A menina do subúrbio foi a mais resistente em iniciar uma amizade com Lica (Manoela Aliperti), Tina (Ana Hikari), Keyla (Gabriela Medvedovski) e Benê (Daphne Bozaski), alegando a diferença social que as separavam. Mas, com o tempo, acabou se apegando demais a essas novas amigas, formando um quinteto inseparável. Ela, Benê e Keyla estudavam no Colégio Cora Coralina, instituição pública, enquanto Tina e Lica frequentam o Colégio Grupo, uma escola particular. Porém, o verbo ficou no passado para Ellen porque a garota conseguiu uma bolsa de estudos no colégio das amigas mais ricas.
E iniciou-se uma nova fase para a personagem a partir desse ponto. Bóris (Mouhamed Harfouch) foi quem conseguiu essa bolsa, após ter enfrentado Malu (Daniela Galli) e Edgar (Marcello Antony). A bolsa só veio, por sinal, depois de uma difícil prova aplicada, em uma tentativa do pai de Lica de barrar a entrada da menina humilde. Mas, ela passou com louvor e agora é uma aluna do Grupo.
O objetivo dessa situação é bem claro: expor a cruel prática do bullying e o racismo que segue presente na sociedade, inclusive entre muitos jovens. Ellen, assim que chegou ao novo ambiente, se sentiu uma estranha no ninho, principalmente porque percebeu que era a única negra da sala. Um caso bem comum fora da ficção, vale ressaltar.
Não demorou, então, para ser discriminada. Vários alunos a cercaram no pátio e lhe jogaram farinha, alegando ser um trote. A mãe, Nena (Roberta Santiago), e a avó, Das Dores (Ju Colombo), logo identificaram o racismo e foram tirar satisfações na diretoria. Malu e Edgar tentaram contornar a situação, exigindo um pedido de desculpas dos responsáveis; mas, claro, não adiantou. Logo depois a menina viu um desenho pejorativo seu pendurado no banheiro. Seu sofrimento só não é maior porque Lica e Tina estão ao seu lado, além de outros amigos que já havia feito anteriormente, como Jota (Hall Mendes) e Juca (Mikael Marmorato).
Heslaine Vieira sempre foi um dos destaques da temporada, mas agora está tendo o seu momento para brilhar ainda mais. Ela é uma grata revelação e já trabalhou com o mesmo autor, protagonizando a série "Pedro e Bianca," entre 2012 e 2014, na TV Cultura. A sequência em que Ellen chorou copiosamente no banheiro da escola, após ter sido agredida, foi de cortar o coração. A atriz conseguiu passar a dor da menina com precisão, emocionando quem assistia. Também brilhou quando Ellen se sensibilizou com o carinho de Benê, Tina, Lica e Keyla, durante um belo abraço coletivo.
A intérprete ainda tem uma ótima química com Hall Mendes e a descoberta desse amor é mais um ponto positivo da nova fase da personagem. Ellen e Jota são dois nerds que vivem se implicando e agora estudam juntos, para a alegria dele, que sempre nutriu uma paixão platônica. O menino chegou a defendê-la dos ataques dos demais, fazendo questão de apoiá-la em todos os momentos. A paixão pela tecnologia os une e a competição de ser o melhor em tudo desperta uma rivalidade engraçada. É um casal que demorou para acontecer, mas nunca deixou de ser promissor.
Vale observar, ainda, a coincidência da temática do bullying ter começado a receber maior enfoque justamente na mesma época em que um aluno matou dois colegas e feriu outros, após ter sido importunado por uma das vítimas, em um colégio em Goiânia. A temporada acaba acertando até sem prever, pois é um assunto muito importante para ser debatido e abordado. Outro fato coincidente foi o escândalo envolvendo a declaração racista do jornalista William Waack, provocando seu afastamento do "Jornal da Globo".
Aliás, um parágrafo especial para a cena em que Ellen resolve dar um basta nas humilhações preconceituosas e esculacha a sua turma, após receber (como deboche) uma caixa repleta de balas para vender e conseguir dinheiro para viajar ---- a menina foi barrada por Malu, que só aceitou bancar a excursão de Jota e Juca para a feira de ciências, apesar do trio ter sido responsável pela criação do robô inovador (Vitório 2.0). O discurso emocionante arrepiou e a atriz deu um banho de domínio cênico, protagonizando o seu melhor momento na trama até agora.
