"Edifício Paraíso": uma boa série do GNT

Após a exibição da terceira temporada de "Questão de Família" (seguiu ótima) e "Os Homens são de Marte" (já cansativa), o GNT estreou, na primeira segunda-feira de junho (05/06), "Edifício Paraíso", nova série do canal a cabo escrita por Alexandre Machado e Fernanda Young. A produção tem 15 episódios, todos já disponíveis no GNT Play, e é exibida diariamente, ao contrário das duas outras recém-terminadas (exibidas semanalmente).

A premissa é criativa. Aborda a discussão de cinco casais vizinhos, com cada par morando em um andar no tal edifício que corresponde ao título. A briga de um começa depois que eles escutam o barraco de outro e por aí vai. Outra particularidade da série é o tempo: tudo se passa em uma noite. Ou seja, o relógio é mostrado para o telespectador sempre que um embate cede lugar ao outro. Por isso mesmo o cenário da história é o apartamento de cada morador.

Os personagens são bem construídos e as relações provocam identificação pela similaridade dos temas explorados em cada "DR" (discussão de relacionamento). Todo mundo já viveu alguma daquelas situações, por mais que o texto ferino dos autores ---- responsáveis pelos ótimos "Os Normais", "Os Aspones", "Separação?!", "Como Aproveitar o Fim do Mundo", "Macho Man", entre outros ---- esteja presente sempre.
O fato de cada conflito ser exibido brevemente e de forma intercalada também favorece a atenção, pois evita o desgaste de determinada trama.

Os episódios têm em torno de 25 minutos, implicando em cerca de 5 minutos de história de cada casal. O tempo passa rápido e dá vontade de continuar assistindo. O telespectador se sente como uma tia fofoqueira bisbilhotando o barraco dos vizinhos. E todas as situações criadas são atrativas. Tadeu (Guilherme Fontes) e Vera (Fernanda Young) sempre tiveram um caso, mas o homem se separou da esposa para ficar com a amante e Vera entrou em pânico com essa possibilidade. O resultado foi um cárcere privado, com Tadeu trancando a amante no apartamento, iniciando assim uma discussão interminável.

Marcelo (Michel Melamed) e Beatriz (Tainá Muller) chegaram felizes em casa, mas pouco tempo depois iniciaram uma briga que culminou até para a afirmação dela de que nunca havia sentido um orgasmo com o marido. Os dois iniciaram uma troca de provocações e até fizeram as pazes brevemente, resultando em uma transa. Mas o pós-sexo acabou sendo pior, pois Bia afirmou que pela primeira vez tinha conseguido sentir prazer, para a descrença do esposo. E o barraco foi ouvido por Clara (Lucy Ramos) e Fábio (Ícaro Silva), que logo começaram a discutir porque o rapaz não gostou da atitude da namorada de se intrometer na vida alheia. Ela, uma atriz fracassada que se indigna porque o companheiro não a beija mais na boca, e ele, um nerd cheio de manias que não gosta de ser contrariado.

Já o casal mais atrativo é o formado por Kátia (Chadelly Braz) e Soraya (Marisa Orth). Elas iniciam uma discussão porque Kátia não gosta quando descobre que sua parceira ganhou um prêmio de culinária e não a levou para a premiação. As duas chegam até a usar discos para uma troca de acusações, colocando para tocar de Guilherme Arantes a Originais do Samba. Até mesmo a homossexualidade de Kátia é colocada em jogo por Soraya. As atrizes brilharam como mãe e filha na novela "Haja Coração", da Globo, e agora convencem como um par. Marisa, aliás,é uma parceira constante dos escritores ----- trabalhou com eles também em "Os Aspones", "Macho Man" e "Odeio Segundas", exibida ano passado pelo mesmo GNT.

Ainda há a relação de Rodrigo (Thiago Rodrigues) e Yasmin (Samya Pascotto). Os dois começam transando e acabam trocando acusações, até ela revelar que está grávida, depois de ter quebrado vários objetos do apartamento do namorado. Samya, por sinal, já havia se destacado em "Vizinhos", outra ótima série do GNT, e agora convence mais uma vez. O elenco todo, aliás, está muito bem. Tainá Muller, Lucy Ramos, Ícaro Silva, Guilherme Fontes e a própria Fernanda Young merecem elogios.

"Edifício Paraíso", dirigida por Pedro Amorim, é uma ideia criativa e bem executada. A produção se mostra um acerto da dupla Alexandre Machado e Fernanda Young, sendo necessária uma observação: a série poderia muito bem ir ao ar na Globo, trocando de lugar com "Vade Retro" ---- que começou promissora, mas se perdeu no caminho ----, dos mesmos autores.