terça-feira, 2 de dezembro de 2014

"Eu que amo tanto" foi uma excelente produção no formato errado

Chegou ao fim neste domingo, "Eu que amo tanto", produção de quatro episódios, que retratou a vida de quatro mulheres que amavam demais. A série, exibida no "Fantástico" e dirigida por Amora Mautner e Joana Jabace, teve clima se superprodução e foi baseada no livro homônimo de Marília Gabriela. O último episódio, protagonizado por Carolina Dieckmann, fechou em grande estilo um ciclo de histórias que tiveram como principal ingrediente a passionalidade.


Escrita por Euclydes Marinho (autor da minissérie "Felizes para Sempre", que estreia em janeiro de 2015), a série foi repleta de qualidades e todas as quatro histórias foram ricas. O capítulo de estreia, estrelado por Mariana Ximenes, contou o drama de Leididai, uma mulher que se apaixonou por um violento presidiário (Osmarino - Márcio Garcia) e perdeu o controle de sua vida. A trama abusou das cenas pesadas, vide o momento que a personagem é revistada nua no presídio, e contou com uma atuação exemplar da atriz, que mais uma vez arrancou merecidos elogios pelo seu trabalho.

O segundo episódio exibiu a trágica vida de Sandra, uma viúva que não se lembrava mais do amor até conhecer Miguel (Tarcísio Filho), um fotógrafo que tem um tórrido envolvimento com ela, mas passa a desprezá-la após constatar seu ciúme doentio. O desfecho desta trama surpreendeu, uma vez que a protagonista mata o rapaz com uma tesourada na barriga em plena delegacia e acaba presa em flagrante.
Susana Vieira deu um show e sua cena na cadeia, completamente sem maquiagem, mostrou a coragem da atriz, que emocionou ao expor toda a tristeza daquela mulher.

Já o terceiro capítulo contou com o conhecido talento de Marjorie Estiano, que brilhou absoluta na pele da descompensada Angélica, oficial do Corpo de Bombeiros, que larga marido e filhos para mergulhar de cabeça em uma relação doentia com outra mulher. A ousadia das sequências quentes ficou evidente e a atriz teve uma ótima química com Paula Burlamaqui, intérprete de Cristiane, uma motorista de ônibus. Foram muitas cenas fortes, com a protagonista tendo constantes ataques de fúria, e a atuação visceral de Marjorie impressionou. O desfecho da personagem, refém da loucura, foi melancólico e triste.

O quarto e último episódio apresentou a história de Zezé (ótima Carolina Diekmann), mulher que foi molestada quando criança pelo seu tio ---- a cena de pedofilia foi insinuada em um rápido momento com a talentosa Mel Maia ----- e acabou se apaixonando por um sujeito canalha e violento, bem mais velho que ela. Ela acaba se anulando por aquele homem e aceitando até que ele transe com outras mulheres na própria casa onde vivem. No final, a protagonista coloca uma substância na cerveja do mulherengo, provocando um estágio de sonolência, e o afoga na banheira. A trama foi tão atrativa quanto as anteriores, mas, curiosamente, Antônio Calloni se destacou mais que Carolina. Ele deu um show na pele do asqueroso Osório.

O único defeito da tão caprichada série foi a escolha do formato de exibição. As histórias eram ricas demais para terem míseros dez minutos de duração. O público não teve tempo hábil para mergulhar nas tramas e o ideal era que a Globo exibisse os quatro episódios semanalmente, com no mínimo meia hora, da mesma forma como fez na época da ótima "Amor em 4 Atos" (2011), ou então tendo como base "As Cariocas" (2010) ou "As Brasileiras" (2011). Conteúdo para isso tinha e de sobra. Colocar a série como um mero quadro do "Fantástico" foi pouco para a sua boa produção.

"Eu que amo tanto" foi uma grata surpresa de 2014 e, apesar do equívoco na escolha do formato, esbanjou qualidade. Com ótimas histórias, direção precisa de Amora Mautner e Joana Jabace, total entrega do elenco e personagens cujos dramas despertaram interesse, a série escrita por Euclydes Marinho agradou e mereceu todos os elogios que recebeu. Mas seria ainda melhor se tivesse mais tempo de duração no ar. Pena.

