quinta-feira, 6 de outubro de 2016

"Nada Será Como Antes" se mostra uma caprichada série sobre a história da televisão

"Justiça" saiu do ar como uma das melhores produções do ano, deixando uma marca na teledramaturgia. Não há substituta para a trama na grade da Globo, pois não haverá mais minisséries até o final do ano. Entretanto, a emissora estreou na semana passada (27/09) "Nada Será Como Antes", nova série que passa a ocupar a faixa das terças ---- quando era exibida a trama da Fátima (Adriana Esteves) ----, logo após a novela das nove. Serão 12 episódios, tendo a direção de José Luiz Villamarim em parceria com Walter Carvalho, a mesma dupla bem-sucedida responsável pela produção recém-terminada (além das primorosas "O Canto da Sereia", "Amores Roubados" e "O Rebu").


Escrita por Guel Arraes, João Falcão e Jorge Furtado, a trama é inspirada na chegada da televisão ao Brasil, tendo todas as licenças poéticas necessárias para contar essa história. A tevê chegou ao país em 1950, trazida por Assis Chateaubriand, e a figura de ambicioso empreendedor na ficção é representada por Murilo Benício, que interpreta o sonhador Saulo --- dono da Rádio Guanabara. O personagem começa no passado, na década de 40 (era do rádio e auge das rádio-novelas), se encantando pela voz de Verônica (Débora Falabella), uma dedicada radioatriz que mora no interior. Ele a procura, propõe emprego, e não demora para os dois iniciarem um relacionamento. A química dos talentosos atores (que namoram na vida real) serviu para destacar o par logo no início, fazendo por merecer o protagonismo.

Após uma passagem de dez anos, o casal começa a enfrentar um drama típico dos folhetins: ambos querem um filho, mas ele acaba descobrindo em um exame que é estéril. Para não decepcioná-la, Saulo inventa que não a ama mais e pede a separação. A situação é um pouco controversa, pois seria bem mais plausível o apaixonado homem ter contado simplesmente a verdade.
Mas preferiram apostar em uma situação teoricamente 'simples' para explorar os conflitos dos protagonistas. Aliás, há propositalmente um foco no sonho de Saulo, que faz de tudo para criar a TV Guanabara e consegue realizar seu feito no final do primeiro episódio, precisando deixar de lado o seu problema pessoal.

A primeira emissora de televisão do Brasil, por sinal, só consegue ser criada por conta do patrocínio do mimado Otaviano (Daniel de Oliveira), sujeito mulherengo que é filho do milionário Pompeu (Osmar Prado) e irmão da dominadora Júlia (Letícia Colin). O rapaz só aceita a proposta de Saulo porque se encanta por Beatriz (Bruna Marquezine), sedutora dançarina de boate que se torna amiga do ex de Verônica, se envolve com Otaviano, e acaba virando uma grande estrela da TV através de meios que se chamariam futuramente de 'testes do sofá'. A sensual mulher ainda acaba tendo um caso com Júlia, protagonizando um triângulo amoroso inusitado. A citada Beatriz também almeja dar um futuro melhor para sua mãe, Odete (Cássia Kiss), que trabalha como empregada doméstica.

A série ainda conta com outros personagens, como Aristides (Bruno Garcia), parceiro de Saulo, que acumula funções de roteirista, diretor e produtor da Rádio e TV Guanabara. Ele é homossexual e tem atração por Rodolfo (Alejandro Claveaux), ator que protagoniza a primeira novela da televisão brasileira ("Anna Karenina") ao lado de Verônica e Beatriz. O rapaz também é gay, mas esconde a sua condição para manter a imagem de galã. Já Péricles (Fabrício Boliveira) era um ator de destaque das rádio-novelas, mas acaba virando figurante na tevê por ser negro. Há ainda na trama o apresentador Carvalho (Daniel Boaventura), o músico e compositor fracassado Davi (Jesuíta Barbosa), que se apaixonará perdidamente por Beatriz, entre outros perfis.

O interessante das situações é justamente a atemporalidade das mesmas. Afinal, hoje em dia muitos dos casos contados ainda ocorrem. E o capricho da produção é visível. A representação da época é fiel, com direito a câmeras, holofotes e equipamentos utilizados nos anos 50 nas primeiras produções da época, havendo uma mistura de ficção com realidade. Tudo tendo como pano de fundo o surgimento da televisão no país, veículo que continua representando a maior fonte de informação e entretenimento da atualidade, mesmo com o crescimento constante e avassalador da internet. Vale elogiar ainda o figurino esplêndido e a trilha sonora de qualidade, com músicas clássicas daquele tempo. A história no geral ---- levando em consideração os dramas e conflitos ----, entretanto, não empolga. É um enredo sem grandes atrativos e que não provoca uma vontade de acompanhar com afinco. O segundo episódio foi mais focado na produção da primeira telenovela, evidenciando os conflitos dos bastidores, principalmente em torno da guerra de egos entre Beatriz e Verônica.

"Nada Será Como Antes" é uma série que apresenta um contexto de extrema relevância para a história da televisão brasileira. O elenco se mostra bem escalado, o capricho da produção é notado em todos os momentos e a direção competente de José Luiz Villamarim mais uma vez é um dos pontos altos, sendo necessário elogiar ainda a trilha sonora primorosa. Apesar dos dramas expostos não serem muito convidativos, a trama reúne vários elementos que definem a qualidade do seriado. Resta torcer para que ao longo dos episódios a ficção se torne tão convidativa quanto tudo que a cerca.

