Após uma sucessão de cenas fortes e muito dramáticas, "Malhação Sonhos" voltou a ficar mais leve e cômica. Depois que sua armação com Bianca (Bruna Hamu) veio à tona, Pedro (Rafael Vitti) foi humilhado por Karina (Isabella Santoni) e está fazendo de tudo para reconquistá-la. Claro que os planos são todos estapafúrdios, o que resulta em inúmeras trapalhadas, proporcionando cenas hilárias. Seu ato mais 'ousado' foi um sequestro, organizado por ele e sua trupe de amigos. E foi justamente esta situação que originou uma polêmica recentemente.
Todas as sequências envolvendo o rapto da esquentadinha foram repletas de comicidade e serviram para imprimir um pouco de humor novamente à temporada, após tantos momentos pesados exibidos nos primeiros capítulos de março. Mais uma vez, Rafael Vitti e Isabella Santoni transbordaram sintonia e, no fundo, Karina gostou da maluquice do Pedro, que foi 'ordenado' pelo melhor amigo João (Guilherme Hamacek), autor do plano. Porém, uma parcela do público parece que não entendeu muito bem a proposta.
Algumas pessoas se mostraram indignadas com as cenas e classificaram como um 'incentivo à violência contra a mulher'. Estes indivíduos ficaram 'chocados' com os momentos de agressividade e com o fato da menina ter sido 'coagida' pelo ex. Quem acompanha a atual temporada e sabe todo o contexto da trama, constata o ridículo destas reclamações.
Mas quem não assiste, acaba se influenciando por este tipo de 'revolta' e compartilhando os textos de indignação nas redes sociais. A 'polêmica' foi alvo até de matérias em alguns sites, entre eles o Uol.
Toda a indignação provocada ---- que, menos mal, foi apenas de uma pequena parcela dos telespectadores ----- traz de volta a questão em torno do politicamente correto. Há anos, as produções televisivas sofrem com este tipo de censura disfarçada. E o curioso é que quase sempre os alvos preferenciais são as novelas ou qualquer outro produto do universo ficcional. Os programas que exploram baixarias e as atrações policialescas, que fazem das tragédias do cotidiano um verdadeiro espetáculo dos horrores, são deixadas de lado.
Muitos dos que criticaram a cena de "Malhação" alegaram que havia ali um incentivo à violência, tratando os telespectadores como um bando de idiotas que não têm noção alguma do que é certo ou errado. E partindo deste princípio, pode-se, então, proibir tudo o que for reprovável ou criminoso na teledramaturgia, afinal, é um 'péssimo exemplo' para o público. Os vilões não poderiam agir e nem os mocinhos reagir, assim como os personagens se veriam obrigados a seguir a cartilha da bondade eterna. Ou seja, não haveria história para ser contada.
E o caso da novelinha adolescente nem foi algo planejado com intuito de fazer mal e sim reconquistar a mulher amada através de um jeito trapalhão. Mas ainda que tivesse sido uma ação maquiavélica, qual o problema? É ficção, não é uma aula de boas maneiras. A teledramaturgia pode utilizar vários temas com o intuito de alertar o público (a temporada atual, inclusive, tem feito em cima do câncer de mama e gravidez na adolescência), mas não tem obrigação alguma de fazê-lo. Não é uma regra a ser seguida.
É lamentável que esta moda do politicamente correto tenha se fixado no Brasil, impedindo, principalmente, o desenvolvimento das obras dos autores. Não é nem preciso voltar muito no tempo para relembrar alguns casos lamentáveis. Recentemente, por exemplo, o Ministério da Justiça havia reclassificado a novela "Meu Pedacinho de Chão" (um folhetim praticamente infantil e lúdico) porque a mesma exibia cenas de personagens bebendo, o que incentivava o consumo de bebidas alcoólicas. E quando a Globo reprisou "Mulheres de Areia", a abertura da clássica obra de Ivani Ribeiro precisou ser alterada devido aos seios de fora de uma modelo. Sendo que a produção não sofreu qualquer tipo de corte quando foi exibida originalmente no horário das seis.
O politicamente correto é um mal que, infelizmente, não será extirpado tão cedo. Respeito é bom e todo mundo gosta. Atacar este conservadorismo cansativo não implica em liberar a falta de bom senso, muito pelo contrário, visa apenas deixar as produções dramatúrgicas livres, sem qualquer tipo de patrulha ou censura. Até porque ficção é ficção.
Oi Sérgio!
ResponderExcluirAssisti as sequência do sequestro e adorei, sinceramente não tem nada demais ali já vimos coisas muito piores fora das novelas que ninguém disse nada. O povo que é contra é só pra encher o saco e criar um burburinho desnecessário.
