sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Eduardo Moscovis pôde mostrar seu talento nos momentos finais de Orlando em "A Regra do Jogo"

Foram longos dez anos longe das novelas. O último folhetim que contou com o talento de Eduardo Moscovis foi "Alma Gêmea", fenômeno de audiência escrito por Walcyr Carrasco em 2005, onde interpretou o mocinho Rafael. Durante este período de 'afastamento', o ator fez uma participação em um episódio de "As Cariocas" (2010) e protagonizou duas séries: "Louco por Elas" (2012/2013), na Globo, e "Questão de Família" (2014/2015), no canal a cabo GNT. Até que finalmente ele voltou aos folhetins em "A Regra do Jogo", onde pôde ser visto desde setembro, na pele do canalha Orlando.


Inicialmente, o vilão escrito por João Emanuel Carneiro parecia promissor. Irônico, dissimulado e extremamente ambicioso, o personagem aparentava ser um dos melhores da facção criminosa que move o roteiro. Entretanto, o perfil ---- que na sinopse era um homossexual enrustido, mas cuja sexualidade foi alterada por receio da rejeição do público ---- foi perdendo a importância. Todo o atrativo início, que consistia em sua aproximação da família de Gibson (José de Abreu), se diluiu com o tempo e a situação ficou estagnada e repetitiva. Ou seja, a frustração pelo subaproveitamento do ator, ainda mais levando em conta os dez anos que o mesmo ficou longe das novelas, começou a se fazer presente.

Mas o autor se redimiu quando houve a esperada revelação do Pai em "A Regra do Jogo". Obviamente, o José de Abreu passou a ter o triplo de destaque que tinha quando seu personagem foi exposto, no capítulo 93, como o maior vilão da história. Só que Eduardo Moscovis foi beneficiado juntamente com ele.
A cena do poderoso chefe da facção se revelando, aliás, teve a presença de Orlando, que ganhou o 'bônus' de conhecer a identidade de seu grande mentor, após uma sucessão de 'trabalhos' bem realizados. E o papel do ator deslanchou de vez a partir desse momento, passando a valorizar todo o seu conhecido talento.

Uma das melhores cenas da trama, inclusive, foi o casamento de Orlando e Nelita (Bárbara Paz), que aconteceu justamente pouco tempo depois que Gibson revelou para o genro a sua verdadeira identidade. Dante (Marco Pigossi) conseguiu evidências contra o bandido em relação ao antigo relacionamento do vilão com Lara (Carolina Dieckmann), e, se vendo encurralado, o ambicioso membro da facção resolveu contar para a futura esposa, se livrando de parte das acusações. Mas o canalha ainda se viu exposto diante do escândalo dado por Conceição (Séfora Rangel) no meio da cerimônia e se irritou profundamente diante da bipolaridade da esposa durante a festa. Eduardo Moscovis se destacou em todos os momentos, assim como seus colegas.

E o ator conseguiu ainda mais destaque quando Orlando virou uma pedra no sapato da facção diante dos avanços da investigação de Dante e do ódio crescente que a família de Gibson sentia do bandido. A cena em que Orlando cai na armadilha criada pelo Pai e Zé Maria (Tony Ramos) ---- após o mesmo ter tentado convencer Zé de assassinar o líder ---- foi repleta de ação, implicando em uma outra virada na trama: a atitude desesperada do ex-integrante da máfia de sequestrar o todo poderoso, 'assinando de vez o seu atestado de óbito'. A sequência, inclusive, proporcionou uma excelente audiência (32 pontos de média com picos de 35).

O momento que Orlando interrompe a ceia de Réveillon da família de Gibson, se dizendo decepcionado por não ter sido convidado e desejando um Feliz Ano Novo a todos, foi impactante. Eduardo Moscovis conseguiu mostrar com brilhantismo todo o descontrole do seu personagem e o ódio foi transmitido com o olhar. Ele protagonizou uma cena muito difícil emocionalmente, comprovando o seu talento. O intérprete deu um show do início ao fim, principalmente quando o canalha diz que Dante merece levar o troféu de tapado do ano e no instante que ele ironiza o todo poderoso chefe da facção; além de vomitar ironias em cima de Nelita, Nora (Renata Sorrah) e Belisa (Bruna Linzmeyer). Foram grandes cenas.

