sexta-feira, 4 de maio de 2018

"Segundo Sol": o que esperar da próxima novela das nove?

A missão de substituir um sucesso de audiência é tão complicada quanto entrar no lugar de um fracasso. Essa questão já foi levantada várias vezes aqui. Walcyr Carrasco foi a última pessoa a enfrentar esse desafio, lançando "O Outro Lado do Paraíso" depois de "A Força do Querer", a melhor novela de Glória Perez e responsável por elevar a média do horário nobre da Globo em nove pontos, após uma crise de anos. Mas o autor não só conseguiu atingir o objetivo, como emplacou mais um fenômeno em sua carreira, superando a trama antecessora e marcando a melhor média desde "Avenida Brasil". Um feito e tanto. Agora a responsabilidade é de João Emanuel Carneiro, ironicamente responsável pelo último folhetim citado.


O autor dos imensos sucessos "Da Cor do Pecado" (2004) e "Cobras & Lagartos" (2006), além da ousadas e excelentes "A Favorita" (2008) e a série "A Cura" (2010), tem como tarefa fazer jus a essas produções aclamadas pelo público, incluindo, claro, seu maior êxito da carreira: "Avenida Brasil" (2012). Isso porque João não alcançou o resultado esperado com "A Regra do Jogo" (2015), seu pior trabalho até então, que teve sérios problemas de desenvolvimento e uma audiência nada satisfatória. Seu último folhetim contou com um aparentemente audacioso enredo em torno de uma facção criminosa, mas falhou ao desmembrá-lo, afastando o telespectador.

Na época, cogitou-se a rejeição do público em roteiros mais realistas, em virtude do trágico cenário nacional, com telejornais anunciando corrupção e violência a todo instante. Mas a verdade é que a trama pecou em vários aspectos e o sucesso de "A Força do Querer", apenas dois anos depois, acabou reforçando isso.
Afinal, a história de Glória tinha o tráfico de drogas como um dos alicerces do enredo, incluindo a presença de marginais, onde dois deles eram principais (Rubinho e Sabiá). Agora, após esse "trauma" com "A Regra do Jogo", João Emanuel deixará de lado esse clima mais sombrio e apostará em uma novela solar e mais leve (nas palavras dele), tendo a Bahia como pano de fundo.

Ambientada entre Salvador e a fictícia Boiporã, a história ---- cujo ótimo clipe pode ser conferido aqui ---- traz duas fases separadas por 18 anos. A primeira se passa entre 1999, 2000 e 2001. Beto Falcão (Emílio Dantas) estourou com o sucesso "Axé Pelô" em 1994, mas enfrenta a decadência no final dos anos 90 e constata a diminuição constante de seu cachê. Seus shows não lotam mais. O auge passou. Para pagar parte das dívidas de sua família, aceita fazer uma pequena participação em Aracaju. Numa maré de azar ---- que salvará sua vida ----, o cantor perde o voo e a apresentação. O avião que ele pegaria cai e o protagonista é dado como morto.

A comoção é nacional. Do fracasso, Beto reencontra a fama e acaba virando um mito. Em segredo, vê sua imagem ser ovacionada e os problemas financeiros da família se solucionarem. Isso porque o rapaz não conta a verdade, passando a viver como um fugitivo. Convencido por Karola (Deborah Secco), namorada cujo romance não anda bem, e pelo irmão interesseiro Remy (Vladimir Brichta), de que se manter "morto" é a melhor opção para todos, o cantor deixa a cidade e se refugia na ilha de Boiporã. Lá ele assume uma nova identidade (passa a se chamar Miguel) e encontra o amor de sua vida: a humilde Luzia (Giovanna Antonelli), marisqueira que cuida sozinha do casal de filhos Ícaro (Thales Miranda/Chay Suede) e Manuela (Rafaela Brasil/Luisa Arraes). Beto aluga a casa da irmã de Luzia, a simpática Cacau (Fabíula Nascimento), e não demora para iniciar um romance com seu novo amor.

A felicidade do casal, claro, não dura. Karola vai até o local para destruir essa relação, seguindo ordens de Laureta (Adriana Esteves), cafetina que tem uma relacionamento ambíguo com sua parceira. As duas serão as vilãs do enredo e prometem uma boa parceria. A ex-noiva de Beto diz que está grávida dele, elaborando ainda outros planos idealizados pela sua comparsa, e Luzia acaba fugindo do Brasil com o amigo Groa (André Dias), abandonando seus filhos. Em 2018, quase 20 anos depois, a mocinha voltará como a famosa DJ Ariella, disposta a reunir sua família e reescrever sua história. Já Beto segue sem saber do verdadeiro caráter de Karola e de seu irmão, cuidando dos filhos e infeliz com os rumos que sua vida tomou.

Há também um conflito envolvendo o núcleo protagonizado por Fabrício Boliveira (Roberval), Odilon Wagner (Severo), Cássia Kiss (Claudine), Caco Ciocler (Edgar) e Karen (Maria Luisa Mendonça). Roberval trabalha na casa do milionário Severo há anos e descobre que é filho do patrão somente quando Claudine (com uma doença em estágio terminal) faz a revelação. Ele ainda se envolve com Cacau, que começa a trabalhar como empregada da casa. Toda essa situação provoca uma reviravolta em sua vida. Um clichê presente em inúmeras novelas.