PERFEITO! Nunca vi tanta hipocrisia junta. As pessoas estão ficando patéticas. E faltou vc citar ainda essa recente polêmica em torno do beijo gay em Babilônia.
ResponderExcluirEssas pessoas não tem mais nada o que fazer da vida???? QUE GENTE CHATA!
ResponderExcluirRealmente o mundo tá ficando chato! Estava precisando ler essa crítica, porque finalmente alguém conseguiu expressar o que eu senti com toda essa repercussão idiota das ótimas cenas de Malhação! Obrigada, Sérgio!
ResponderExcluirNão vi a cena e não acompanho Malhação, mas acho uma atitude muito problemática tratar um sequestro e coerção como se fosse uma atitude "cômica".
ResponderExcluirAntes de se reclamar do "politicamente correto" é necessário ter em mente que produtos de ficção não são isentos de ideias, eles podem servir sim pra naturalizar e reafirmar preconceitos já existentes na sociedade. Uma coisa é colocar uma cena de discriminação violência tendo-se claro que esta é uma cena de discriminação ou violência. Outra coisa é colocar uma cena deste tipo como se fosse uma situação a ser aceita e normatizada. Isso é nocivo e deve sim ser criticado
Ao segundo anônimo, o Sérgio fez bem em não falar do beijo gay porque isso nada tem a ver com politicamente correto e sim com preconceito. E Sérgio, eu não cheguei a ver esse sequestro, mas li uma matéria falando sobre isso. Que estupidez. Querem que ficção eduque? Quem é educa é pai e mãe.
ResponderExcluirAlgo a comentar...
ResponderExcluirEstou de pleno acordo.
Quer dizer então que toda cena exibida na teledramaturgia, que mostre uma personagem maniqueísta com atitudes reprováveis é um incentivo para o público fazer o mesmo?
Quem assistiu o que foi ao ar na Malhação, riu e se divertiu. Nenhum telespectador desligou a tv e foi sequestrar ou agredir a namorada não.
abraços...
A sociedade encaretou ou seja ficou mais hipócrita do que o normal!
ResponderExcluirOi Sérgio,
ResponderExcluirExtremamente boba essa polêmica toda, o casal é muito fofo,está tudo de acordo com o horário, e esse pessoal deveria se preocupar com problemas reais. Ficção é ficção e pronto.
Bjs
Acho que tem que criticar sim! Um produto pra crianças mostrar sequestro como algo legal pra reconquistar? A Globo apoia o PSDB! Isso nem surpreende.
ResponderExcluirNossa, outra polêmica idiota. E quem se indignou nem deve ver a temporada só quer pagar de moralista mesmo. Ainda bem que os autores e a emissora ignoraram essa palhaçada. E seu texto é um tapa na cara dessa gente, Sérgio!
ResponderExcluirO que vimos através das críticas feitas à sequência é uma leitura/interpretação, digamos, equivocada da mensagem que a novela (não é mais série, pois com essa temporada - a Mintensa também foi mara(!) - pode ser considerada como folhetim e dos bons) propôs e tem proposto.
ResponderExcluirQuem vê a boas tramas está mais que careca de saber que, por mais realista que seja o enredo, as telenovelas nos apresentam recortes da realidade. Lançam mão da verossimilhança. E, muitas vezes recorrem ao fantástico/maravilhoso/incrível para envolver seu público.
Não encarei as cenas do rapto como incitação a violência ou boicote a valores A ou B. Apesar dos produtos como a novelas terem o papel educativo - por ex. o auto-exame mostrado anteriormente nesta temporada e que gerou outra polêmica, porém menor - não se pode esquecer outros aspectos que envolvem a trama.
Estamos em outros tempos, mas quem lesse hoje A Megera Domada de Shakespeare, ou assistisse aos filmes (e novelas!) baseados nesta obra, teria o mesma impressão de "incitação à violência contra a mulher", machismo etc? O casal Perina - a là Petruchio e Catarina, da obra supracitada - tem suas diferenças e sempre resolveram tudo, ou não, com "violência", mais da parte da Karina, não é?! :)
O sequestro da "donzela indefesa" em nome de um grande amor e para efeitos de comicidade fez muito sucesso, mas não chega a ser um modelo que a garotada siga. Quem recebeu a educação no lar, sabe que esse tipo de atitude na vida real é danoso, então por que implicar com o desenrolar da história?
Depois que o rapto terminou, Pedro levou esporro e foi alertado acerca das possíveis consequências do seu ato que foi imaturo e desesperado, sim!
Em suma: É apenas ficção!
O país está em colapso e ao invés das pessoas se indignarem com isso, preferem se indignar com uma bobagem dessas. A temporada é muito gostosa e não merece qualquer tipo de julgamento besta como esse. Seu texto apenas representa as pessoas inteligentes que não se deixam levar por essas babaquices.
