O assassinato de Aranha (Paulo Rocha) acabou unindo Stela e Mirtes, após tantos enfrentamentos ao longo da história. Foi comovente ver a dor das personagens com a perda do médico, que foi a quinta vítima do serial killer que vem exterminando os guardiões da fonte milagrosa de Serro Azul. Absolutamente nada que cerca essa trama tem uma coerência ou um planejamento. Fica evidente que tudo foi criado de última hora pelo autor em virtude da falta de lógica de todo o contexto.
E todos os equívocos que cerceiam esse enredo apenas reforçam o talento das intérpretes. Afinal, fica ainda mais difícil para as atrizes emocionarem diante de uma situação que não convence ninguém. Talvez nem mesmo os profissionais envolvidos. Mas Vanessa e Savalla são experientes e nunca decepcionaram ao longo de suas respectivas carreiras.
A primeira, claro, tem uma trajetória artística curta se comparada com a segunda. Mas a competência é igual. Dá gosto de vê-las em cena e a parceria que tiveram resultou em sequências fortes muito bem interpretadas. O ódio que separava nora e sogra se transformou em empatia por uma dor em comum.
Comovente a cena em que as personagens velaram o corpo de Aranha aos prantos e apenas se comunicaram pelo olhar de tristeza profunda. As intérpretes nem precisaram de texto. É uma pena, todavia, que Stela e Mirtes tenham se perdido tanto no enredo, após um início promissor. As duas, inclusive, eram os melhores perfis da novela e deveriam ter sido mocinha e grande vilã de "O Sétimo Guardião", respectivamente, no lugar da inútil Valentina (Lília Cabral injustiçada) e insuportável Luz (Marina Ruy Barbosa).
Mas infelizmente o autor não se preocupou com o rumo do núcleo, que foi se perdendo junto com todo o roteiro ao longo dos meses. Stela era uma alcoólatra que sofria com os ataques ferinos da sogra por causa da sua dificuldade de engravidar. Os primeiros embates empolgaram e a trama parecia excelente, mesmo diante dos clichês evidentes. Aliás, talvez fosse boa justamente em virtude desses clichês. O problema foi o excesso de repetição do contexto. Aos poucos, as brigas foram cansando e nada saía do lugar. Não houve uma exploração atrativa. Para culminar, Stela curou seu alcoolismo do nada e Aranha ter sido o responsável pela mentira em torno da não gravidez da esposa --- ele era o estéril ---- não fez o menor sentido. E o ódio de Mirtes pela nora nunca teve explicação plausível.
Aguinaldo ainda inseriu a vilã nos outros enredos para amenizar o fracasso das vilanias bestas de Valentina, mas nem assim Mirtes ganhou densidade. Nem mesmo quando humilhou o delegado Joubert (Milhem Cortraz) no meio da rua ou no momento que virou uma "blogueira fofoqueira" espalhando fake news sobre os moradores da cidade. Tudo ficou ainda mais sem sentido quando Milu (Zezé Polessa) foi assassinada e transferiu seus poderes com a bola de cristal para Mirtes, sua maior inimiga. A mãe de Aranha, então, passou a ver o futuro no objeto e a situação se mostrou claramente forçada. Sempre é válido destacar um talento como o de Savalla, mas é necessária uma lógica, até mesmo em um enredo de realismo fantástico.
É uma pena ver duas atrizes tão talentosas em uma produção tão equivocada e problemática, mas também é inegável que Vanessa Giácomo e Elizabeth Savalla têm dado um pouco de dignidade aos momentos finais de "O Sétimo Guardião". As duas vêm tirando leite de pedra com brilhantismo.
18 comentários:
Nem elas salvam isso...Deviam tá é com o Wlacyr isso sim.
Esse texto que você publicou há poucas horas pode também ser entendido como um dos "esquentas" para a análise final do "folhetim" da faixa das 21h15min daqui a exatamente uma semana, Sérgio. Descobri possíveis finais de alguns personagens, e não são nada animadores. E mesmo que fossem, em nada melhorarão a qualidade do enredo já descaracterizado desde o segundo capítulo de "O Sétimo Guardião", que já caminha para se tornar mais uma das decepções teledramatúrgicas da Rede Globo do ano de 2018, junto a "Malhação - Vidas Brasileiras" (2018) e "Segundo Sol" (2018). A diferença entre essas três "obras" é que "Segundo Sol" ao menos ficou cerca de três pontos de média geral acima da meta pretendida para a faixa enquanto as outras duas estão abaixo dela por cerca de um ponto, mas não importa, ainda assim os desdobramentos da novela de João Emanuel Carneiro foram ilógicos e incoerentes.
Guilherme
Duas atrizes maravilhosas em uma novela horrível.
Sérgio, concordo com você em gênero, número e grau!!
Como sempre, você delineando com perfeição os acontecimentos desta novela que parecia tão promissora...
Dá dó em ver atrizes tão talentosas, praticamente desperdiçadas em um enredo tão pobre que o autor meteu os pés pelas mãos...
Mas as duas estão salvando um pouquinho da dignidade que resta na novela, se ainda existe...
Tenha um final de semana maravilhoso amigo!!
Beijos!!! :))))
Olá, tudo bem? Diante da balbúrdia dos bastidores da novela, o autor jogou todas as suas fichas b=na atriz Elizabeth Savalla com sua Mirtes para segurar a trama. E a experiência fez a diferença. farei meu balanço com os pontos positivos e negativos de O Sétimo Guardião no meu blog. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
Acho uma pena que na ânsia de prejudicar seu rival o Aguinaldo tenha impedido o Walcyr de escalar as duas e Flávia Alessandra. Acabou enfiando as 3 nessa canoa furada e fracassada.
Elas nem conseguiram me comover porque como bem disse nada ali convence.
Esta novela não passa cá.
Desejo-lhe um bom fim de semana.
Um verdadeiro fiasco! Sem mais...
Concordo, anonnimo.
Pois é, Guilherme...
Isso, Heitor.
Fico honrado, Adriana. bjssss
Ok, Fabio. abçs
Nem duvido, Mateus...
Entendo, anonimo.
Sorte a sua, Elisabete.
Sim, anonimo.
Postar um comentário