Gugu Liberato deixou sua marca na televisão brasileira

A morte de Gugu Liberato, aos 60 anos, anunciada na sexta-feira passada, dia 22, chocou o Brasil. O apresentador teve morte cerebral, após um grave acidente sofrido em sua casa, nos Estados Unidos, onde caiu de uma altura de quatro metros, batendo a cabeça em uma quina. É aquele tipo de perda traumática e totalmente inesperada. Uma fatalidade, assim como aconteceu com o ator Domingos Montagner, morto em setembro de 2016, vítima de um afogamento, citando apenas um exemplo relativamente recente.

Gugu foi um dos principais apresentadores de TV no Brasil. Entre 1981 e 2003, fez carreira no SBT no comando de programas até hoje lembrados como "Viva Noite" e "Sabadão Sertanejo", além do clássico "Domingo Legal", até hoje no ar, sob o comando de Celso Portiolli. A disputa de audiência com o "Domingão do Faustão" na década de 90 era ferrenha e os apresentadores sempre alternavam entre o primeiro e segundo lugares. Hoje em dia a hegemonia da Globo é  incontestável, mas na época a líder lutava para se manter a liderança dominical e seu maior obstáculo era Gugu.

O apresentador tinha três filhos com a médica Rose Miriam di Matteo: João Augusto, de 18 anos, e as gêmeas Marina e Sophia, de 15 anos. Muito reservado, Gugu mantinha a vida pessoal longe dos holofotes e amava ficar em família. A casa comprada nos E.U.A., inclusive, teve esse objetivo: aproveitar mais o tempo com todos.
Desde que migrou para a Record, em 2009, o comunicador diminuiu o ritmo de trabalho e nos últimos anos apresentava formatos de temporada, comprados de fora pela emissora, como o "Canta Comigo" e o reality de casais "Power Couple". Aliás, mesmo no canal dos bispos, nunca perdeu a "cara" do SBT. Tanto que na maioria das homenagens houve um predomínio de imagens na emissora de Silvio Santos.

O dono do SBT sempre foi uma inspiração para Gugu. Aos 13 anos, conseguiu se aproximar ao lhe entregar uma carta. Um ano depois, conseguiu trabalhar como auxiliar de produção do empresário, que na época trabalhava na Globo e nem sonhava em criar uma emissora. Em 1982, Gugu passou a apresentar seu primeiro grande sucesso na então TVS: o "Viva Noite". A atração, que alavancou sua carreira, teve destaque por trazer números musicais de artistas em alta na época. Já em 1987, Gugu assinou contrato com a Globo, mas Silvio Santos foi pessoalmente conversar com Roberto Marinho e conseguiu a liberação do apresentador. Uma situação que marcou época.

O SBT representou tudo para a carreira de Gugu. Comandou atrações como "Corrida Maluca" e o inesquecível "Passa ou Repassa", além do já mencionado "Sabadão Sertanejo". O sucesso do "Domingo Legal" transformou o programa em um clássico dos domingos e quadros que tiveram imensa repercussão até hoje são lembrados, como "Banheira do Gugu", "Táxi do Gugu" e "Gugu na Minha Casa". Até no mercado musical o apresentador se arriscou e conseguiu êxito. A música "Pintinho Amarelinho" virou febre, assim como sua linha de brinquedos, que deixou pais desesperados com os filhos que queriam o "Pula-Pula do Gugu", "Parque do Gugu", entre tantos outros.

A importância de Gugu para a televisão brasileira foi exposta através de inúmeras homenagens de SBT, Record, Rede TV! e Band. Mas a cobertura da Globo merece menção especial por ter fugido do "protocolo" da emissora, que costuma valorizar bem mais os artistas da própria casa. As matérias de todos os telejornais da líder esbanjaram respeito e admiração pela trajetória do apresentador, sendo necessário citar também a mensagem carinhosa de Faustão, seu eterno rival. Fausto não foi hipócrita e assumiu que não eram amigos, mas afirmou com veemência que jamais foram inimigos. Apenas adversários. E enalteceu o sucesso do concorrente. Bonito de ver.

Gugu Liberato nunca será esquecido por seus fãs e admiradores. Sua morte reforça o traumático ano de 2019, repleto de perdas dolorosas do meio artístico. Siga em paz, Gugu!