Felipe Camargo vive um de seus melhores momentos em "Espelho da Vida"

A atual novela das seis da Globo tem um elenco enxuto e o fato acaba possibilitando bons momentos para quase todos os atores. A trama de "Espelho da Vida", dirigida por Pedro Vasconcelos, explora muito bem o time tão bem escalado por Elizabeth Jhin. E os mais beneficiados, claro, são os intérpretes que participam da fase de 1930 e 2019. Um deles é Felipe Camargo.

O ator vive o picareta Américo no presente e o aterrorizante Coronel Eugênio no passado. São dois perfis totalmente distintos. O primeiro é o típico 171 que vive tentando se dar bem na vida, enquanto o outro é um homem poderoso e machista que não tolera ser desobedecido. Felipe adotou posturas diferenciadas e foi preciso na composição de cada um. São personagens bem ricos dramaticamente e na fase de 1930 sua importância é fundamental.

O pai de Júlia Castelo (Vitória Strada) nunca aceitou o romance da filha com Danilo Breton (Rafael Cardoso) e armou o casamento da herdeira com o inescrupuloso Gustavo Bruno (João Vicente de Castro). Misógino, traiu a esposa com várias mulheres, entre elas Maristela (Letícia Persilles), com quem teve um filho.
Ainda levou o menino para Piedade (Júlia Lemmertz) adotar, sem contar que é fruto de seu caso com outra mulher. Violento, humilha a mãe de Júlia com frequência e surta quando a filha o enfrenta. Também não tolera os momentos de autoridade de sua progenitora, a arrogante Albertina (Suzana Faini).

Eugênio é um vilão da pior espécie. Aliás, um perfil digno de horário nobre --- muito melhor que as vilãs de "O Sétimo Guardião", por exemplo. Felipe Camargo tem defendido esse papel com primor. Sua expressão de ódio chega a assustar e suas cenas com Vitória Strada, Júlia Lemmertz, Alinne Moraes (Dora) e Luciana Malcher (a empregada Bendita, uma das maiores vítimas do coronel) são sempre carregadas de tensão. Não por acaso, o personagem é um dos suspeitos de assassinar Júlia Castelo e um dos maiores pontos de conflito da fase de 1930. A autora vem valorizando demais o intérprete.

Já Américo é o oposto de seu antepassado. Embora tenha sérios desvios de caráter, o personagem nunca foi uma má pessoa. É um sujeito irresponsável e de vida fácil. Teve um casamento repleto de brigas com Ana (Júlia Lemmertz) e nunca foi um pai presente. Nem para Cris, nem para seus outros dois filhos ---- Jadson (Otávio Martins) e Vitor (Guilherme Hamacek). Ainda se aproveitou do sentimento que Gentil (Ana Lucia Torre) tinha por ele para não pagar a pensão onde estava hospedado. Porém, o 171 vem tentando mudar. Segue cometendo suas falhas, mas vem se culpando bastante pelo que fez em um passado não tão distante. O ator o diferencia com habilidade de Eugênio. Consegue até protagonizar situações cômicas com Américo, despertando simpatia de quem assiste. É aquele típico vigarista adorável. E vem evoluindo, fazendo jus ao que o folhetim prega.

A parceria de Felipe Camargo com Elizabeth Jhin já é relativamente antiga. O intérprete, curiosamente, esteve presente na pior e na melhor novela da autora: "Amor Eterno Amor" (2012), onde viveu Gabriel; e "Além do Tempo" (2015), onde interpretou Bernardo Castellini e Bernardo Boldrim. Ele sempre ganhou da escritora bons papéis, mas não é exagero afirmar que Eugênio é o melhor que ganhou da amiga até agora. Tem sido prazeroso demais ver Felipe tão bem explorado em "Espelho da Vida" e protagonizando tantas cenas grandiosas.