28 comentários:

  1. A série é caprichada, mas concordo com você que o enredo não empolga. É uma traminha muito fraquinha. Tomara mesmo que melhore.E essa Marquezine é forçada demais.Antes fosse a Sophie.

    ResponderExcluir
  2. Débora e Murilo tão ótimos, mas essa Marquezine só se destaca pelo corpo. Talento não tem. Tanto que falam da tal cena vazada dela nua porque elogiar o trabalho como atriz nem dá. Acho a Beatriz bem parecida com ela, inclusive.

    ResponderExcluir
  3. Achei bem chatinha. É caprichada, mas a trama não provoca interesse. Cansa logo.

    ResponderExcluir
  4. Achei mediana. Capricho na caracterização, mas história chatinha. E Marquezina com sua voz fanha sendo sensual não dá.

    ResponderExcluir
  5. Esperava bem mais pelo que vi nas chamadas.

    ResponderExcluir
  6. A série é boa, mas arrastada demais. Agora de terça eu assisto MasterChef Profissionais.
    big beijos
    www.luluonthesky.com

    ResponderExcluir
  7. Pois é, mas dessa série ninguém fala que o mérito é exclusivamente do diretor, não é?

    ResponderExcluir
  8. A série é boa, mas só. E não será lembrada. Apesar do capricho, não provoca burburinho.

    ResponderExcluir
  9. Concordo quando vc diz q a série é impecável em termos técnicos, oq ja é um padrão das séries e mini séries da Globo, mas a trama não empolga.
    Eu achei q o enfoque seria mt maior nesses bastidores do inicio da tv, mas o primeiro episódio foi mt mais focado no romance e conflito do casal protagonista, o q não me empolgou, na verdade me deu até um pouco de sono.
    Não assisti o segundo episodio(preferi ver a estreia do masterchef profissionais) para saber se melhorou e dificilmente vou voltar a assistir, mas é interessante ver um aumento de produções de séries e mini séries dramáticas na Globo, q ficava mas pela comédia mesmo. Torcendo para abrir um horário fixo para as produções nesse estilo e quem sabe uma segunda temporada de Justiça,não acho impossível.

    ResponderExcluir
  10. Olá, Sérgio...engraçado que o video vazado de Bruna Marquezine chamou mais a atenção que a própria trama em geral e isto mostra o quanto vc está perfeito em sua análise,levando em conta o drama e conflito, trama sem muito atrativo e sem muita empolgação inicial, apesar de todo o contexto para/ da história da televisão brasileira e seu figurino impecável.Resta nos aguardar!
    Bomfinde,belos dias,abraços!

    ResponderExcluir
  11. Tb preferia a Sophie, Heitor. Mas foi por uma boa causa: o filhinho dela. E o enredo é mais fraco msm.

    ResponderExcluir
  12. Débora e Murilo sempre ótimos, anonimo.

    ResponderExcluir
  13. Achei mt caprichada, Paula, mas o enredo deixa a desejar.

    ResponderExcluir
  14. Gabriel, ótimo comentário. Mas te aconselho a ver o segundo pq há uma clara melhora e tem mt mais bastidores.

    ResponderExcluir
  15. Exatamente, Felis. E obrigado pelo carinho. abçs e boa semana.

    ResponderExcluir
  16. O final do episódio termina com um bom gancho, pois ficamos na expectativa da recepção da TV nesse momento histórico do Brasil. Além disso, a maioria das personagens foram apresentadas superficialmente, não tendo muito aprofundamento, algo que deverá ocorrer nos próximos episódios. Com uma boa estreia e uma proposta interessante em contar uma história de algo tão presente na vida dos brasileiros, a TV, Nada Será Como Antes possui potencial para ser uma boa minissérie, levando em conta também o excelente cenário, ambientação e trilha sonora.

    ResponderExcluir
  17. Numa vida tão acelerada do século XXI, o indivíduo moderno procura caminhos mais curtos de ter acesso à arte. Logo, é mais rápido ouvir do que ouvir e olhar. Se bem que, quando apenas ouvimos, também olhamos, mas com os olhos da imaginação. É interessante observar como a metade do século XX pode ser lida e relacionada com os das atuais. ah sim, Foi legal ver a atriz em um papel de mulher forte, administradora dos assuntos e negócios do pai e do irmão, já que, na maioria das vezes, ela está na pele de personagens mais frágeis. Adorei. Não poderei esquecer o embate entre Beatriz e Verônica. “O corpo é um instrumento da atriz”, diz a primeira, fala que é rebatida pela segunda: “mas não pode ser o seu único talento”. Verônica pode se sentir ameaçada por Beatriz: ela topou rápido fazer a cena de nudez e teve tanto destaque quanto a protagonista. A dançarina não deixou ser intimidada por alguém mais experiente e provocou a Verônica ao citá-la como uma pessoa que a ajudou muito a entender a função da cena de nudez nessa sua estreia na TV: “se me atacar, eu vou atacar!”.

    ResponderExcluir
  18. Também estou gostando de Nada Será como Antes e lamento que a minissérie seja exibida apenas uma vez por semana. O elenco é ótimo, com destaque para Murilo Benício e Débora Falabella

    ResponderExcluir
  19. O enrtendo deixa a desejar, Elbira, mas o pano de fundo é ótimo. bjsss

    ResponderExcluir
  20. Ah, tb concordo que Murilo e Débora são os destaques. bjs

    ResponderExcluir