Jô foi o pioneiro no formato popularmente conhecido como "talk-show", engrandecendo a televisão brasileira com um produto que fazia (e ainda faz) muito sucesso no exterior. Mas, claro, a atração nunca foi uma mera cópia. Havia a identidade do apresentador, que ainda contava com um quinteto de talentosos músicos, que posteriormente viraria um sexteto. Humorista nato, Jô sempre contava piadas e fazia introduções bem-humoradas em todo programa, usando com talento a sua trupe musical como escada. A intimidade deles fazia diferença nas interações, dando um charme à parte e criando um clima confortável de família.
Até mesmo durante as entrevistas, Jô costumava pedir a opinião de alguns dos integrantes da banda, principalmente Derico, um dos mais sacaneados por ele. E a gargalhada contagiante de Bira virou uma das maiores marcas da atração, assim como os clipes musicais que faziam para divulgar o e-mail do programa.
Além deles, a banda contava com Miltinho, Osmar, Tomati e Chiquinho ----- Edmundo Villani Côrtes e Rubinho faziam parte do grupo (antes um quarteto), mas um saiu (entrando no lugar Derico e Osmar) e o outro faleceu em 1999, quando Tomati e Chiquinho entraram, todos na época do "Jô Soares Onze e Meia". Vale mencionar também o carismático Alex, garçom chileno sempre a postos para servir o apresentador e seus convidados. Um time impecável.
Em 2015, infelizmente, o sexteto virou quarteto com a demissão de Tomati e Chiquinho. Além disso, a atração perdeu um bloco, ou seja, ao invés de três entrevistados por noite passou a ter dois. Já eram sinais da má vontade da Globo com a atração (e também da crise financeira sofrida pelo país, obviamente), que havia perdido audiência em virtude da estreia do "The Noite", comandado por Danilo Gentili no SBT. E no início de 2016, Jô anunciou a sua despedida da emissora, fazendo questão de enfatizar todos os dias que aquela era a última temporada do programa.
É inegável que o "Programa do Jô" sofreu um desgaste ao longo dos anos e várias entrevistas deixaram de ser relevantes. Porém, um longevo formato acaba sofrendo com esse problema. Mas o apresentador conseguia driblar isso várias vezes, sendo necessário citar a criação do excelente "Meninas do Jô" em 2005 (no auge do mensalão) ----- um programa dedicado aos temas políticos debatidos por jornalistas competentes e mediados por ele. As conversas em cima do mundo podre da politicagem no Brasil rendiam bastante e o apresentador adotou um esquema de rodízio de debatedoras em 2015/2016, pois antes Ana Maria Tahan, Lúcia Hippolito, Cristiana Lobo, Cristina Serra e Lilian Witte Fibe eram fixas.
Em seu último ano, o programa ainda contou com a excelente entrevista de Faustão, proporcionando um encontro de dois dos maiores comunicadores do país. Mas, foram várias entrevistas marcantes ao longo desses 16 anos de emissora. A mais lembrada, sem dúvida, é a de Hebe Camargo, Lolita Rodrigues e Nair Bello. O bate-papo com as três melhores amigas (e ídolas do público) foi de rolar de rir do primeiro ao último minuto. As entrevistas com Roberto Carlos ---- uma exibida na penúltima semana de atração, com direito ao choro de tristeza do cantor e do apresentador pelo fim do programa ---- também foram muito boas, assim como tantas outras com convidados ilustres e desconhecidos.
A entrevista que fechou o ciclo da atração foi com Ziraldo, o convidado que mais participou do programa (23 vezes). A 24ª entrevista com o famoso cartunista e amigo do apresentador por mais de 60 anos foi, como não poderia deixar de ser, marcada pela emoção e clima de despedida. Jô fez um agradecimento especial a Silvio Santos, que abriu as portas para ele no ramo do talk-show. Falou dos vários convidados anônimos, cujas entrevistas fizeram a história do programa, e mencionou a importância da banda e da plateia ao longo desses 27 anos. Alguns momentos marcantes também foram exibidos, provocando uma inevitável nostalgia.
O "Programa do Jô" foi a companhia das madrugadas de milhões de telespectadores e todos ficarão órfãos agora sem nenhuma razão convincente para o seu término. A Globo está cometendo um grave erro acabando com um programa que deveria durar até a partida de seu apresentador (e ator/roteirista/escritor/humorista/diretor/autor). Infelizmente, ninguém ficou satisfeito com esse desfecho. Nem o público, nem os artistas e nem o Jô. Perdem todos, inclusive a emissora.
Estupidez mesmo. E ainda vai por o Bial no lugar, tirando do BBB. Só cagada.
