O principal casal de "Sete Vidas" é um dos muitos acertos desta trama tão bem escrita por Lícia Manzo. A conturbada relação de Lígia e Miguel afeta, direta ou indiretamente, todos os personagens da novela e o par tem um enredo denso que os cerca desde o primeiro capítulo. O sentimento que os une é tão intenso que eles sempre estiveram ligados, mesmo com tanto tempo de afastamento e conflitos. Débora Bloch e Domingos Montagner são muito exigidos e vêm correspondendo desde a estreia.
A jornalista sempre foi apaixonada pelo oceanógrafo e ambientalista, sendo plenamente correspondida. A relação acabou justamente quando o relógio biológico dela tocou, e o desejo de ter uma família estável afastou o navegador. Em meio ao término da relação, já houve um tudo: uma morte que na verdade era um desaparecimento, culminando em uma fuga; o nascimento de um bebê, fruto deste amor; um casamento; o aparecimento de cinco filhos gerados através da doação de sêmen feita pelo protagonista no passado; um retorno (após um longo isolamento em Fernando de Noronha) que chocou a todos; e um transplante de fígado que provocou sérias complicações. Praticamente uma avalanche de dramas e acontecimentos.
Porém, mesmo com tantas mudanças drásticas, novas formações familiares, mágoas, cruel passagem do tempo e reviravoltas impensáveis, eles nunca ficaram separados no pensamento. E a resistência de Miguel em estabelecer vínculos ---- sendo justamente esta questão a responsável por todos os conflitos gerados ---- está em seu traumático passado, já amplamente abordado na história.
Ele viu o pai molestando a menina por quem estava apaixonado na época, o acusou, provocou uma grande discussão e ainda se culpou pelo acidente da mãe, que faleceu ao ser atingida em cheio por um caminhão depois de ir atrás do filho. Desde então, aquele introspectivo homem se isolou do mundo.
A trama foi muito bem construída pela autora e todo este trauma do protagonista enriquece o papel, tão bem defendido por Domingos. Por mais covarde que Miguel tenha se mostrado em algumas situações, não é possível julgá-lo. E é justamente a descoberta deste triste passado que reaproxima Lígia dele. Isso porque Júlia (Isabelle Drummond) conta para a mãe de Joaquim ---- após saber pelo próprio durante a viagem que fizeram juntos ---- sobre o grande terror psicológico que perturba o navegador até hoje. A revelação desarma aquela mulher que já sofreu tanto por aquele homem enigmático. A janela do seu amor volta a se abrir, embora a porta ainda esteja semiaberta.
O momento de reaproximação do casal foi extremamente delicado e teve como ponto de partida justamente o filho deles. Os dois foram passear em uma pracinha com o menino e acabaram conversando sobre os interesses do garoto. Após sentir este pequeno gosto da felicidade, Miguel, mais tarde, toma coragem e vai ao encontro de Lígia levando uma garrafa de vinho. Eles relembram um marcante momento onde iriam tomar a bebida, mas não o fizeram na época porque ele preferiu esperar o vinho 'amadurecer' na garrafa. Agora, correndo atrás do tempo perdido, o navegador viu que não tinha motivos para esperar mais. E claro que a atitude resultou em uma reconciliação linda e repleta de química, além de muito aguardada.
A cena ficou belíssima e a sintonia entre Débora Bloch e Domingos Montagner é evidente. Os dois já haviam brilhado em "Cordel Encantado", onde viveram o Capitão Herculano e a Duquesa Úrsula, transbordando química cada vez que contracenavam. Agora, eles repetem a parceria como protagonistas de uma tocante novela e se destacam em uma sucessão de sequências difíceis. É muito prazeroso assistir ao grande trabalho de dois atores experientes que estão sendo valorizados como merecem, comprovando que nem toda obra precisa ter jovens interpretando os casais principais. Os veteranos precisam de destaque, assim como o público necessita prestigiar grandes histórias românticas (ou não) vivenciadas por intérpretes mais maduros.
Débora e Domingos são muito exigidos pela autora, que escreve inúmeras cenas complicadas e cheias de sentimentos que precisam ser expostos pelos atores. Eles convencem em todas as sequências e não é exagero constatar que estão vivendo um grande momento profissional. Ela, inclusive, há tempos não vivia um tipo tão rico e complexo, que exige tanto da sua capacidade dramática. Há mais de 30 anos na televisão, a atriz já interpretou inúmeros papéis, tendo entre as figuras mais lembradas a Ana Machadão, de "Cambalacho"; os vários tipos vividos na "TV Pirata"; a Karin, de "Separação?!"; a já mencionada Úrsula; e mais recentemente a Verônica, de "Avenida Brasil". Porém, mesmo com tanto tempo de carreira, ela até agora ainda não havia ganhado uma personagem tão importante e densa quanto Lígia.