Outras sequências que destacaram o ator foram as que ele protagonizou ao lado de José de Abreu, quando Orlando manteve Gibson como refém. O 'ex-genro' tentou intimidar o chefe da facção, mas acabou virando vítima do Pai, que logo virou o jogo, conseguindo escapar. A morte do vilão também proporcionou um ótimo momento para o intérprete, apesar de ter sido rápida. Orlando implorou por sua vida, tentando apelar para o lado emocional do rival Romero (Alexandre Nero), e conseguiu desestabilizá-lo. Porém, foi assassinado a sangue frio por Gibson logo depois.

Eduardo Moscovis ----- que já brilhou em "Por Amor", "Pecado Capital", "O Cravo e a Rosa", "Senhora do Destino" e tantas outras produções ---- é um grande ator e fazia muita falta nas novelas. Após um começo com destaque irregular em "A Regra do Jogo", o intérprete teve seu talento valorizado por João Emanuel Carneiro nos momentos finais de Orlando. Infelizmente, a novela ---- que já perdeu muito com o assassinato de Djanira (Cássia Kiss) ---- perde bastante com a morte de um dos seus principais vilões. Porém, apesar da saída do personagem, valeu a pena ter acompanhado e aplaudido o grande desempenho do ator ao longo destes últimos meses. Resta torcer para que ele não demore mais dez anos para retornar às novelas. Os folhetins precisam de profissionais assim em seus elencos.

25 comentários:

  1. Ele é um grande ator mas demorou pra ser valorizado e quando foi era tarde demais. Não vi a necessidade da morte da Djanira e nem a dele. A novela só perde com isso.Abraços.

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  2. Gostei do texto e até tinha lamentado a morte do personagem sem vc ter escrito texto sobre ele.

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  3. É uma grande ator, mas deveria ter esperado mais pra voltar, deixando o mocinho Rafael como seu último papel em novelas mesmo. O Orlando não fez jus ao seu talento.

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  4. Apesar de ter gostado muito do Orlando do capítulo 93 pra cá, também faço parte dos que acreditam que o papel não fez jus ao talento dele. Durante toda a novela ele fez um papel chato e cansativo que ficava pior com a Nelita que também é um tipo cansativo. Só que depois do capítulo da revelação do Pai o destaque foi todo pra ele e aí sim ele pôde comprovar seu talento. A melhor cena dele pra mim foi a da invasão no réveillon, humilhando o Dante e despejando ironia nas mulheres. As cenas no cativeiro também foram ótimas e a cena final dele, dando um closed nele morto sentado na cadeira fechou a participação dele com chave de ouro. Mas pra mim, assim como a novela piorou com a morte da Djanira, vai piorar um pouquinho com a morte dele também. Mas não tinha mais salvação pro personagem mesmo. Ainda assim eu preferia ele ao insuportável do Romero. Espero que ele retorne algum dia para as novelas, em um papel que o valorize durante toda a trama.

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  5. Ele começou sendo desvalorizado mesmo mas nas cenas finais pôde se destacar. Concordo com você.

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  6. Algo a comentar...

    Eu estou de pleno acordo. Quando o texto exige, todo ator de talento tem, realmente, a oportunidade de brilhar.

    Mas, Sérgio, tenho certas ressalvas com muitas críticas que leio por aqui e afora sobre questões do tipo: subaproveitamento de ator, valorização do talento, pouca importância na trama, destaque irregular, e blá... blá... blá...

    Quando leio críticas assim, fica parecido entender que todos os grandes atores que já protagonizaram tramas no passado tem por, via de regra, ter grande destaque ou grandes personagens em todas as novelas que forem fazer? E os papeis, assim considerados "pequenos", devem ser destinados então apenas a atores principiantes ou de pouco talento?

    Já assisti a várias entrevistas com autores e diretores de novelas onde eles fazem importantes observações. Quando uma novela é concebida ou autor cria um argumento, vai desdobrando a história, definindo quais são os personagens que vão contá-la. O autor não pensa na história com uma preocupação se o ator fulano de tal ou atriz beltrana de tal vai ter o 'merecido' destaque e tals... Existe, claro, determinados perfis que terminam por surpreender e cair nas graças do público, aí o autor aproveita e vai escrevendo e aumentando a participação das personagens, porém isso não é uma regra.

    Eu, particularmente, não vejo que o Orlando perdeu a importância na história ou que ele foi subaproveitado. O autor está narrando uma história, e dependendo do momento que a trama assim o exigiu, o Orlando apareceu.