"Malhação - Viva a Diferença" segue merecendo vários elogios e essa nova etapa na vida de Ellen enriquece a trama de Cao Hamburger, dirigida por Paulo Silvestrini, destacando o talento de Heslaine Vieira e focando em conflitos relevantes, cuja ficção e realidade se mesclam.
Mais um textão preciso, Sérgio. Essa menina é um talento e forma um lindo casal com o Hall Mendes.
ResponderExcluirOnde eu assino????? Ela me emocionou ontem. Arrepiante!
ResponderExcluirEssa Malhação merece textos semanais. Concordo com tudo o que vc disse. Parabéns. Lacrou!
ResponderExcluirOieeeeeee Sérgio
ResponderExcluirSiiiiim essa temporada está maravilhosa e essas meninas estão arrasando nas excelentes interpretações.
Aliás todos estão de parabéns, a começar pelo roteiro que não suaviza em nada as dificuldades da adolescência, massssssss ao mesmo tempo deixa transparecer poetice e esperança.
A atriz está mandando super bem e tão novinha já tem uma carga emocional enorme, ela própria estua com bolsa de estudos e interpreta com propriedade muito da sua realidade.
Agora as amigas vão viver um momento mais individual, coisa que tb acontece nessa época teen, já que se as alegrias são coletivas, as tristezas são singulares :/
Na torcida por finais felizes e reais e aplaudindo bastante talvez essa que seja a melhor temporada da série :)
\0/ aplausos tb para seu texto impecável \0/
Bjs Luli
Café com Leitura na Rede
Ellen e Jota são lindos demais juntos!!!! E Heslaine me emocionou demais ontem!
ResponderExcluirEu gosto tanto de como a Ellen não cai no estereótipo de "mocinha sofredora", que chora por tudo e nem de "mocinha batalhadora" que tá sempre batendo de frente como se nada a afetasse. Ela sabe quais são seus direitos, luta por eles, mas como qualquer ser humano também fraqueja de vez em quando. É uma representação de uma adolescente negra e periférica que é extremamente real. Quando ela diz que está cansada dá totalmente pra entender, ela tá sempre lutando com alguma coisa, assim fica difícil. E a interpretação maravilhosa da Heslaine fez a gente refletir essa semana que não se preocupar o tempo todo com a cor da nossa pele é um baita privilégio. Ellen só queria ficar tranquila, só um pouquinho. Comoveu bastante.
ResponderExcluirGosto também de como as meninas racistas do colégio nem se abalaram com o discurso de Ellen, já que não dava pra fazer a Bárbara e do nada virarem santas. Infelizmente tem gente que vai morrer babaca mesmo, e, mais uma vez, a temporada acerta em mostrar as coisas como são, mesmo ruins. Inclusive, quando a Ellen fala que se sente sozinha, ela tá certa, né? Até a Lica que é amiga dela, nunca dá atenção quando ela começa a falar do racismo que sofre, sempre dá um jeito de botar os problemas dela de menina rica na frente. Fazendo um paralelo de novo com Pro Dia Nascer Feliz, eu particularmente detesto a Lica, mas ela não é do mal, só tem atitudes escrotas de vez em quando. Já a Bárbara era tipo, 100% escrota, maniqueísta pra caramba, ou seja, mal dava pra engolir que aquela garota pudesse existir de verdade. Enfim, mais um salve pra esse hino de temporada.
Sérgio, acredite se quiser, eu pensei que não existia mais Malhação, rsrsrs, tão poucas as vezes que vejo Globo. Esse é um dos motivos que gosto de vir aqui, permaneço informada, rsrsrs! Abraços!
ResponderExcluirObrigado, anonimo.
ResponderExcluirArrepiante, Fabiana!
ResponderExcluirMerece mesmo, Paula!
ResponderExcluirE aplausos pro teu comentário impecável, Luli!!!!!! Bjssss
ResponderExcluirSão msm, Ellen!
ResponderExcluirBruno,perdão. rs
ResponderExcluirMuito bom, Malu. A Bárbara até era complexa no começo, mas depois o autor a destruiu completamente. Bem diferente dessa trama preciosa.
ResponderExcluirQue bom, Vane. kkkk bjs
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