Já o intérprete do Miguel começou tarde na televisão, após um longo período no circo e no teatro. Foram pequenas participações em séries ("Força-Tarefa", "A Cura" e "Divã") antes de estrear em "Cordel Encantado", vivendo um cangaceiro. Até então seus melhores papéis foram o Capitão Herculano e o presidente Paulo Ventura (da impecável minissérie "O Brado Retumbante"). Mas claro que esta lista ganhou outro integrante: o complexo navegador da atual novela das seis, seu segundo protagonista. Ele vem dando show em cena e honra o posto de figura central da história, que além de ser a responsável pelas sete vidas do título, ainda protagoniza um nada simples romance.
Lígia e Miguel formam um belo casal e tem sido muito prazeroso acompanhar todos os dramas desta relação tão conturbada. Lícia Manzo e Jayme Monjardim acertaram em cheio quando escalaram Débora Bloch e Domingos Montagner para serem os grandes pólos de sustentação de "Sete Vidas" e os atores vem correspondendo à altura ---- eles se destacam e os personagens esbanjam química. São muitas cenas ricas dramaturgicamente, onde não é necessário um vilão ou uma vilã para atrapalhar o par. Eles mesmos são os responsáveis por todos os problemas que os rodeiam. O amor precisa 'apenas' resistir aos conflitos de cada um, deixando o romance mais real do que se imagina.
Muito bom o seu texto, mas você já falou de Sete Vidas faz pouquinho tempo, então no próximo post faz uma crítica de I Love Paraisópolis.
ResponderExcluirCasal lindo! E amo ver Debora Bloch sendo valorizada como merece depois daquela participação ridícula em Saramandaia ao lado do horrível Gabriel Braga Nunes. Amei seu texto sobre o casal e a trama deles.
ResponderExcluirBelo casal, Sérgio, em uma bela novela. E você fez um bom levantamento a respeito da necessária valorização dos atores experientes. Jovens talentosos são sempre bem vindos mas não podem dominar tudo , deixando os veteranos de lado fazendo escada ou figuração pra eles. Debora e Domingos honram o protagonismo nessa novela e estou adorando essa fase em que eles estão se reaproximando. Tá bonito!
ResponderExcluirQue texto perfeito! Nada mais a dizer sobre o melhor casal dessa novela linda e única boa atualmente. Amo demais a química desses dois e os personagens tão bem escritos por essa autora admirável.
ResponderExcluirSérgio, muito bom esse texto. Depois de Júlia e Felipe estava faltando vc falar sobre esse casal mesmo. A química é clara e a história dos personagens é tão densa que você mergulha (sem o trocadilho do navegador) de jeito e não quer mais subir. Os atores mereciam mesmo serem valorizados, principalmente ele depois daquele personagem ridículo em Joia Rara. Ela também porque merecia uma protagonista há anos e nunca ganhava. Assino embaixo de todo o seu texto.
ResponderExcluirLindo casal e essa novela merecia ficar mais uns 4 meses no ar. É uma delícia de assistir!
ResponderExcluirEu gosto deles, mas acho que Miguel foi muito egoísta.
ResponderExcluirEspero que ele mude pelo amor e deixe o orgulho de lado.
Um lindo dia pra vc =)
Adoro esses dois, adoro essa novela, adoro essa autora, adoro esse elenco, adoro esses personagens e adoro você!
ResponderExcluirMinha grande Débora merecia um papel como esse e é o melhor da sua carreira.Tirou de um esteriótipo que já estava incomodando, a irônica do núcleo de humor. Agora ela mostra de novo que é uma atriz completa e sabe dramatizar.Ela e Domingos estão bem demais e são protagonistas com méritos.Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirOlá Sérgio...concordo com você no que diz respeito aos atores: Débora e Domingos são ótimos e transbordam química, realmente.
ResponderExcluirMas quanto ao personagem, sinceramente,não gosto nem um pouco Miguel.Detesto personagem que se esconde atrás de "traumas" para justificar as bobagens que fazem. Você, eu sei, adora um personagem traumatizado kkk Esse trauma do Miguel eu acho bem fraquinho para justificar um homem de mais de 50 anos se comportando como se tivesse 18 anos. Aliais, acho bem incoerente você dizer que não se pode julgar o Miguel, sendo que você detona as atitudes do Pedro no twitter, por exemplo. A unica diferença entre os dois, é que o Pedro não tem um "trauma" para se esconder atrás..afinal, a mãe dele só morreu de doença quando ele era um bebê né? Já o Miguel a mãe morreu porque ele agiu como um idiota ao pegar uma moto e sair feito doido fazendo a mulher ir atrás dele. Pois é, não foi a "calunia" que matou a mãe dele, foi o fato dele ter saído de moto depois de ter tido um piti de brigar com o pai...piti que o Pedro vive tendo, mas vc e todo mundo acho o cumulo né? Quem sabe se alguém morrer depois de um desses pitis ele receba um pouco de simpátia. kkk Miguel era e ainda é inconsequente e emocionalmente imaturo.