42 comentários:

  1. Sérgio, só não vi o episódio da Susana Vieira. Mas todos os outros eu vi e também gostei da produção. O da Marjorie foi o melhor para mim mas como não vi o da Susana fica difícil fazer um apanhado geral. E concordo com sua crítica. foi uma série ótima num formato errôneo. Onde já se viu colocar como um quadro do Fantástico e ainda por cima ir depois das 23h. Seria melhor uma série mesmo aí sim indo com tranquilidade depois das 23h. Erraram nisso e feio. Abraço.

    ResponderExcluir
  2. Concordo. Não deu pra se envolver. Era muito rápido. Quando vc começava a entender a trama ela acabava. Não sei quem teve a brilhante ideia de colocar algo tão bem feito com menos de dez minutos no ar. Concordo com toda a postagem, tanto com os elogios quanto com a pertinente crítica.

    ResponderExcluir
  3. Eu não assisti a nenhum, mas gosto de passar aqui e me "enfronhar" do que acontece! Aqui é o lugar!! abração,chica e um DEZEMBRO tri legal!chica

    ResponderExcluir
  4. O final do epsodio da Marjorie, ela dando aquele depoimento e tocando a música do Radiohead, foi de cortar o coração. Melhor episódio!!! Realmente uma pena nao ter sido lançada como um seriado semanal, até mesmo pra que assim fosse lançada em DVD em seguida! Pena....

    ResponderExcluir
  5. O da Marjorie foi o melhor e depois vem o da Mariana Ximenes, seguido pelo da Susana Vieira. O da Carolina achei bem fraco e não gostei de ter encerado a série. Não fez jus. Como vc mesmo colocou no texto, o Antonio Calloni se destacou bem mais que ela. Ela parecia a coadjuvante e ele o principal. Mas a série foi feito num formato ruim mesmo. Não entendi terem tanto trabalho pra colocar dez minutos no ar. Não compensou.

    ResponderExcluir
  6. A série foi boa mas nem tanto. Só gostei mesmo do episódio da Marjorie e um pouco do da Susana. Não sei se teria condição de ter maior duração, mas concordo que seria melhor para aprofundar as histórias que ficaram superficiais por causa do tempo.

    ResponderExcluir
  7. Sérgio, esperava mais da série mas se tivesse um tempo maior talvez ficasse bem melhor. Assim como os colegas que comentaram, preferi o da Marjorie de longe. Poderiam até lançar em dvd, mas não tem tempo hábil pra isso. Daria no máximo 40 minutos de gravação. Mt pouco. Até isso prejudicaram a série.

    ResponderExcluir
  8. Assino embaixo do seu inteligente comentário, Sérgio. A história que mais me impressionou foi a da Carolina Dieckmann, e a atuação mais m arcante, a de Marjorie Estiano.

    ResponderExcluir
  9. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  10. Também gostei da série Sérgio, teve agilidade, ótima direção e ótimas atuações de todas as atrizes protagonistas.Tbm achei o episódio da Marjorie Estiano o melhor de longe por ser o mais ousado e diferente, depois vem o da Susana, o da Mariana e a da Carolina na minha opinião.Como eu já disse, todas as atrizes estiveram ótimas a Marjorie Estiano como sempre deu um show de interpretação, ela precisa voltar as novelas urgentemente, tá fazendo muita falta, considero a Laura a melhor personagem da carreira dela, depois vem a sofrida Manu da ótima A Vida da Gente.Até como Maria Paula na fraca Duas Caras, em que ela foi bastante criticada no início(por culpa da personagem chataaaaaaaaaaa, não dela claro)ela deu a volta por cima, despertou torcida do público e formou um ótimo par com o Dalton Vigh, repleto de química.A Susana Vieira também convenceu, Mariana Ximenes idem(ela também faz falta nas novelas).Não acho a Carolina Dieckman uma grande atriz, mas vejo bastante evolução nela nos últimos anos e gostei bastante dela em suas últimas personagens nas novelas(Jéssica de Salve Jorge, Iolanda de Joia Rara) e agora na série ela novamente convenceu e esteve muito bem.E concordo que o Antônio Calloni se destacou mais que ela, mas ele é um ator extraordinário não foi espanto.O grande defeito da série foi o tempo curto da duração e também por ser um mero quadro do fantástico, daí a razão para algumas pessoas não terem se envolvido muito o que eu entendo.

