As quatro obras primaram pela qualidade e o trabalho de Luiz foi vital para o evidente capricho das mesmas. O diretor consegue extrair o melhor dos atores e seu cuidado com as câmeras fica claro em cada sequência, procurando sempre aproveitar o máximo dos cenários e iluminação de cada ambiente. Em "Justiça", por exemplo, houve um processo bem mais complicado. Afinal, a minissérie de Manuela Dias contava quatro histórias independentes que se cruzavam e o grande trunfo da trama era a diferente angulação de cada cena. O telespectador via a mesma situação sob diferentes óticas, ressaltando a importância da colocação das câmeras e dos enquadramentos.
Em algumas sequências, por exemplo, ficava explícito que precisaram gravar várias vezes para que houvesse uma precisão na filmagem, destacando bem o olhar de cada personagem. Já em outras, havia a clareza da existência de alguns cinegrafistas colocados em pontos estratégicos, deixando o conjunto primoroso.
Não era uma tarefa simples, ainda mais em um enredo onde podiam ter ocorrido furos cronológicos devido aos muitos acontecimentos conjuntos ---- como houve em poucas vezes, inclusive (embora em nada tenha afetado o todo). E, apesar das inúmeras dificuldades, praticamente tudo funcionou, despertando a atenção do telespectador, que fez questão de observar cada detalhe (algo que não costuma acontecer em novelas, por exemplo).
E José ainda tem uma vitoriosa parceria com o cineasta e fotógrafo Walter Carvalho --- observada também nas demais produções citadas --- que faz toda diferença. A fotografia da minissérie foi primorosa e as imagens foram voltadas para um realismo impressionante. A própria história já apresentava elementos bem reais, mas o trabalho da direção conseguiu contar esse enredo de forma mais crua possível. O público viu ali um Recife (onde tudo era ambientado) sem floreios, onde a imagem estava em função da cena e não o contrário. Vale citar ainda a preocupação em focalizar a expressão dos atores, valorizando cada sentimento passado através dos vários conflitos que iam se desenvolvendo.
O trabalho do diretor em "O Rebu", primoroso remake de George Moura, é mais um que merece aplausos. Houve um minucioso trabalho na valorização da mansão de Angela Mahler (Patrícia Pillar), que servia praticamente de cenário único ao longo da novela que se passava em dois dias. As imagens mais acinzentadas serviam para compor o clima sombrio da trama, que era permeada por mistérios envolvendo o assassinato de Bruno Ferraz (Daniel de Oliveira). E mais uma vez ele conseguiu extrair o melhor do impecável elenco escalado. O capricho de José Luiz dessa produção, inclusive, lhe rendeu o prêmio de Melhor Diretor no "Prêmio Contigo de Televisão", com muito mérito.
A sua direção em "O Canto da Sereia" e Amores Roubados" não foi diferente. As duas microsséries primaram pelo capricho, onde o trabalho do diretor esteve em completa harmonia com o do escritor. A atuação visceral do elenco expôs o processo de José Luiz, que sempre procura tirar os atores da zona de conforto. Fica perceptível, por exemplo, que o diretor escolhe os intérpretes de acordo com o passado dos mesmos. Se a atriz ou ator nunca vivenciou tal experiência, ele simplesmente o seleciona para o papel. E funciona, pois o time escolhido é sempre muito bem selecionado. Isis Valverde vivendo a protagonista Sereia foi de um acerto preciso, assim como Murilo Benício interpretando o inescrupuloso empresário Jaime Favais ---- mencionando apenas alguns casos. A ambientação dessas duas produções, inclusive, também foram usadas com maestria em função do enredo, servindo ainda como um belo pano de fundo.
A trilha sonora é outra preocupação do diretor. Os quatro produtos citados tiveram uma seleção de músicas impecável. E o cuidado com as escolha é perceptível tanto na nacional quanto na internacional. Vale fazer uma menção especial ao remake de "O Rebu". Com uma trilha composta por "Boys Don`t Cry" (The Cure), "Bizarre Love Triangle" (New Order), "Sua Estupidez" (Erasmo e Roberto Carlos), "I`m Feeling Good" (Nina Simone), entre outras, a novela das onze presenteou os ouvidos do público. E, com "Justiça", a qualidade novamente foi observada. Vide "Pedaço de Mim" (Chico Buarque e Zizi Possi), "O Que Será" (Caetano Veloso), "Hallelujah" (Jeff Buckley), "Afterlife" (Arcade Fire) e "Candy" (Iggy Pop"), além de mais alguns clássicos que compuseram com perfeição essa seleta lista.
