A autora simplesmente resolveu escrever um folhetim clássico, com direito a todos os clichês do gênero e sem qualquer núcleo estrangeiro, característica das suas últimas produções que já estava bastante desgastada e repetitiva. Além disso, Glória, inteligentemente, apostou nas figuras femininas fortes como perfis principais, alternando o protagonismo de acordo com a necessidade do roteiro, dando espaço para todas brilharem. São três protagonistas bem construídas, uma vilã e três coadjuvantes com dramas envolventes. Os homens são apenas elementos complementadores que movimentam o conjunto. O resultado tem sido o melhor possível.
A trama estreou em abril e, em plena reta final, tem conseguido driblar bem o sinal de barriga. Fica evidente em cada capítulo a preocupação da autora em prender o telespectador através de boas viradas e conflitos alternados, valorizando todos os dramas. Inicialmente, Ritinha (Isis Valverde) foi o elemento que movimentava o enredo e depois foi a vez de Jeiza (Paolla Oliveira) crescer. Posteriormente, Bibi (Juliana Paes) passou a ser o centro das atenções, fechando o trio de protagonistas.
Atualmente, inclusive, é a esposa de Rubinho (Emílio Dantas) a responsável pelas cenas mais tensas do folhetim, sempre envolvida em tiroteios, tráfico e afins. Enquanto as três trocam de 'posição' o tempo todo, os dramas de Ivana (Carol Duarte), Joyce (Maria Fernanda Cândido) e Silvana (Lília Cabral) vão sendo desenvolvidos paralelamente, sem atropelos.
A primeira descobriu que é uma trans recentemente, após meses angustiada com o próprio corpo e sem saber o que era. Agora esse delicado conflito foi mais explorado pela autora, que tem conduzido toda a situação com muito cuidado, sendo bastante didática nas explicações a respeito de um tema ainda tão estranho para boa parte da população ---- somente a gravidez da personagem se mostra desnecessária. A segunda descobriu a traição do marido, Eugênio (Dan Stulbach), e deu uma surra na amante e ex-amiga Irene (Débora Falabella), com a ajuda da nora, Ritinha ---- além desse trauma, a perua ainda tem que lidar com a nova condição do agora filho, Ivan, e enfrentar o baque de não ser avó assim que a farsa de Ritinha for descoberta. Já a terceira segue com seu vício em jogo, conseguindo enganar o marido, Eurico (Humberto Martins) --- situação que já está andando em círculos, diga-se.
Além dessas situações, há o jogo de gato e rato protagonizado por Jeiza e Zeca (Marco Pigossi) ---- o casal de maior química da história ----, a rivalidade cheia de adrenalina entre Jeiza e Bibi, a luta de Nonato (Silvero Pereira) para esconder do patrão homofóbico que ele é um travesti à noite, a manipulação de Irene em cima de Eugênio e o amor que Caio (Rodrigo Lombardi) sente por Bibi, mesmo estando momentaneamente com Jeiza e vendo a ex cada vez mais mergulhada no mundo do tráfico. Esses são basicamente os maiores conflitos do folhetim, o que é ótimo em se tratando de Glória Perez. Afinal, a escritora é conhecida pelos elenco inchados, onde vários atores acabam deixados como figurantes de luxo diante de enredos soltos e desinteressantes. Agora, com bem menos gente, a maioria tem tido chance de destaque e os dramas apresentados já bastam para deixar a história movimentada. Vale citar, aliás, a chegada de Fafá de Belém (Mere Star), Othon Bastos (Garcia) e Betty Faria (Elvira) para mexer com os recentes acontecimentos do enredo.
Os índices de audiência estão excelentes, muitas vezes marcando 38/40 pontos, números só alcançados nos capítulos finais das últimas novelas do horário nobre. Esse sucesso faz jus ao que vem sendo exibido. E é irônico que Glória seja a responsável pelo retorno da boa fase da teledramaturgia no horário nobre da Globo, pois não dá para esquecer o trauma de "Salve Jorge", em 2013, um dos piores folhetins da autora, massacrado pela crítica e pelo público, onde quase nada deu certo, derrubando a média geral da faixa em dois pontos, após o fenômeno "Avenida Brasil" (2012). Mas, o lado bom de todos os problemas da época foi justamente essa mudança da escritora, que procurou corrigir os defeitos e fazer tudo diferente.