O elenco ainda conta com Arlete Salles, José de Abreu (intérpretes de Naná e Dodô, pais de Beto e Reny), Francisco Cuoco, Letícia Colin, Giovanna Lancellotti, Roberta Rodrigues, Bruno Garcia, Nanda Costa, Chico Diaz, Armando Babaioff, Danilo Ferreira, Luis Lobianco, Claudia di Moura, Roberto Bonfim, Antonio Pitanga, Thalita Carauta, entre outros. Vale ressaltar que a novela nem estreou e já sofre duras críticas pela ausência de negros em papéis principais em uma trama que se passa na Bahia. As críticas são pertinentes e resta aguardar como essa questão será explorada no enredo ---- é preciso lembrar, ainda, que Carol Castro chegou a ser escalada, mas foi substituída por Roberta Rodrigues justamente por conta das possíveis críticas.

"Segundo Sol" tem a direção de Dennis Carvalho e Maria de Médicis, beneficiando João Emanuel Carneiro, que não teve uma boa experiência com Amora Mautner em "A Regra do Jogo" (a tal "Caixa Cênica" amplamente divulgada por ela, inclusive, não serviu para nada). A nova novela das nove tem uma premissa que explora todos os clichês da teledramaturgia e optar pelo arroz com feijão bem feito pode ser uma ótima ideia, após o imenso sucesso de "O Outro Lado do Paraíso", que fez exatamente o mesmo. Que venha!

21 comentários:

  1. Uma Bahia BRANCA????????? ME POUPE!

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  2. Que seja mais parecida com Avenida Brasil e menos com A Regra do Jogo...

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  3. Eu acho o roteiro muito limitado para tantos capítulos.E isso de se fingir de morto pra depois voltar ninguém aguenta mais.Débora Secco de vilã será ofuscada pela Adriana Esteves e ter uma trilha toda só de axé será um inferno.

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  4. Veremos! Essa atual não assisti e fiz um belo uso do horário! Tentarei essa,mas não tenho opinião ainda sobre como será.Só vendo pra saber! abraços, lindo fds! chica

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  5. Dennis Carvalho é um diretor sempre muito previsível, que não se renova. O elenco é muito irregular (tem nomes novos e interessantes, como Emilio Dantas, e outros que o público já não aguenta mais ver, como Antonelli e Secco). A história parece, ao mesmo tempo, fraca e excessivamente complicada. Acidente, envolvimento amoroso, intriga, casal se separa, tem um filho, Antonelli é acusada de um assassinato, foge pra Europa... Passam 18 anos, ela volta. Que história a novela vai ter pra contar depois disso? Ok, ela quer se reaproximar dos filhos e o Beto Falcão continua se fingindo de morto. E daí?

    Essa trama dos filhos da empregada com o patrão já foi explorada à exaustão, em duas tramas diferente dentro da mesma novela, em Tempo de Amar. Filho do patrão apaixonado pela empregada, golpe do baú, cafetina/prostituição... São todas histórias já contadas em O Outro Lado do Paraíso. A teledramaturgia brasileira não tem mais histórias pra contar.

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  6. Bahia branca, Antonelli fazendo outra mocinha pura com 40 anos de idade, Canastra Secco de vilã, outra Carminha...Não, obrigada.

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  7. Olá, tudo bem? Eu de-tes-tei O Outro Lado do Paraíso... Veremos se fico empolgado com Segundo Sol....Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  8. Acho que a novela promete, a trama central eu achei interessante, Emílio Dantas com certeza vai dar um show como protagonista dúbio e Vladimir Brichta de vilão vai ser um prazer de ver.Porém o que mais me chamou atenção foram as vilãs Karola e Laureta, elas tem tudo para se destacarem e serem um marco na carreira de Adriana Esteves e Déborah Secco.Porém aquele núcleo do Caco Ciocler, Fabiula Nascimento não me animou e cheirou a dejavu.Discordo de alguns comentaristas a respeito e Déborah Secco, ela é MT talentosa e teve grandes atuações em A Próxima Vítima, Laços de Família e Celebridade fora os filmes que ela participou e tem tudo pra se destacar na novela.

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    1. o que atacou a Déborah acima nunca fala bem de nada, então a gente só finge que nem leu hahahaha

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  9. Essa "polêmica" por ser uma Bahia mais branca é coisa de rede social. Na vida real, ninguém se importa, tenho familiares negros, amigos negros e perguntei honestamente se eles ligam pra isso, nenhum tá nem aí, os que assistem novela só querem que ela seja boa, independente do elenco. Agora eu acho engraçado que quando o musical Hamilton coloca negros pra interpretar personagens brancos como Thomas Jefferson, é lindo, mas se uma novela da Globo não tiver a mesma porcentagem de negro do estado em que ela se passa, é racismo, é falta de representatividade. Muita hipocrisia.

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  10. João Emanuel Carneiro (quando tá inspirado) é o meu autor favorito. Estou gostando muito das chamadas, mas não quero criar expectativa, pois fui tombada com A Regra do Jogo.

    Quanto ao elenco, se formos considerar talento, acho muito bem escalado (incluindo o jovem) e ao contrário da minha xará ali em cima, gosto da Deborah Secco e acho que ela merecia há muito tempo um papel de destaque no horário nobre.

    Já se nós considerarmos a questão racial, realmente falta atores negros, porém, eu tenho que dizer que tento ao máximo ser uma pessoa consciente dos meus privilégios, mas acho essa polêmica muito boba, têm tantos problemas no Brasil pra gente se preocupar, incluindo em relação ao racismo, se as pessoas cobrassem que os políticos investissem mais em educação pública com a mesma energia e revolta que elas cobram representatividade numa novela da Globo, acho que a desigualdade social e racial no Brasil teria mais chances de diminuir.

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  11. É difícil inventar novos dramas, André. Mas contar bem algo já explorado sempre atrai.

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  12. É que esse caso ficou bem descarado, anonimo. Seria melhor não colocar Bahia como pano de fundo, então.

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  13. Paula, JEC tb é um dos meus autores favoritos e torço muito pro sucesso da novela. bjsssss

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