sexta-feira, 6 de outubro de 2017

A Ritinha de "A Força do Querer" tinha que ser da Isis Valverde

Quando Glória Perez apresentou "A Força do Querer" para a imprensa, fez questão de dizer que sua história teria um rodízio de protagonismo. Em cada momento do enredo, uma personagem iria se destacar. E o folhetim é protagonizado por três ótimas personagens, interpretadas por excelentes e lindas atrizes: Paolla Oliveira (Jeiza), Juliana Paes (Bibi) e Isis Valverde (Ritinha). O trio tem honrado a confiança da autora e a egoísta Sereia ganhou uma intérprete que dominou a essência do papel assim que surgiu em cena.


A faceira menina de Parazinho foi a responsável pela movimentação das primeiras semanas da novela. Tudo era voltado para a sedutora Ritinha, que não pensou duas vezes antes de jogar charme para o imaturo Ruy (Fiuk), mesmo estando noiva do machista Zeca (Marco Pigossi), com o intuito de conseguir vir para o Rio de Janeiro e conhecer a cidade grande. Além de só pensar em si mesma, a personagem sempre teve como principal característica sua paixão pelas águas e a bela cauda de sereia que usa quando está nadando, representando uma espécie de liberdade.

O perfil de Ritinha tem um quê de 'místico', muito em função da própria lenda da sereia (figura mitológica que simboliza a sedução mortal, sempre tendo os homens como vítimas) e também da previsão que um índio fez para Zeca e Ruy, logo após terem sido salvos de um afogamento ainda crianças, alertando sobre um misterioso perigo que vinha das águas.
A novela não tem nada de realismo fantástico (ainda bem, pois não cabe no contexto), mas fica evidente a intenção da autora com essa personagem, ainda que de forma mais subliminar.

A escolha de Isis Valverde foi certeira. Difícil imaginar outra atriz vivendo tão bem essa menina, cujas ações estão sempre entre a ingenuidade e a malícia. Ela consegue despertar ódio e simpatia pela sereia, dependendo do momento. Ritinha não é uma má pessoa, mas tem claros desvios de caráter e se mostra sonsa, se aproveitando dos outros quando lhe convém. Afinal, a menina manipula Ruy e Zeca com tranquilidade e já traiu os dois, assim como enganou a família do atual marido, omitindo que Ruyzinho é filho do ex. Porém, há uma certa pureza em torno da sereia, principalmente em torno dos preconceitos que assolam a sociedade. Tanto que não ficou nada incomodada ou surpresa quando descobriu que Ivana (Carol Duarte) se enxerga como homem, por exemplo. Pelo contrário, conseguiu entender e tratou com naturalidade.

A atriz empresta seu carisma para o papel e se destaca em todas as cenas, fazendo ainda uma deliciosa dupla com Zezé Polessa, intérprete da interesseira Edinalva. A parceria bem-sucedida delas, inclusive, já pôde ser observada em "Beleza Pura" (2008), folhetim da saudosa Andrea Maltarolli, onde também foram mãe e filha. Isis protagoniza momentos impagáveis ao lado de Zezé e o bordão "Lasquei-me" funcionou desde o começo. Dandara Mariana (Marilda) é outra que costuma participar de engraçadas situações com a colega. E vale destacar a ótima sintonia observada ao lado de Marco Pigossi, sendo necessário citar a densa e dramática sequência em que Ritinha seduziu Zeca na cadeia, após uma intensa discussão. Show dos atores. Os embates da sereia com Joyce também merecem menção, assim como o instante em que as duas se uniram pela primeira vez, surrando Irene (Débora Falabella).

Pena que a personagem tenha perdido importância ao longo do enredo, enquanto Jeiza e Bibi só cresciam. Durante um bom tempo, a policial e a bandida pareciam mais protagonistas do que Ritinha. Apesar do rodízio de protagonismo anunciado por Glória realmente ser observado na trama, ficou evidente que a sereia perdeu espaço,ficando sem rumo, ao contrário das outras duas. Tanto que a autora precisou inseri-la em um drama da Joyce para destacá-la nesse período. Pelo menos agora, na reta final, a menina vem ganhando destaque novamente, em virtude da reaproximação com Zeca e da iminência da descoberta do verdadeiro pai de Ruyzinho, havendo até uma tragédia, com o caminhoneiro sendo atingido por um tiro disparado por Ruy.

