O roteiro de Duca Rachid e Thelma Guedes começou arrebatador. A trama em torno dos refugiados e os conflitos do casal Jamil (Renato Góes) e Laila (Julia Dalavia) despertaram interesse, além da narrativa ágil e da riqueza de possibilidades em cima a vilania de Aziz Abdallah (Herson Capri) e sua filha Dalila (Alice Wegmann). Parecia um novelão, ainda com uma direção primorosa de Gustavo Ferdández. E foi assim em toda a primeira fase.
Todavia, as autoras queimaram a largada. Apressaram demais a condução do enredo e não tinham cartas na manga para manter o telespectador entusiasmado depois das viradas iniciais. O assassinato do grande vilão foi o maior erro da dupla. Primeiro, porque o mistério a respeito do famigerado "quem matou?" foi deixado de lado e o crime ficou gratuito.
Segundo, porque a vingança de Dalila não ficou convincente e a personagem não conseguiu substituir o pai à altura. Para culminar, as escritoras também mataram Soraia (Letícia Sabatella), única pessoa que deixava a filha do sheik mais humana e ainda protagonizava um lindo romance proibido com Hussein (Bruno Cabrerizo) --- outro perfil desperdiçado.
Os dramas que restaram não sustentam a novela. Os mocinhos (já casados e com filho) viraram figurantes; o casamento de Almeidinha (Danton Mello) e Zuleika (Emanuelle Araújo) fez o par perder importância; a vingança da vilã destruindo a vida de Miguel (Paulo Betti) no jogo não tem cabimento e o triângulo formado por Helena (Carol Castro), Elias (Marco Ricca) e Missade (Ana Cecília Costa) irrita, apesar do talento dos atores. Até mesmo o núcleo divertido da briga de árabes e judeus ficou cansativo por causa de um "sequestro" gratuito. A passagem de tempo de três anos, inclusive, deixou o conjunto bem menos crível. Parece que não tem mais história para ser contada até outubro.
E "Verão 90" se perdeu antes de completar dois meses no ar, coincidentemente quase a mesma época da trama das seis. Mas o caso da produção das sete é mais grave porque não chegou nem a apresentar uma boa história de fato. O enredo sobre a Patotinha Mágica, grupo musical infantil composto pelos teoricamente três personagens principais, durou apenas a metade do capítulo de estreia e pouco serviu para o andamento do roteiro. Aliás, que roteiro? O folhetim logo virou um amontoado de esquetes soltas e o fio condutor se resumiu ao plano de Jerônimo (Jesuíta Barbosa) para incriminar João (Rafael Vitti) pela morte acidental de Nicole (Bárbara França). Muito pouco para um formato com tantos atores e que dura cerca de seis meses no ar.
Aliás, a trama de Jerônimo parecia a mais interessante da produção e a parceria com a 171 Vanessa (Camila Queiroz) funcionou. Todavia, a total ausência de desdobramentos interessantes apagou o par ao longo dos meses. O mesmo ocorreu com Larissa (Marina Moschen) e Diego (Sérgio Malheiros), o melhor casal da novela. Os dois praticamente sumiram depois que ficaram juntos no bom capítulo envolvendo a troca de noivas em pleno altar, onde Quinzinho (Caio Paduan) decidiu ficar com Dandara (Dandara Mariana). Já os mocinhos nunca chegaram a se destacar em virtude da falta de conteúdo. João e Manuzita (Isabelle Drummond) ficaram juntos rápido demais e até os motivos para os breves rompimentos eram bobos. O grande erro do conjunto foi justamente a inexistência de um enredo a ser contado. A direção exagerada de Jorge Fernando também prejudica, além das referências equivocadas aos anos 90.
"Órfãos da Terra" e Verão 90" são novelas que começaram bem e se perderam relativamente cedo. Outra similaridade foi a perda de relevância dos mocinhos em virtude da falta de conflitos ou trama convidativa. Ainda há a coincidência em torno da audiência estável de ambas: a média é satisfatória, embora longe de estrondosos sucessos. No caso da trama das sete, não há mais salvação --- se encerra no final de julho. Já a das seis ainda apresenta um resquício de esperança em, ao menos, melhorar um pouco até outubro. Mas está a cada dia mais difícil.
Duas novelas horriveis que os haters do novelão A Dona do Pedaço amam e por isso nao tem moral pra falar nada.
ResponderExcluirEsperando você fazer um texto criticando as incoerências de Á dona do pedaço, também. Como: matador que não sabe nem quem vai matar, sendo que seu alvo é uma digital influencer e que uma foto solo seria facilmente encontrada. A funcionária da Maria da Paz que nunca confiou em Rael e do nada foi levar bolo pra ele na prisão etc.