ResponderExcluirHum, como já disse aqui, não gosto do personagem do Pedro e do casal Perina. Aliás, acho o Pedro o pior personagem protagonista dessa temporada. Seu tipo de humor é cansativo, e na minha opinião ele só é infantil e tosco mesmo. Enfim, pra mim essa história de sequestro não passou de mais uma presepada sem-graça desse personagem "cômico", não esperaria nada muito diferente nesse sentido.
ResponderExcluirMas, apesar de conhecer a história e saber do contexto gato e rato do casal, não deixo de dar um pouquinho de razão às pessoas preocupadas com a "mensagem" que a novelinha passa. Primeiro porque é um produto destinado a um expectador cada vez mais jovem e muitas vezes incapaz de fazer reflexões mais profundas e depois por tratar de algo que não está totalmente "resolvido" na sociedade brasileira onde ainda tem muito homem se achando no direito de beijar a força qualquer uma na balada.
E o problema nem é mostrar o sequestro e/ou outras situações (como as mortes na novela das 21, mentiras, etc) mas sim romantizar e fazer parecer que é lindo e romântico. Acho que nesse sentido a autora podia até fazer uma mini-campanha para esse tema, já que ela já faz tantas outras campanhas para outras coisas nessa temporada. Eu não vi a novela, mas bastaria a tal mãe do garoto falar dessa questão, que eu acho que tudo ficaria resolvido. (Talvez até tenha acontecido)
Enfim, ficção é ficção, mas reclamar de determinada situação e pedir um pouco de cuidado da parte dos autores não acho que é ruim. Não acho que se deva pedir para deixar de escrever esse tipo de situação/cena, mas acho que seria legal oferecer um contraponto mais maduro e sério em questões polêmicas como essas.
Esse tipo de atitude: tudo o que passa na TV e pode influenciar as pessoas é ruim para a família brasileira ou tudo o que esses chatos politicamente corretos falam é mimimi e está acabando com as novelas atuais, é a mesma coisa vista apenas de perspectivas diferentes. Se as pessoas pararem para se escutar um pouco talvez a coisa saísse do lugar.
Oi Sérgio!
ResponderExcluirMalhação aborda as questões da adolescência, uma fase tão maravilhosa, a melhor época da vida! Eu não consigo assistir mas gosto de ler seus textos!
Boa semana! :)
Bjs
Acho tão tosco essas pessoas que dizem que novela influencia as pessoas. Se fosse assim, então os filmes e series que todo mundo assiste também influenciam, não é mesmo? Mas esses que pagam de politicamente correto só falam das novelas. Agora só por que o filho matou o pai e eu vi essa cena vou lá matar meu pai? Só por que duas mulheres se beijaram eu vou beijar um homem? Quanta hipocrisia. Novela não é algo pra educar não, é pra entreter. Educação a gente aprende em casa. Mas, claro, quando uma novela apresenta algo didático também é ótimo. Lado Lado tinha algo de didática e era maravilhosa. Não assisto Malhação, mas minha mãe assiste e comentou que adorou esse sequestro por que foi engraçado.
ResponderExcluirOi Sérgio , não assisto Malhação mas ao ver sua matéria me lembrei de um caso parecido que ocorreu na novela ´´Meu Pedacinho De Chão´´. O magnifico casal Zelão e Juliana também passou por um momento parecido ao que você descreveu, me lembro que Zelão ameaçou matar a Juliana caso ela nao voltasse com ele deixando a moça toda assustada (me lembro até da arma de Zelão), mas mesmo assim o casal foi bem querido pelo publico e essa cena nao causou nenhum tipo de influencia negativa. Felizmente eles terminaram juntos como todos queriam não é?
ResponderExcluirAs vezes é necessário os mocinhos saírem daquela zona do ´´sempre bonzinho´´ para assim darem ares mais interessantes a historia, não vejo nenhum problema com isso, novela é novela, vida real é vida real, muitos não sabem diferenciar as coisas.
Bom ver que as pessoas andam bem desocupadas mesmo pra se indignarem com isso.
ResponderExcluirO problema não é mostrar um sequestro de uma jovem. A questão é que isso foi mostrado como algo romântico. Transformar um sequestro romantizado é uma mensagem muito equivocada seja para adolescentes ou até mesmo para adultos.
ResponderExcluirSérgio, não sei se vc viu mas vc foi homenageado pelos autores numa cena onde o Pedro fez um resumo rimado que nem vc faz no Twitter.