Isis Valverde ---- que já viveu outra 'sereia' na primorosa minissérie "O Canto da Sereia", de 2013 ---- merece todos os elogios pelo seu desempenho em "A Força do Querer" e a trajetória de Ritinha, embora bem irregular, vem proporcionando para a atriz bons momentos, mesclando situações cômicas com momentos mais dramáticos, sempre tendo uma boa dose de ardileza e inocência nas atitudes dessa sereia que nunca passa despercebida.

24 comentários:

  1. Como é bom ler suas críticas, vc fala tudo que a gente quer dizer.
    Sou seu fã Sérgio.

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  2. Ótimo texto! Completo e preciso. Isis deu um show!

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  3. Com esse texto maravilhoso você fechou a trinca de protagonistas. Já tinha feito da Bibi, da Jeiza e só faltava ela. Amei. Realmente, ela ficou avulsa boa parte do tempo. Pena.

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  4. Muito lindo teu texto e ela foi perfeita! Gostei muito! abração,lindo fds! chica

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  5. Achei ela muito bem, mas a personagem não teve função.Aliás, essa novela teve bastante defeitos mas como deu audiência o pessoal fingiu não vê-los.

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  6. Olá Sérgio
    Você escreve de maneira tão instigante que faz a gente refletir, a Ritinha é um personagem complexo, com várias camadas mesmo.
    Não é "simplesmente sereia".
    Mistura de simplicidade com ideologia, mesclada com sedução e narcisismo.
    Não que ela seja incapaz de amar, mas como ela diz: ama mais a si mesma. E agora vemos que tb ama o filhinho.
    As outras pessoas ama do jeito Ritinha de ser hihihi
    Aaahhhhh sabe que eu acho que o trio de protagonistas dividiu bem o espaço?
    Mesmo quando uma aparecia menos na telinha permanecia sendo citada continuando no imaginário coletivo.
    As histórias ainda tem um interessante
    ângulo de intersecção, alinhavando os núcleos das três.
    Assim como começou com a Ritinha tenho um palpite de que vai terminar com ela feliz nadando com os golfinhos🐬🐬
    Excelente fds pra ti
    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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  7. Olá Sérgio!!
    Das três protagonistas, Ritinha é a que menos gosto. Como foi citado, ela é sonsa e manipuladora, e esse triângulo com Zeca e Ruy é uma das partes mais cansativas da novela, tanto que ficou adormecido boa parte do tempo.
    Contudo, não dá pra negar que ela também é engraçada e dá aula de tolerância em muita gente "da cidade". E o papel parece mesmo feito sob medida para a Isis Valverde. Desde o sotaque até os trejeitos, passando pela habilidade em se passar por sereia, ela incorporou tudo de um jeito que fica difícil imaginar outra pessoa em seu lugar.
    No mais, é isso. Abraços!!

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  8. Oi, Sérgio, como vai? Gosto muito da Ísis nesses papéis mais rústicos e misteriosos. Glória Peres é excelente autora, mas infelizmente é frequente escorregar no meio da trama, deixando um ou outro personagem meio à deriva. Abraços!

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  9. Sem dúvida a Ritinha me lembra demais a Rakeli e tinha que ser a isis
    big beijos

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  10. Oi Sérgio, tudo bem?!
    Tão legal quando um papel cai
    como uma luva pra um artista interpretar...
    E ela é linda e talentosa. Uma sereia
    impulsiva e atual!!
    Ótima semana pra vc! Bjs ;)

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  11. A Ritinha é uma atriz de uma expressividade ímpar, bem como a singeleza que esbanja, ela é simplesmente maravilhosa, talento é o que não lhe falta, o Zeca também é muito talentoso, os dois personagens de minha preferência, gosto da criatividade da autora, só não gosto da violência, acho instigante para os propensos a...

    Feliz semana Sérgio!

    Bjss !

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  12. Exato, Gabriella. Ejá tinha prometido. Promessa é dívida.

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  13. Concordo que elas e perdeu no caminho, anonimo. Mas eu vi todos os defeitos. Pelo menos apontei vário saqui.

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  14. Olá Sérgio! Tinha que ser ela mesmo, aliás as três protagonistas tinham que ser das respectivas atrizes, Mas francamente ô bichinha sonsa, viu? Engraçada, mas sonsa. Perdi as contas de quantas vezes quis que ela se ferrasse. Esses últimos capítulos dela envolvendo essa questão com a guarda do Ruyzinho♥ me fizeram ter pena dela, pois é, na mesma hora que eu quero que ela se de mal eu fico com pena. Mérito da personagem e principalmente da Isis.

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