"A Força do Querer" está com 35 pontos de média geral até agora e é o maior sucesso do horário nobre da Globo desde "Amor à Vida" (2013) ---- que tem média de 36 pontos, contra 34 pontos de "Salve Jorge", 30 pontos de "Em Família" (2014), 33 pontos de "Império" (2014), 25 pontos de "Babilônia", 28 pontos de "A Regra do Jogo" (2015), 29 pontos de "Velho Chico" e 27 pontos de "A Lei do Amor" (2016). O atual sucesso de Glória Perez (que elevou a média da anterior em oito pontos) reúne todos os elementos que fazem por merecer cada ponto no Ibope e cada elogio recebido. Que siga assim até o último capítulo.
30 comentários:
Merece mesmo. Apesar dos defeitos e dessa gravidez absurda da Ivana, é uma novela que deixará saudades!
AAAAH BOM. Ainda bem que veio esse post. Tão dizendo que ela passou a média de Amor a Vida, mas como assim se foide 36 pontos? Ainda bem que tá tudo esclarecidinho no seu post. Os outros tão tentando manipular... kkkkkkkk E a novela é boa mesmo. Merece.
Uma novela maravilhosa, apesar de alguns erros, deixará muitissima saudade. Com personagens apaixonantes e histórias bem entrelaçadas é realmente a melhor novela do horário desde Amor à Vida! Viva a Gloria!
Eu nem acho essa novela essa maravilhosa toda. É melhor que Salve Jorge mas isso não é grande coisa.Ainda assim tem ator avulso sim como o Celulari, a Bruna Linzmeyer, a Ju Paiva, a própria Ritinha, aquela mãe da Jeiza, a Heleninha com o marido e até a Betty Faria e oThon Bastos que não acrescentaram nada.
Olá Sérgio
Sucesso merecido!
Uma boa novela, com tramas que prendem a atenção, a gente se descobre torcendo e também detestando alguns personagens o que significa dizer que estão abraçando a arte de interpretar.
Claro que nem tudo são flores, algumas coisas ficam um tando sem nexo, como a gravidez da Ivana e a Bibi que está demorando um tantão a descobrir que o Rubinho não é um príncipe hihihi, mas no mais cumpre o prometido de entreter com qualidade.
Bjs Luli
Café com Leitura na Rede
Olá Sérgio tudo bem???
Adoro essa novela e sempre que consigo assisto pelo globo play!!! As 3 estão sensacionais, foi uma escolha perfeita!!!
Aaaaa vou tentar usar o bidê, hahahaha...
Beijinhos;
Débora.
http://derbymotta.blogspot.pt/
Essa novela está mesmo muito boa e fico à espera sempre! abração,chica
Como podem colocar um ator tao ruim como o fiuk numa novela co essa?
Só espero que a novela seja indicada ao Emmy ano que vem e ganhe
big beijos
OI SÉRGIO!
REALMENTE A NOVELA ESTÁ MUITO BOA COM EXCELENTES MOMENTOS, DOU COMO EXEMPLO A ATUAÇÃO DE ELISÂNGELA E JULIANA PAES QUANDO DA DESPEDIDA DA ÚLTIMA, FOI DE EMOCIONAR.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Gostei do texto, a novela tem sido muito boa, no geral. Salvo alguns erros, que acredito que se evitados, teriam deixado-a ainda melhor. Como, por exemplo, que esse rodízio de protagonistas fosse mais intercalado. Pois acompanhando diariamente, a sensação que fica é que existe apenas uma, Bibi. E mesmo com o elenco enxuto, alguns atores continuam avulsos, e outros fazendo figuração de luxo, como a Isis Valverde em boa parte da trama. E quanto a história desse triângulo, quase quarteto, amoroso, acho que poderia ter tido mais coisas durante a história, ficou por muito tempo adormecido e poderia ter tido muito mais conflitos ali. E discordo de você se referir ao casal formado por Jeiza e Zeca como o "de maior química da história", muito pretensioso algo assim se comparado à toda dramaturgia, não só brasileira rs. Mas também por que não acho que essa novela tenha formado bons casais, e isso é até um ponto interessante, pois um dos maiores clichês das novelas não foi base pra essa. O que alimenta são as tramas recheadas sempre de muitas emoções, uma ótima direção e uma boa ligação entre os núcleos. E grande parte disso encabeçado pelas três protagonistas, que através de seus próprios erros e acertos modificam a história.
Olá Sérgio!!
Ótimo texto sobre A Força Do Querer. Eu tenho gostado demais dessa novela e fico muito feliz com o sucesso que ela está tendo.