    Nesse movimentado tabuleiro de Xadrez, as peças são mexidas de acordo com a necessidade do jogo, e olha que tem algumas peças importantes que pouco são mexidas, outras demoram a ser mexidas e outras até são retiradas do jogo.

    abraços...

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  7. Consigo entender o comentário de FSilva. Fica parecendo que é humilhante para um ator renomado fazer um papel de apoio ou secundário nas novelas. Fica a pergunta "Todo ator figurão da tv tem sempre que fazer novelas com os papéis de maior destaque?" Se a resposta for sim, nesse caso é melhor os medalhões dispensarem o papel antes e ser trocado por um ator principiante. Isso vai dá um trabalho pros produtores que na hora de fazer a escalação vão pensar coisas do tipo o Tarcicio Meira não pode fazer esse papel por que pouco é importante, tem que ser outro. Olha vai ter que dar mais destaque a esse personagem aqui porque quem vai fazer é Eduardo Moscovis. Olha não pode matar essa personagem não porque quem faz é Cássia Kiss. Que critérios vão ser utilizados? Fica a pergunta no ar.

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  8. Para mim, Eduardo Moscovis esteve bem no papel desde o início da novela. Foi mais um grande trabalho dele, assim como fora como o Petrucchio, de O Cravo e a Rosa.

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  9. Concordo com o texto e discordo do debate a respeito da falta de destaque ou não de atores. O problema não é protagonista ou não e sim se o papel é bom ou não. Por exemplo, é uma vergonha ver a Maria Padilha nessa novela aparecendo menos que o elenco de apoio. Isso é desrespeito. Atores que fazem seus nomes merecem respeito, não são qualquer um que tá começando agora.

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  10. Feliz 2016 Sérgio! Que tenhas um ótimo ano repleto de realizações! Tudo de bom! :)

    Bjs

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  11. Primeiramente, desculpe a demora nas respostas dos comentários dos outros posts. Falou tempo msm.

    Ox, realmente a novela perde sem eles. abçs

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  12. Entendo, anonimo. Mas eu gostei do personagem.

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  13. Mt bom seu comentário, Ed. Tb acho que ficou um longo tempo com o personagem em cenas cansativas e que o destaque só veio depois da revelação do Pai. Tb considero a melhor cena dele a da invasão no Réveillon. E tomara que o Moscovis não demore tanto pra voltar. abçs

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  14. Entendo, F Silva, mas a questão nem é ser protagonista ou não. E sim ter um bom papel. Mas na minha concepção um grande ator e uma grande atriz n~]ao podem mesmo ficar jogados em novelas em papéis sem importância. Para isso chamem atores que não são tão conhecidos ou ainda estão galgando. Mas há vários papéis coadjuvantes maravilhosos. Só que tem outros tristes. O que o outro leitor comentou é verdade. A personagem da Maria Padilha é triste. Faz figuração pra elenco de apoio. Aí não dá, é falta de respeito sim. Com o Eduardo, como disse no texto, o autor pôde se redimir com esse destaque na fase final. Mas foi um bom tempo em cenas que cansavam. E nem sempre os atores que protagonizaram novelas no passado merecem destaque agora, pois alguns nem tinham mt talento. Tudo depende. Mas valorizar um bom ator é o mínimo. bjs

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  15. Tb consigo entender, anonimo. Mas não tem nada a ver com papel secundário ou principal. Tem a ver com papel bom e ruim. Há inúmeros papéis secundários que são mt melhores que os protagonistas. Não é esse o problema. O prpblema é um grande ator ou grande atriz estar numa novela só pra dizer falas inúteis, fazendo figuração de luxo. Não é o caso co Orlando, por exemplo. E nem da Djanira.

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  16. Exatamente isso que acabei de colocar, Ulisses. abçs

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  17. Sergio, eu sentia saudades dele, pois é um ator brilhante. E está certíssimo, ele deu um show de interpretação em sua despedida da novela. Bjs.

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  18. Olá Sérgio,

    Também sentia saudades de ver Eduardo Moscovis em atuação. Ele é um excelente ator. A princípio, seu personagem esteve desinteressante, mas ganhou destaque no momento oportuno e o ator soube mostrar seu talento.

    Abraço.

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  19. Este comentário foi removido pelo autor.

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