ResponderExcluirTotalmente desnecessário essa polêmica, quanta gente sem noção! Ainda bem que foi uma minoria, eu assisti e achei engraçado mas nem por isso quis sair por aí sequestrando ninguém, ainda que o personagem estava fazendo isso por uma boa causa!!! Certamente essas pessoas que criticaram são fãs de programa que faz entrevistas com assassinos e exploram isso como tal... Preguiça dessa gente!
ResponderExcluirDesnecessário msm, Karina.
ResponderExcluirNão citei o beijo gay porque isso não tem a ver com politicamente correto, tem a ver com preconceito mesmo.
ResponderExcluirPois é, Sabrina.
ResponderExcluirDe nada, anônimo, fico feliz que tenha gostado. bjs
ResponderExcluirLívia, pois digo que a maioria das pessoas que criticaram estava na mesma situação que vc: sequer vê a trama e pré-julgou pelo que soube. Não teve nada demais isso e foi falado, inclusive, que ele tinha cometido um crime. E não vejo mal algum em ser tratado com algo cômico até pq nem teve arma, foi tudo feito de forma atrapalhada.
ResponderExcluirExato, Denner, não falei do beijo gay pq isso é preconceito e nada tem a ver com politicamente correto. Tanto que fiz questão de falar sobre essa outra polêmica em outro texto, mas são situações distintas. E sim quem educa é pai e mãe e não novela. Se a pessoa não tem consciência de que sequestro é crime e resolve imitar o que viu, aí é problema desses péssimos pais. Abçs!
ResponderExcluirAssino embaixo, F Silva. Esse excesso de controle está ficando ridículo.
ResponderExcluirÉ verdade, anônimo.
ResponderExcluirDanizita, perfeito. Mt bobo. Tão se preocupando com coisas tolas demais. bjs
ResponderExcluirQue diabos tem a ver uma coisa com outra???? É cada uma...
ResponderExcluirObrigado, Elaine. E os autores fizeram mt bem em ter ignorado mesmo, que besteira.
ResponderExcluirNossa, anônimo, seu cometário está impecável. Penso exatamente o mesmo e nem tenho mais o que acrescentar. Isso aí!
ResponderExcluirTb acho uma besteira se indignar com isso, Quércia. Alías, com isso, com beijo gay, com "violência" em novela, enfim...
ResponderExcluirMas a mãe falou isso mesmo, Raquel. Falou que ele cometeu um crime e não só ela, outros tb deram esporro neles e falaram. Ou seja, não teve nada demais. E eu acho um saco esse tipo de patrulha. Imaginar que na década de 90 não tinha isso é inimaginável pq parece que retrocedemos e retrocedemos mesmo. Hoje, uma novela das seis de antigamente tem cenas que hj jamais poderiam ser exibidas. Isso pra mim é censura. E eu acho que teledramaturgia não tem que educar ninguém. Se tiver algo social e bacana, que contribua pra trama, ótimo, é mt bem vindo, mas se não tiver tb, ok, não precisa. E é um absurdo achar que terá gente sequestrando outra pq viu na Malhação. Se for assim, a violência tá uma catástrofe no país por causa das novelas... Mas respeito essa sua concepção. bjsss
ResponderExcluirObrigado, Bia. bjs
ResponderExcluirEd, que ótimo o seu exemplo de Lado a Lado. É verdade. E eu assino embaixo de todo o seu comentário, tá perfeito.
ResponderExcluirPerfeita lembrança, anônimo. Tb teve isso mesmo na época que o Zelão ameaçou a Juliana. Fora que tb teve na época que o Ministério da Justiça condenou a exibição de bebidas alcoólicas... Preguiça. Concordo plenamente, os certinhos demais na ficção são sempre chatos e é bom ter essas questões pra tirar a trama da mesmice.
ResponderExcluirÉ uma bobagem msm, anônimo.
ResponderExcluirEdson, foi mostrado como uma loucura de amor. Vc nunca viu isso em comédias românticas e com casais na ficção? Já teve mt, mas a diferença é que antes não reclamavam.
ResponderExcluirEu vi, sim, anônimo. A Rosane até falou comigo no Twitter perguntando se eu tinha gostado da homenagem. Fiquei todo bobo. Eles foram mt carinhosos comigo.
ResponderExcluirPois é, Kauê, eu tb me diverti muito. abção!
ResponderExcluirCom certo atraso... A repercussão da cena (sem contexto) obviamente me surpreendeu. Respondi alguns posts no Face com argumentos bem parecidos com os do seu texto (ótimo, sensato). O que tenho a acrescentar é que não foi nossa intensão chocar-agredir ninguém, etc. Mesmo.
ResponderExcluirRosane, imagino que vc deve estar sem tempo até pra respirar! Infelizmente, o mundo está cada dia mais careta e se preocupando com essas bobagens ao invés de coisas sérias. E claro que nao houve intenção, isso ficou nítido. Beijo!
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