terça-feira, 22 de outubro de 2019

Armando Babaioff vive seu melhor momento em "Bom Sucesso"

Não são poucas as reclamações a respeito da repetição de atores na televisão. Na Record e no SBT a prática sempre foi comum até pela dificuldade dos canais em contratar os grandes nomes da Globo. No entanto, até a líder passou a sofrer do mesmo "mal" em virtude da contenção de despesas. Para não deixar muitos atores ganhando sem trabalhar, virou rotina o chamado contrato por obra ou então a emenda de trabalhos. Isso resultou, inevitavelmente, na saturação de alguns profissionais. Por isso mesmo é tão prazeroso ver Armando Babaioff com um perfil de destaque em "Bom Sucesso".


O talentoso ator merecia essa oportunidade há muito tempo e nunca foi muito valorizado pelos autores. A única escritora que sempre lembrava de escalá-lo para suas produções era Maria Adelaide Amaral. Não por acaso, ganhou um de seus papéis mais marcantes no remake de "Ti Ti Ti", o gentil Thales, que se envolveu com o retraído Julinho (André Arteche) e protagonizou sensíveis cenas na trama das 19h. A escritora também contou com seu talento em "Dercy de Verdade" (2012), "Sangue Bom" (2013) e "A Lei do Amor" (2016). No entanto, sem personagens de muito destaque. 

A estreia de Babaioff na televisão foi em "Páginas da Vida", exibida em 2006. Nunca foi uma figura muito requisitada, o que despertava estranhamento. Afinal, sua competência é visível e podia ter sido mocinho de várias tramas, por exemplo. E sua última participação foi em "Segundo Sol", ano passado, na pele do baiano Ionan.
O perfil até teve sua importância aumentada na história problemática de João Emanuel Carneiro graças ao bom desempenho do ator. Pena que o enredo em torno da esposa ciumenta e do seu envolvimento com uma mulher até então lésbica nunca ajudou. 

Finalmente a oportunidade merecida chegou com "Bom Sucesso". Armando ganhou de presente de Rosane Svartman e Paulo Halm o grande vilão do folhetim. Diogo é um advogado sem escrúpulos que se casou com a complexa Nana (Fabíula Nascimento) por interesse na fortuna de seu sogro, Alberto (Antônio Fagundes), e não mede esforços para conseguir o que deseja. Tem Gisele (Sheron Menezes), secretária de sua esposa, como amante e cúmplice de suas armações. Enfrenta o desprezo justificável de Sofia (Valentina Vieira), sua enteada, e a constante desconfiança de Marcos (Rômulo Estrela), seu cunhado. O canalha ainda tem o deboche como principal característica.

Inicialmente, o personagem caminhava mais para a comicidade do que para a vilania. A sua ironia fina era deliciosa e o ator chegou a protagonizar divertidos momentos ao lado de Antônio Fagundes, Sheron Menezzes, Rômulo Estrela e Valentina Vieira. Todavia, o vilão foi ganhando tons mais pesados ao longo do folhetim e a virada na trajetória do advogado foi o abuso praticado contra a própria esposa. Como teme uma separação, o mau-caráter trocou o anticoncepcional da mulher por pilulas de farinha e a embebedou para transar. Pena que a cena da discussão do casal foi cortada, pois renderia bons momentos para os atores, mas ao menos o contexto ficou subentendido.

Diogo tem ficado cada vez mais intimidador e Armando honra a confiança dos autores. É um vilão maniqueísta, sem qualquer traço de humanidade. E não há demérito nisso. Inclusive, o intérprete se destacou nas cenas em que o advogado ameaçou a vida de Mário (Lúcio Mauro Filho) em um quase atropelamento --- por ter flertado com Nana --- e intimidou William (Diego Montez) --- por ter chantageado Gisele. A virada psicológica do perfil se deu quando matou, "acidentalmente", o poderoso Eric (Jonas Bloch). Diogo não previa o crime, mas gostou do resultado. Desde então, sua conduta só  piora. Outra sequência merecedora de elogios foi o quase assassinato de Alberto. O canalha tentou envenenar o sogro, todavia, a xícara com a toxina foi trocada em uma brincadeira de Marcos durante o "desaniversário" de Sofia, em uma alusão ao clássico "Alice no país das maravilhas". Uma das muitas situações bem inspiradas do folhetim. E, como é o principal vilão, muitas outras sequências ainda virão para Babaioff mostrar sua versatilidade. Afinal, o ator ficou mais marcado pelos tipos íntegros e simpáticos.