Serginho querido tá ai uma novela que gosto
ResponderExcluiratores lindos gente bacana fazendo o melhor
Ligia e Miguel nem se fala adoro os dois bom
o Miguel ta melhorzinho de coração descobrindo o amor verdadeiro
que sejam felizes todos bom resumo dessa novela
Abraços com carinho!
└──●► *Rita!!
Concordo do primeiro ao último parágrafo. Essa novela é a melhor de 2015.
ResponderExcluirSérgio,
ResponderExcluirComo não amar essa novela? Vc viu que aula sobre relacionamentos no capítulo de hoje?
Big Beijos
Lulu on the Sky
Essa novela é um verdadeiro encanto. Não perco um só dia e adoro esse casal maduro interpretado por atores tão talentosos!Você descreveu maravilhosamente bem a relação de Ligia e Miguel e só nos mostrou como a autora construiu bem essa história. Essa novela merece Emmy e esses atores prêmios!
ResponderExcluirNovela linda e esse casal é um acerto e tanto. Adoro vê-los juntos e esses dois mereciam mesmo protagonistas. Licia os valoriza com esses grandes personagens nessa novela tão boa. AMO AMO! Bjkkk
ResponderExcluirNão há como discordar, Sergio! Os atores se destacam e nos apresentam momentos mágicos, de interpretação que merece aplausos. Bjs.
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ResponderExcluir" A janela do seu amor volta a se abrir,"... que poético, Sérgio!
Sou grande admiradora dos trabalhos de Débora Bloch e pelo pouco que tive oportunidade de ver da novela, a parceria dela com Domingos Montagner está perfeita. Lindo de ver o belo e envolvente casal em cena (Lígia e Miguel).
Adorei ler as suas considerações, pois é por aqui que acompanho esta novela, pois seu horário é complicado para mim.
Abraço.
Obrigado, anonimo. Já escrevi dois textos de I love Paraisópolis, mas verei se escrevo outro em breve.
ResponderExcluirMt obrigado, Sabrina!
ResponderExcluirPois é, Ana, isso é mt necessário e é sempre válido citar as produções que valorizam isso. Debora e Domingos mereciam msm o protagonismo. bjs
ResponderExcluirMt obrigado, Thamires.
ResponderExcluirObrigado, Fernanda. Depois daquele personagem fraco, o Domingos merecia msm o Miguel, assim como a Debora merecia há tempos uma protagonista. E seu comentário está bom demais. bjs
ResponderExcluirTb acho que merecia, anonimo.
ResponderExcluirFoi egoísta msm, Bell, mas ele tem um trauma mt forte que não justifica, mas explica isso. bjs
ResponderExcluirAh, obrigado, Yasmin. =) bjs
ResponderExcluirMt obrigado, João. E Debora merecia mesmo. É bom demais ver uma grande atriz valorizada como merece. Ela já tinha feito tipos cômicos demais msm. abçs
ResponderExcluirMichele, como já disse, não acho que o trauma dele justifique, mas explica muito. E Pedro não tem nada pra justificar mesmo, e enfiou os pés pelas mãos em todos os seus atos. Mas vc o defende sempre, ou seja, faz o que me critica fazer pelo Miguel. Dá na mesma. Eu gosto do Pedro desarmado, aquele do começo da novela. Esse que ele virou não. E embora ache Julia e Felipe lindos juntos, eu prefiro ela com Pedro. Só que pra isso ele precisará voltar a ser o que era.
ResponderExcluirRita, essa novela é mt gostosa e uma aula de sensibilidade. bjs
ResponderExcluirComo não amar, Lulu? E vi sim, lindo. bjs
ResponderExcluirTb acho que a novela e o elenco merecem prêmios, Olimpia. Só não acho que ela se encaixe mt nas exigências do Emmy, mas se ganhasse seria mt justo. A trama é um encanto msm.
ResponderExcluirTb amo, Flávia. bjsss
ResponderExcluirMerece mesmo, Marilene. bjs
ResponderExcluirQue bom que gostou, Vera. =) Mas estou longe de ser um poeta, não tenho esse admirável dom. rs A novela é uma delícia e pena que vc não possa ver, mas ao menos se inteira pelos posts. bjssss
ResponderExcluirAssino embaixo do seu ótimo comentário, Sérgio.
ResponderExcluirMt obrigado, Elvira!
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