Ao contrário de quase todos os folhetins, a trama teve como mote central a amizade improvável entre um homem milionário da zona sul do Rio de Janeiro e uma humilde costureira da zona norte, do bairro de Bonsucesso, conhecida área do subúrbio. Não era um par romântico. Mas continuava sendo uma história de amor. Ainda que o personagem tenha alimentado uma paixão platônica por um tempo, nunca houve um foco nisso e ela nunca ficou sabendo justamente para a relação não sofrer rachaduras.
Alberto Prado Monteiro, dono de uma famosa editora de livros, nunca foi um pai amoroso ou um exemplo de homem afável. E seu péssimo humor se acentuou quando descobriu um câncer terminal. Já sem vontade alguma de viver, contava apenas seus dias. Mas o encontro com Paloma da Silva mudou tudo.
Isso porque houve uma troca de exames e a costureira achou que morreria em seis meses, enquanto o empresário retomou a esperança com uma cura milagrosa. O mal entendido, no entanto, acabou desfeito logo na primeira semana de novela e um resolveu procurar o outro. Conseguiram se encontrar e um vínculo foi criado.
Afinal, Paloma sempre foi uma apaixonada por livros --- o nome de seus três filhos é fruto de inspirações em clássicos da literatura --- e se deparou com um "parque de diversões" quando conheceu a imensa biblioteca do também amante da leitura. A amizade se estreitou assim que Alberto a chamou para ser sua acompanhante. Um emprego dos sonhos. O trabalho da personagem era apenas ensiná-lo a viver. Enquanto a mocinha apresentou o mundo do samba e a simplicidade das pequenas diversões, o dono da editora Prado Monteiro mostrou a grande variedade de histórias já escritas por tantos autores famosos.
Os sonhos idealizados por Paloma, sempre no momento que ouvia a narração de algum trecho de livro, eram repletos de sensibilidade e fantasia. Tinha tudo para dar errado, mas a direção de Luiz Henrique e sua equipe evitou qualquer risco de algo mais tosco ou thrash. O resultado ficou lindo de se ver e as cenas nem duravam muito tempo. No máximo uns dois minutos. E como foi boa a parceria dos atores.
Antônio Fagundes sempre foi um apaixonado por livros e esse papel tinha que ser dele. Não por acaso ficou tão à vontade em cena e plenamente realizado. Era visível a alegria do veterano com o seu trabalho na novela. Alberto já é um dos melhores personagens de sua longa carreira. E Grazi honrou o protagonismo com louvor. Seu amadurecimento cênico é incontestável. Paloma foi uma mocinha apaixonante e interpretada com vivacidade. Após o sucesso como Larissa em "Verdades Secretas" (2015), a atriz merecia um outro desafio. E ganhou com essa personagem humilde, trabalhadora e mãe de três filhos. Alguém imaginaria Grazi vivendo um tipo assim? Difícil. Mas deu show.
E as cenas gravadas no Carnaval de 2019 foram as primeiras dos atores. Eles não tinham ideia da trajetória dos personagens ao longo da novela. Ainda assim, conseguiram passar toda a emoção e a cumplicidade de Alberto e Paloma em pleno Sambódromo. Já é uma das sequências mais arrepiantes de 2020 com larga vantagem. Que planejamento preciso de Rosane Svartman e Paulo Halm.
A novela das sete que conquistou o público fará muita falta e aquela incômoda sensação de vazio já se faz presente. Foram seis meses bem "vividos". E o lindo entrosamento de Antônio Fagundes e Grazi Massafera será uma das muitas saudades que "Bom Sucesso" deixará.
Sérgio, endosso todo o seu texto e confesso que, além de estar a mil com os capítulos da semana final de "Bom Sucesso", estou adorando ver a página deste blog com as publicações mais recentes majoritariamente repleta de textos elogiando o fenômeno escrito por Rosane Svartman e Paulo Halm, glorioso desde a estreia. E também aguardando mais dois textos sobre os trunfos da novela, sendo que um deles você produz de forma magnífica acompanhado de uma "moldura" relativa a ela.
ResponderExcluirGuilherme
E olhe, fui o primeiro a comentar esse texto! 😊
ResponderExcluirGuilherme
To chorando até agora...
ResponderExcluirQue novela PERFEITA!!!! NAO QUERO QUE ACABE!!!!
ResponderExcluirEssa novela nao pode acabar. Eu to chorando em todos os capitulos e esse seu texto traduz isso!
ResponderExcluirQue show do Fagundes e da Grazi.
ResponderExcluirUe é so bom sucesso aqui nesse blog agora? Tudo bem da para perceber que voce adora essa novela e que esses autores sao seus favorito ok eu percebo mas e amor de mae? Que ja esta no ar faz algum tempo e voce ate agora so escreveu um texto sobre ela e depois nunca mais,nao tem algo a dizer sobre essa novela nao?
ResponderExcluirEu sempre venho com textões, mas dessa vez não vai rolar. Nem acredito que vai acabar. Não costumo me prender a novelas, mas é do meu mundo que estão falando. (Me sentia importante quando eles estavam lendo algum livro que eu já havia lido. Vontade de entrar lá e participar da conversa. Kkkkk)
ResponderExcluirE essas cenas finais estão profundamente emocionantes do meu gosto não acabava nunca.
Espero que a novela tenha despertado o gosto pela leitura nos brasileiros.
Sérgio, desculpe-me pela gafe no meu primeiro comentário sobre esse texto. É que eu pensei que ontem haveria texto inédito sobre "Bom Sucesso". Mas tudo bem, no fim da noite de hoje verei a "moldura" emblemática que o nosso xodó teledramatúrgico merece.
ResponderExcluirGuilherme
Fico honrado, Guilherme.
ResponderExcluirTe entendo, anonimo.
ResponderExcluirTb nao queria, anonimo!
ResponderExcluirPois é, Melissa...
ResponderExcluirShow, anonimo.
ResponderExcluirSim, anonimo, foi semana só disso pq era a novela de maior audiencia e estava acabando cheia de cenas lindas, enquanto a outra nao aconteceu grandes coisas, há de convir...
ResponderExcluirLeitora, te entendo muito.... kkkk
ResponderExcluirSem problemas, Guilherme.
ResponderExcluir