ExcluirEsperando você falar de um dos maiores absurdos de Orfãos da Terra que foi o vilão Fauze virar bonzinho apaixonado por uma personagem nada a ver com ele e pra piorar cômica. E pelo jeito ainda vai virar o herói Salvador da novela .
ResponderExcluirDuas novelas péssimas que serão esquecidas assim que acabarem.
ResponderExcluirQUE TEXTO PERFEITO!!!!!!!!!
ResponderExcluirSão duas novelas que se perderam totalmente e que tiveram conduções equivocadas.
ResponderExcluirÓrfãos da Terra finalizou a trama no primeiro mês, tanto o núcleo principal como os paralelos.
Verão 90 péssima desde o início.
Junta-se a dupla, A Dona do Pedaço, que vive de personagens golpistas para sustentar a falta de trama.
Apenas Malhação salva essa atual safra de novelas.
Adorei seu ponto de vista, mas acho Verão 90 a melhor novela das 7 desde Cheias de Charme em 2012, ao lado de Rock Story. Apesar de alguns absurdos, Verão 90 é uma novela muito gostosa de assistir. Pega Pega e I Love Paraisopolis eram mil vezes pior e ninguém falava nada.
ResponderExcluirE quanto a Órfãos da Terra, é lamentável que tenha perdido seu brilho, mas ainda sim, acho ela melhor que Espelho da Vida, aquela novela me irritava pra caramba. Acho que a última novela boa desse horário mesmo foi Orgulho e Paixão.
Ao contrário de Órfãos, Verão 90 nunca prometeu nada, e ela ao menos é divertida de assistir. Falta de história por falta de história, Orgulho e Paixão tb não tinha, e centrava sua trama em idas e vindas de shipps românticos (que, ok, eram bem mais carismáticos que os pares de V90), sendo deliciosa de se ver. Enfim, Malhação é a melhor novela da grade mesmo, estamos de volta a 2017, quando tínhamos um sonífero as 18h, uma trama sem pé nem cabeça às 19h (mas Verão 90 tem graça, ao contrário de Pega Pega) e um circo sem qualidade do Walcyr às 21h.
ResponderExcluirnada hahahahaha. uma é legal a outra é insuportável hahahahaha. agora vou ler o seu texto hahahahaha. verao 90 nao tem historia, parece pegadinha com cara de globo. cada hora inventam uma para fazer rir quem gosta de video cassetada. acho q por isso faz tanto sucesso. eu continuo achando órfãos incríveis e continua tratando de temas fundamentais. é q órfãos é miuto diferente do convencional, então não agrada conservadores. helena é parecidíssima com dalila. as duas acham que as pessoas são objetos delas e q devem viver e agir conforme os seus caprichos. amei o casamento da sara e a condução da trama do sequestro. não alongou semanas como fazem nas outras novelas. e com desfecho muito bonito. e o soldado q voltou, repensar seus valores, algo fundamental nos dias de hj. grande novela. beijos, pedrita
ResponderExcluirO seu texto já responde por completo à indagação feita no título, Sérgio. São de fato duas novelas sem o devido direcionamento na condução das tramas centrais e paralelas, nas quais os personagens são "atrativos à parte", e o único ponto positivo desses folhetins são as suas respectivas trilhas sonoras. Aguardo ansioso pelo primeiro teaser de "Bom Sucesso", que provavelmente será exibido na TV no fim desta semana.
ResponderExcluirGuilherme
No caso de 'Órfãos da Terra', quando as autoras escreveram a sinopse da novela, devem ter planejado a morte do Aziz porque provavelmente ele não era para ser o vilão principal (as autoras devem ter apostado mais na Dalila).
ResponderExcluirMas quando a novela começou a ser filmada, o Herson Carpi interpretou o personagem muito bem e fez ele crescer. Virou um vilão ótimo, daqueles que você gosta de assistir. As autoras deveriam ter percebido isso e dado um jeito de manter o Aziz na novela. Se elas queriam tirá-lo de cena por uns tempos (para o Jamil e a Laila poderem casar), então poderiam ter tentado outras soluções (por exemplo, depois de levar o tiro, o Aziz poderia ter ficado em coma no hospital e só acordar quando o Jamil e a Laila já estivessem casados. Ou o Aziz poderia ter perdido completamente a memória e só recuperá-la tempos depois). Havia algumas possibilidades. Desse modo, o personagem continuava na novela e poderia voltar à ação quando necessário. Ele e a Dalila juntos poderiam ter feito grandes vilanias.
