaresma" (Jeff - Felipe Haiut), "E eu sou Don Quixote de la Mancha", finalizou Alberto. Uma cena de arrepiar.
É importante lembrar que Rosane e Paulo declararam que os capítulos estavam atrasados na grade da Globo e por isso a morte de Elias (Marcelo Faria) acabou exibida em pleno Natal ---- todavia, rendeu uma audiência excelente com picos de 27 pontos. Mas agora os autores garantiram que a trama finalmente está no tempo certo. Ou seja, o planejamento era mesmo exibir esse primoroso capítulo no penúltimo sábado de "Bom Sucesso". Uma ousadia que merece reconhecimento. Foi um dia de fortes emoções para quem ficou em casa. Um presente. E o gancho transbordou sensibilidade com o início da encenação para a 'despedida' de Alberto, toda dirigida por Sofia (Valentina Vieira). O texto para finalizar o brilhante capítulo, descrevendo a gigante biblioteca do avô da menina, não poderia ter sido melhor: "Essa é a catedral onde os Deus das artes e das ciências repousam esperando serem chamados para que o pobre homem que padece de ignorância e insensatez seja iluminado pelo saber".
Eu to impactada até agora.
ResponderExcluirEssa novela tem cara de novela e alma de novela diferente daquela Amorde Mae que transborda pretensão em cada cena.
ResponderExcluirÉ cada trunfo que Rosane Svartman, Paulo Halm e seus fiéis colaboradores reservam para os telespectadores, e tudo fica ainda mais incrível quando esses trunfos são contextualizados da maneira mais natural possível nas tramas. Palmas para eles por fazerem isso com perfeição! A semana decisiva do atual cristal da faixa das 19h30min, como todas as outras, está imperdível, e a reprise do derradeiro capítulo contará com algumas cenas inéditas. Fenômeno teledramatúrgico em todos os sentidos faz assim! E para quem "critica" as fases mais recentes de "Bom Sucesso", certamente se iludiu achando que haveria apenas leveza no folhetim durante todo o seu ciclo e não conhece de fato o estilo dos autores. Mas a opinião deles não tem qualquer relevância e credibilidade, ainda mais se passam pano para os equívocos dos autores preferidos em suas obras. E vamos curtir intensamente os momentos finais de "Bom Sucesso"!
ResponderExcluirGuilherme
Eu te vi no Papo de Novela e os autores se derretendo em elogios a voce, Sérgio. Voce merece!!!!
ResponderExcluirEm férias, vim agradecer teus carinhos,Sergio! abração praiano,chica
ResponderExcluirUm emoção atrás da outra. Podia ter sido o ultimo capitulo que ficaria perfeito.
ResponderExcluirNovelão da Porra!
ResponderExcluirEssa novela está muito boa.
ResponderExcluirConvido vc para participar da minha PESQUISA DE PÚBLICO
Big Beijos
Lulu
Cenão, anonimo.
ResponderExcluirConcordo, William.
ResponderExcluirÉ isso, Guilherme
ResponderExcluirObrigado, anonimo.
ResponderExcluirEu que agradeço, Chica.
ResponderExcluirVdd, anonimo.
ResponderExcluirNovelão, Cinthia.
ResponderExcluirFoi msm, Lulu.
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