A ideia de revezar as três protagonistas é ótima, pois assim não cansa o público e dá espaço para as três brilharem. E os dramas das coadjuvantes também são tão ótimos e muito bem interpretados, apesar de alguns erros citados, mas nada que prejudique muito a história. A novela não é perfeita, mas é infinitamente melhor que as anteriores.
No mais, é isso. Abraços!!
P.S.: Com relação a audiência, o que eu li por aí foi que ela era a maior desde Avenida Brasil até o presente capítulo (155 se não me engano). Mas não deixa de ser uma comparação um pouco injusta porque, enquanto algumas novelas já tinham terminado, Amor À Vida teve mais de 200 capítulos e não tava nem perto de encerrar. De qualquer maneira, dá pra ter uma ideia do tamanho do sucesso.
Fiquei surpresa com o Marco Pigossi. Depois de uma leva de mocinhos chatos ele vem acertando com o Zeca. O perfil do personagem é excelente, ja posso considerar o Zeca como um de seus melhores personagens. O mesmo vale para o Emílio Dantas. Maravilhoso como Rubinho!!!
A Força do Querer realmente é um baita sucesso. Acho que as três protagonistas estão ótimas, mas a Juliana Paes é o grande destaque. Paolla De Oliveira vem logo atrás, mas sinto que sua personagem perdeu foça nessa reta final. Ao passo que personagem Ritinha (Ótima Isis Valverde) perdeu muito do protagonismo, mas nessa resta final ela está com bastante destaque. Os personagens coadjuvantes são muito bons também. Edinalva, Abel, Sábia, Cândida e entre tantos outros são muito bem defendidos. Dos protagonistas masculinos aponto Marco Pigossi e Emílio Dantas. Zeca e Rubinho são muito bem devertidos pelos seu atores e são bons personagens. Agora queria fazer umas críticas. Que erro craso colocar Fiuk como protagonista de uma novela das 9. Ele não tem gabarito para se nem coadjuvante. Outra crítica são para os personagens Cibele e Caio. Bruna e Rodrigo são bons atores mas seus personagens são irritantes. Cibele é uma embuste real e Caio é um chato, típico mocinho que caga regra. E para piorar a química dele com a Paolla é quase inexistente. O personagem ficou bem avulso, assim como a Cibele. Mas que ele é pior que é um dos protagonistas. Gosto do personagem para trama da Bibi, mas o relacionamento deles foi muito mal explorado devido ao bom entrosamento de Emílio e Ju. Caio se apagou de vez. Muitos dizem que ele não deve ser prêmio para Bibi quando ela for regenerada, mas eu acho que ele será um castigo para ele rsrsrsrsrs. Enfim, mesmo com alguns problemas, AFDQ trouxe a vontade de assistir uma novela das 9 boa novamente. Que venha o Walcyr e consiga manter o mesmo nível ou ultrapassar.
Concordo em muitos pontos, e deix uma pergunta. Para vc, jeiza e zeca é o casal de mais química da novela ou da história da telematrurgia?
Por que se for a segunda opção terei de discordar de vc, só os últimos casais de 2015 e 2016, livia e felipe(além do tempo) e shirlei e felipe(haja coração)
e de 2017 alice e renato(os dias eram assim), podendo citar zac e yasmin de (roky story) já batem jeiza e zeca na química, ou pelo menos se igualam.
Fato, Denise!
Obrigado, Karina!
Concordo, Johny!
Entendo, anonimo.
Concordo, Luli!
hahahahahahahahhah Debora... bjs
Tb, Chica. bjsss
Tb não entendo, CSS!
Acho que Novo Mundo merece bem mais, Lulu. bjs
Boa lembrança, Zilani!!!bjs
Anonimo, me referi ao casal Jeiza e Zeca como a maior química da história da novela, não da teledramaturgia.
Ela provavelmente empatará com Amor à Vida, Germana. Ambas com 36 de média. Dizem que passou, mas só na média geral poderá dizer. É que tem muito hater da anterior rezando pra isso... Mas sucesso não se apaga, eles querendo ou não.... rs
Concordo, anonimop.
Concordo com todo o seu comentário, anonimo. Incluindo cada crítica! Perfeito!
Da novela, Natália. Jurava que tinha feito entender, mas o Anônimo achou que era o geral. Claro que da história da teledramaturgia tem muita gente, não existe um melhor específico. =)
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