Sem Fernando Rocha e Mariana Ferrão, "Bem Estar" já pode acabar

O "Bem Estar" estreou em fevereiro de 2011. O programa que esclarece várias dúvidas a respeito da saúde e práticas de vida saudável não teve uma ampla divulgação na época. Parecia, inclusive, uma 'invenção' de última hora da Globo para preencher a grade matutina. Porém, o formato deu tão certo que está há quase nove anos no ar, sempre depois do "Mais Você". E um dos maiores êxitos era a dupla formada por Fernando Rocha e Mariana Ferrão.

Os jornalistas se entrosaram rapidamente e firmaram uma bela parceria ao longo dos anos. Carismáticos e sempre muito simpáticos, os dois ainda estabeleceram uma relação de amizade com os vários médicos que vão ao programa falar de tratamentos de doenças, sintomas de enfermidades, perigos de contágio, enfim. Tanto que alguns dos doutores foram efetivados no programa, como a pediatra Ana Escobar, o infectologista Caio Rosenthal, o psiquiatra Daniel Barros, a dermatologista Márcia Purceli, o cardiologista Roberto Kalil, entre outros.

Embora a premissa do programa, embora muito útil, imprima um tom didático e muitas vezes cansativo, os apresentadores conseguiam deixá-lo leve e divertido, mesmo diante de temas bem sérios. O entrosamento com os médicos era visível e pareciam amigos conversando de forma clara e descontraída.
Tanto que os 45 minutos de atração muitas vezes nem eram sentidos. Não por acaso, Fernando e Mariana sempre foram muito queridos pelo público e eram tietados em reportagens que faziam nas ruas.

Claro, Fernando sempre se excedia em algumas brincadeiras e ''tremeliques" durante suas danças constrangedoras. Nos últimos anos, inclusive, esse fato estava até piorando. Vide a piada sem graça da clara e da gema que o apresentador contou na abertura de um programa e deixou o médico Roberto Kalil constrangido. Porém, quem assistia ao formato já estava até acostumado. E bastava um toque da direção para diminuir um pouco essas brincadeiras desnecessárias ou em horas inapropriadas. Por isso mesmo a demissão do jornalista pegou todos de surpresa. Ele simplesmente foi desligado da atração do dia 27 de fevereiro e nem pôde se despedir do telespectador. Um desrespeito aos nove anos em que esteve apresentando.

Para culminar, Mariana decidiu não renovar seu contrato com a Globo --- que se encerrava em 31 de março ---- e também deixou o "Bem Estar" (o anúncio foi nesta semana). Embora tenha dito em entrevistas que era uma decisão tomada já há algum tempo, fica difícil não acreditar que não tenha tomado as dores de seu amigo de anos. E se realmente tomou é perfeitamente compreensível, pois o seu desligamento abrupto provocou uma natural saia justa em todos os envolvidos com o formato. A jornalista agora pretende se afastar da televisão ---- não pediu demissão por conta de proposta de alguma outra emissora --- e focar em seus projetos pessoais, entre eles uma empresa chamada "Soul.Me". A também jornalista Michelle Loreto, que chegou a substituir a colega durante segunda gravidez de Mariana, assumiu o posto de apresentadora fixa.

A questão é que o formato fica sem alma sem a dupla. Os próprios médicos que trabalham na atração não conseguem esconder o desconforto com a situação. Eles eram a identidade da atração, é incontestável. Vale ressaltar que a Globo até retirou o programa da grade na Bahia em 2018 porque estava com uma audiência muito baixa ---- outra importante menção foi a redução do tempo nas demais regiões do país (de 45 minutos para cerca de meia hora). E como os temas estão se repetindo bastante --- isso já era perceptível há uns dois anos, pelo menos ---, talvez seja mesmo a hora de acabar com o programa. A solução seria até simples, pois bastaria estender o "Mais Você" ou o "Encontro". "Bem Estar" sem a dupla Fernando Rocha e Mariana Ferrão perde sua força.