ResponderExcluirConcordo plenamente, Sérgio. A Globo está cometendo um grave erro. Além do formato ser ótimo, ainda garantia uma boa audiência, mesmo disputando com o The Noite (desde 2014) e o Programa do Porchat (recentemente). É uma pena. Realmente, as madrugadas não serão mais as mesmas sem o "beijo do gordo". Lamentável demais.
ResponderExcluirNa minha opinião, a entrevista mais marcante desta última temporada foi a com o Faustão. Mais também podemos destacar a com a Cláudia Abreu, o Roberto Carlos, a Anitta, o Cauã Reymond, a com a Regina Duarte, enfim...É um programa que fará muita falta. Aliás, já está fazendo. :(
ResponderExcluirÉ um absurdo acabar com esse programa.
ResponderExcluirQueria tanto que continuasse...
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÉ um absurdo o que essa nova direção da Globo tá fazendo, incluindo as novelas...
ResponderExcluirO entrevistador mais desenvolto que eu conheço.
ResponderExcluirEle podia voltar para o SBT, já que a Globo
está esnobando...
Sérgio, aproveito a oportunidade para deixar
um grande abraço com votos
de um Natal feliz e abençoado.
E que 2017 traga bons ventos e muita
esperança! Beijos :)
É neste quesito, aliás, que Jô vai fazer mais falta: nenhum de seus jovens sucessores têm tanta quilometragem, histórias em comum com os convidados, traquejo e capacidade de se tornar íntimo de quem acabou de conhecer. Durante quase três décadas, o talk show de Jô foi um oásis na TV brasileira. Um erro tirá-lo do ar.
ResponderExcluirTambem fiquei triste com o fim do programa. Jô foi o único apresentador de talk show que era culto e realmente inteligente e isso fazia diferença em suas entrevistas. Gosto do programa do Porchat e um pouco do the noite, dependendo da entrevista, mas nenhum deles chega aos pés do Jô. Vai fazer muita falta.
ResponderExcluirAssino embaixo do seu comentário, Sérgio. Jô Soares é um ícone da TV brasileira. Acompanho sua trajetória desde seus tempos na Record, até os programas humorísticos na Globo, com suas inteligentes sátiras políticas. Jô é extremamente culto e sabe arrancar o melhor dos entrevistados, embora às vezes exagere ao mostrar sua erudição, ofuscando o entrevistado. Minha única crítica é que, às vezes, os escolhidos para as entrevistas não sejam tão conhecidos do grande público. Como saldo final, realmente, as madrugadas não serão as mesmas sem a presença do talentoso e versátil Jô Soares.
ResponderExcluirMuito triste e desnecessária a saída do Jô. REPITO: Hoje, não há ninguém no Brasil com bagagem cultural e artística, humor fino e amplo, empatia, educação, cortesia e quilometragem (MUITAS histórias pra contar) para apresentar este tipo de programa. Gentili, RBastos, Porchat, Adnet? Façam-me o favor. E não adianta os haters de qualquer espécie (nascidos a partir da década de 90) virem dizer o contrário...
ResponderExcluirO quadro final deixou claro que Jô aceitou a decisão sobre o fim do seu talk show, mas não concordou com ela. Para deixar esta sugestão ainda mais forte, ele encerrou o programa exibindo um pequeno trecho da entrevista que fez com Roberto Marinho, exibida na estreia do “Programa do Jô” na Globo, em 2000. “Estou encantado, pela sua popularidade, pela sua credibilidade, estou satisfeitíssimo de ter você aqui”, diz o empresário.
ResponderExcluirJá estou com saudades Sérgio. O Programa do Jô é, para mim, insubstituível.
ResponderExcluirCertamente é um erro. A Globo vai sentir muito a falta do programa. Acho que será como o fim da Grande Família: ate agora nada conseguiu substituir à altura. A diferença é que A Grande Família saiu de cena pelo desgaste, enquanto que o Jô sai desnecessariamente.
ResponderExcluirTb não entendi, Felipe!
ResponderExcluirNão mesmo, Décio!
ResponderExcluirAbsurdo, anonimo.
ResponderExcluirEu tb, Gisela.
ResponderExcluirAs direções são siferentes, Kellen, mas é verdade.
ResponderExcluirClau, desejo tudo em dobro pra vc. Bjão!!!
ResponderExcluirConcordo, Oathkeeper!
ResponderExcluirSão bons, mas não chegam mesmo, anonimo.
ResponderExcluirPois é,Elvira. Mt bom o seu comentário.
ResponderExcluirExcelentes comentários, Izabel. É isso.
ResponderExcluirOnde eu assino, Worm?
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