"Bom Sucesso" vem apresentando inúmeras qualidades e uma delas é a presença de Armando Babaioff no elenco em um perfil que honra seu talento. O ator ainda declarou recentemente que o tique de mascar o chiclete de nicotina foi ideia sua, pois o advogado seria um fumante e o diretor Luiz Henrique Rios achou melhor não ter cigarros em cena por conta da classificação indicativa. O intérprete, então, teve essa solução e funcionou muito bem. Diogo, não por acaso, tem tudo para ser o melhor personagem de sua carreira até o momento. 

22 comentários:

  1. Sabia que esse texto viria!!!! Ele tá maravilhoso demais!!!

    ResponderExcluir
  2. Até que enfim ganhou um personagem que valoriza seu talento.

    ResponderExcluir
  3. Você sempre valorizando quem merece. Parabéns.

    ResponderExcluir
  4. Espero que isso mude daqui pra frente, Armando Babaioff está ótimo na novela é um ator de muito talento já deveria ser protagonista a muito tempo.

    ResponderExcluir
  5. A cada dia que se passa, "Bom Sucesso" fica ainda mais fascinante e merecedora de todas as avaliações positivas de blogueiros, críticos e colunistas de TV. E Armando Babaioff realmente foi presenteado com um personagem repleto de nuances e camadas, haja vista a ótima construção dele por parte de Rosane Svartman e Paulo Halm. O vilão Diogo é um dos tantos acertos dessa novela tão querida não só por mim, mas também pelas pessoas especificadas no início do meu comentário. E eu o admiro ainda mais, Sérgio, por testemunhar e detalhar todos os momentos de glória da obra para os telespectadores e fãs assíduos dela. Parabéns.

    Guilherme

    ResponderExcluir
  6. Uau Sérgio, finalmente um texto de peso para o perfeito Armando Babaioff !
    Que ator e fico intrigada por nunca ter sido valorizado como merece!!
    Ele é excelente e ainda bem que você teceu esse belíssimo artigo amigo!!
    Um grande beijo e uma semana maravilhosa!!! :))))

    ResponderExcluir
  7. Eu o conheço desde Ti ti ti. E ele sempre foi magnífico. Que bom que tem seu talento reconhecido agora. Em uma madrugada dessas eu o vi na Lapa-RJ acompanhado de amigos. É mais lindo pessoalmente do que na TV. Fico contente por ele. Merece muito o bom momento.

    ResponderExcluir
  8. Ele é maravilhoso!!! Texto merecidíssimo. Em tempo, Bom Sucesso é tão delicada, lembra muiyo os novelões do Maneco. Isso é genial.

    ResponderExcluir
  9. *contenÇão de despesas

    ResponderExcluir
  10. Desde Sangue Bom torcia para ele ganhar um papel grande. Amei o personagem dele na novela e shipava muito o par que ele fazia com LEtícia Sabatella.

    ResponderExcluir
  11. Pode haver telespectadores que reclamem do Natal e do Réveillon fora de época em "Bom Sucesso". No entanto, eles deveriam saber que o tempo narrativo da novela difere do "tempo real". E espero que nenhum deles tenha passado pano para as cenas de festividades de fim de ano na decepcionante "Órfãos Da Terra" (2019) exibidas em pleno mês de agosto, e no mês de maio houve uma passagem de tempo de três anos que comprometeu a credibilidade do enredo de Duca Rachid e Thelma Guedes. Soube recentemente que a Rede Globo foi acusada de apologia ao aborto com a trama da gravidez de Nana (Fabíula Nascimento) no atual folhetim das 19h30min. Total falta do que fazer da parte de quem fez essas especulações. Há quem diga que Eric (Jonas Bloch) era muito mais vilão que Diogo (Armando Babaioff), e talvez tenha até certa razão, apesar de Armando, na pele de Diogo, cumprir dignamente o papel de ser o antagonista-mor da obra. Quem diz isso então deveria reconhecer que, em "Órfãos Da Terra", Aziz (Herson Capri) era muito mais vilão que Dalila (Alice Wegmann), que não passou de uma chacota, apesar de Alice ter defendido como pôde a personagem que interpretava no recém-encerrado produto da faixa das 18h15min. "Bom Sucesso" pode ter (ou não) seus pontos a serem discutidos. Porém, na minha humilde opinião segue sendo a melhor novela em exibição, e sonho com a promoção de Rosane Svartman e Paulo Halm à faixa mais nobre da emissora. Mas, claro, tudo em seu devido tempo.

    Guilherme

    ResponderExcluir
  12. Ele está ótimo e que novela maravilhosa muito bem dirigida e com um excelente texto e elenco, os autores usam da emoção algo que não vem sendo muito usado nas novelas.

    ResponderExcluir