Os novos trabalhos de José Luiz Villamarim são a série "Nada Será Como Antes" ---- já toda gravada e que estreou no final de setembro, expondo mais uma vez o seu profissionalismo ---- e "Jogo da Memória", nova novela das onze que estreia em 2017, escrita pela sensível Lícia Manzo. Não há dúvidas de que o diretor mostrará o seu talento mais uma vez ano que vem. E enquanto essa outra produção não chega, resta apenas admirar o trabalho dele no atual seriado que conta a história da televisão no Brasil (trilha memorável, elenco bom e cenários de luxo) e aplaudir tudo o que o talentoso profissional fez em "O Canto da Sereia", "Amores Roubados", "O Rebu" e "Justiça" ---- sendo necessário ainda citar a sua direção no fenômeno "Avenida Brasil", além de "Paraíso Tropical", "Mad Maria", entre outras. Já se firmou, com mérito de sobra, na lista dos melhores diretores da Globo.
Que texto maravilhoso!!!! Endosso cada palavra. Ele é ótimo e a novela da Lícia ser dirigida por ele já é garantia de coisa boa.
ResponderExcluirParabéns pelo texto. Esse é daqueles que vc faz e nos surpreende.
ResponderExcluirEle é muito bom, e a cada produção traz algo inovador
ResponderExcluirParabéns pela postagem!
ResponderExcluirBelo texto Sérgio. Apenas uma pequena correção: O Rebu é de 2014 (estreou na segunda feira após a Copa do Mundo, no mesmo dia de malhação sonhos) A novela das 23h de 2015 foi Verdades Secretas.
ResponderExcluirUm grande abraço!
Concordo com tudo. Ele é um grande diretor e achei todos esses trabalhos fantásticos. Só essa Nada Será como Antes que acho chatinha, mas não por culpa dele e sim do roteiro. A trama da Licia Manzo promete.
ResponderExcluirNão era a toa que ele foi um dos diretores de Andando Nas Nuvens, novelaço de 1999 que pode até não ter sido um grande sucesso, mas tinha um texto afiado, excelentes atores e uma direção caprichada.
ResponderExcluirAdoro ele e achei todas essas produções citadas maravilhosas, especialmente O Rebu.
ResponderExcluirEm Justiça e O Rebu ele se superou. Um mega diretor mesmo!
ResponderExcluirDiretor de talento em produções escritas por outros talentos. Que venha a da Licia Manzo agora!
ResponderExcluirsó pela estética, O Rebu e Meu Pedacinho De Chão são muito mais merecedoras ao Emmy, não é? isso prova que está no caminho certo.
ResponderExcluirUm ótimo texto sobre um diretor fantástico. Se tem o nome do José Luiz Villamarim envolvido no projeto já é o suficiente para conferir. Já ansioso em conferir como vai ser a parceria dele com a Lícia Manzo na nova novela das 23h.
ResponderExcluirMt obrigado, Fernanda!
ResponderExcluirValeu, Felipe!
ResponderExcluirVerdade, Daiane!
ResponderExcluirObrigado, anonimo.
ResponderExcluirVerdade, Pedro, me confundi. Corrigido.
ResponderExcluirA trama da Licia promete mt, Fábia.
ResponderExcluirTb adorei Andando nas Nuvens, Chica!
ResponderExcluirO Rebu foi primorosa, Pedro!
ResponderExcluirMega diretor, anonimo!
ResponderExcluirQue venha, Olivia!
ResponderExcluirSão sim, Cleanskin.
ResponderExcluirTb estou mt ansioso, Gabriel!!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOI SÉRGIO!
ResponderExcluirREALMENTE ELE ESTÁ ESCREVENDO SEU NOME COMO UM DOS MELHORES DIRETORES QUE JÁ PASSARAM PELA GLOBO.
PARABÉNS PELO TEXTO.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Vivemos tempos estranhos, com proliferação de discursos de ódio e emprego oficial de soluções que se explicam pela necessidade de atingir objetivos sanadores, independentemente dos meios empregados. Quando a produção artística de alta qualidade começa a refletir essa tendência na forma de ficção com ampla aceitação por parte do público, o que de certa forma acaba legitimando-a, nunca é demais lembrar que a realidade é bastante dura e sempre, sempre pode piorar.
ResponderExcluirA minissérie Justiça, da TV Globo, terminou se celebrizando como uma das melhores produções da TV neste ano. Com direção de cena caprichada, capitaneada pelo excelente José Luiz Villamarim, mostrou uma total conexão entre enredo, elenco e locações. Sua parceira Manuela Dias também esta de parabéns.
ResponderExcluirLuiz Villamarim é sinónimo de qualidade e inovação. Com uma realização segura, assertiva, eficaz e objetiva. De entre as suas obras, adoro todas, mas as minhas preferidas são Amores Roubados e Justiça. Estou gostando imenso agora de Nada Será Como Antes, começou com episódio morno mas logo no segundo capitulo conquistou-me. Mais um excelente post...um abraço de Portugal :)
ResponderExcluirLinha Reta | Facebook | Instagram | Twitter
Mt obrigado, Zilani!
ResponderExcluirEstá de parabéns mesmo, Izabela!
ResponderExcluirMt obrigado, Paulo! E sempre mta honra em ver um leitor de Portugal prestigiando o blog! Abração!
ResponderExcluirMais uma vez, temos gostos parecidos, amigo Sérgio. José Luiz Villamarin é excelente diretor.
ResponderExcluirQue bom, Elvira! =)
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