Mas infelizmente as autoras mataram o Aziz. E também mataram a Soraia, o que foi outra decepção. Eu pensei que a Soraia fosse fugir para o Brasil com o Hussein e que eles fossem enfrentar muitos desafios para viverem o amor proibido deles. Mas não teve nada disso... Eu achei um desperdício, matarem personagens bons e que fariam a novela render muito mais. Uma pena, pois a novela acabou se perdendo.
Sérgio, concordo em parte com vc. A diferença de ODT e V90 é que V90 nunca teve pretensão de ser um bestseller. Aliás, o "charme" de V90 é ser essa bagunça controlada e isso é o que diverte, um pastelão escrachado mesmo. A substituta, Bom Sucesso, parece que vai ter consistência em um enredo leve e seguindo um roteiro lógico que V90 dá a impressão que não tem.
ResponderExcluirCom relação a ODT, sinceramente não acredito que a morte de Aziz tenha sido o maior problema da novela. Por um motivo simples:não faria sentido um shake rico e poderoso correndo atrás de uma menina como Laila como Timóteo ficava atrás de Açucena em Cordel Encantado. Também seria outra chatice Aziz sequestrando Laila, e Jamil libertando em todos os capítulos até o final da novela, como acontecia na mesma Cordel Encantado de Duca e Thelma.
O problema na minha visão foi a correria desenfreada da trama inicial e a mudança de foco do assunto principal que deu título a novela, ou seja, os refugiados Órfãos da Terra. O que veio depois da morte de Aziz foi outro problema:várias passagens de tempo desnecessárias, personagens que permaneceram com o mesmo perfil que tinha antes dessas passagens de tempo como a paixão sem sentido de Bruno por Laila e de Abner por Sarah. As brigas entre o árabe e o judeu, a paixão avassaladora de Almeidinha e Zuleika, a fixação de Helena pelo Elias sabendo que ele era casado e a vingança surreal da Dalila/Basma em cima da família da própria avó serviram apenas pra encher linguiça numa história que tinha tudo pra marcar o horário das 18h.
Perdendo tempo com essas tramas sem noção, as autoras deixaram de tratar temas importantes com mais intensidade como racismo, xenofobia, as dificuldades e angústias pelas quais passam os refugiados, o perigo de marcar encontros por aplicativos de namoro, etc.. Temas que ficaram na primeira parte da novela e que nunca mais foi tratado. E por falar nisso, quem matou Aziz?.
A Dona do Pedaço seguiu pelo mesmo caminho de ODT com pitadas de V90, com a diferença que o Walcyr tem experiência e habilidade mais do que suficientes pra corrigir o rumo de suas novelas. Mas sobre ADP eu comento depois, rsrsrs.
O Tempo não Para também se perdeu, mas eu achei bem melhor que Verão 90. Afinal, o início foi ótimo e tinha um texto mais inspirado, com personagens carismáticos. Vc concorda? O seu texto ficou bom demais. Abraços.
ResponderExcluirOlá Sérgio! Verão 90 é claramente uma novela despreocupada. Pelo pouco que vi me parece que as autoras nunca esquentaram muito a cabeça. Estão deixando a carroça correr com a rédea bem solta e a audiência pelo jeito anda bem então tanto faz se a carroça vai bater ou despencar.
ResponderExcluirÓrfãos da Terra ou melhor de Enredo já falamos tanto que tá virando clichê. A diferença de ODT pra V90 é que a carroça de ODT tem uma rédea firme, mas empacou. Eles chegaram em um ponto com uma variável de caminhos escolheram um se perderam e começaram a andar em círculos e eis aí o resultado. Voltar pro caminho anterior não dá mais. Poderiam escolher outro, mas nem sabem mais pra que norte apontar e a audiência me parece que a audiência é satisfatória então vamos continuar girando nessa trilha esburacada e com a carroça detonada.
Sorry, mas eu sou cheia das analogias sem pé nem cabeça. Kkkkkk
hahahah gostei, Mateus.
ResponderExcluirÉ um dos muitos, anonimo...
ResponderExcluirNão duvido, anonimo.
ResponderExcluirValeu, Debora.
ResponderExcluirEu nao costumo considerar Malhação novela, anonimo
ResponderExcluirDiscordo, anonimo. E eu falava mt mal de Paraisopolis e Pega Pega.
ResponderExcluirDiscordo, anonimo. Orgulho e Paixao tinha enredo de sobra. Tanto que nao teve barriga.
ResponderExcluirAcho as duas bem ruins, Pedrita.
ResponderExcluirMt obrigado, Guilherme.
ResponderExcluirOnde eu assino, Roseli???
ResponderExcluirLeonino, concordo. Na verdade foi uma junção de decisões estúpidas.
ResponderExcluirConcordo, Matheus.
ResponderExcluirAmo suas analogias, Leitora.
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