    PS: me alonguei no comentário em relação a Marjorie Estiano porque não comentei no seu outro post sobre a ótima atuação dela na série

    ResponderExcluir
  11. Desculpa Sérgio acabei repetindo meu comentário sem querer

    ResponderExcluir
  12. Dos coadjuvantes, o Calloni foi o maior destaque. Parecia ele o protagonista. Mas acho que deveriam ter encerrado com o da Susana como estava previsto. E concordo com todo o texto, tanto nos elogios justos quanto na crítica ao tempo insuficiente.

    ResponderExcluir
  13. Sergio, sua avaliação foi perfeita e nada cabe acrescentar. Uma pena o tempo curto de apresentação. Grandes atores, que brilharam, e histórias que estão aqui, na vida real. Bjs.

    ResponderExcluir
  14. Dizem que a mel maia é muito metida. E arrogante.

    ResponderExcluir
  15. Eu só assisti o ultimo e achei o finalzinho doente e fraco rs...
    Mas por amor o ser humano é capaz de loucuras.

    ResponderExcluir
  16. A série foi boa mas a curta duração a transformou em algo raso e que não deixará marcas. A Globo errou feio ao optar por esse formato. E essa série poderia ir ao ar no lugar daquele Sexo e as Negas que é horrível.

    ResponderExcluir

  17. Olá Sérgio,

    Lamento não ter acompanhado. Concordo com você que Susana Vieira deu exemplo de profissionalismo ao se permitir apresentar sem maquiagem. Afinal, a vaidade é o ponto alto das atrizes, que vivem de sua imagem (além do talento, claro). Pelo que você discorre, havia mesmo material para outro tipo de formato, com duração maior. A Globo deve ter tido suas razões para optar pelo formato escolhido.

    Ótimas considerações, que gostei muito de ler.

    Beijo.

    ResponderExcluir
  18. Thallys Bruno Almeida4 de dezembro de 2014 às 13:57

    Série maravilhosa. Porém, vou contra a corrente: elejo o melhor episódio o da Mariana Ximenes, que pra mim é de longe a melhor atriz da geração dela. Só depois vêm Marjorie (excelente como sempre), Carol Dieckmann (num dos seus melhores momentos) e, com larga distância, Suzana Vieira (grandiosa, mas num roteiro menos impactante).

    Amora Mautner não tá de brincadeira. Emplacou mais um projeto mt bom, apesar do formato errado, e de quebra ainda ganhou o justo e merecidíssimo Emmy por Joia Rara, que mereceu por conteúdo sim, não foi só por produção (eu torci muito, gostei da novela, com todas as suas qualidades e defeitos - que não eram tantos assim - e já torço pra Duca e Thelma brilharem às nove da noite porque elas estavam merecendo demais). Amora tem se consagrado uma das melhoras diretoras da Globo com mt mérito.

    ResponderExcluir
  19. OX, o da Susana foi mt bom mas comparada aos demais, foi o mais fraco pra mim. E tb achei o da Marjorie o melhor. Mas o formato foi equivocado. abçs

    ResponderExcluir
  20. Exatamente, Bruno. Isso impediu até o lançamento de um DVD com os episódios. Um erro. E esse final do da Marjorie foi ótimo mesmo. Tb achei o melhor episódio, seguido do da Mariana e Carolina. abçs

    ResponderExcluir
  21. Fernanda, concordo plenamente com as duas primeiras colocadas. Só inverteria o da Carol pelo da Susana. Concordo que o Calloni se destacou bem mas, mas ainda assim achei a trama mais interessante, embora o da Susana tenha tido um desfecho surpreendente. Pena o formato ruim. bj

    ResponderExcluir
  22. Pois é, Andressa, um dvd da série seria incrível mas para isso seria necessário um tempo maior. Pena mesmo, não merecia. E tb achei o da Marjorie o melhor. bjs

    ResponderExcluir
  23. Elvira, a atuação da Marjorie foi a mais visceral mesmo. Que atriz. E o da Carol teve uma trama pesada. Bjssss

    ResponderExcluir
  24. Gustavo, não tem problema se alongar, o espaço é pra isso. E tb achei o da Marjorie o melhor, tanto na questão trama, quanto na atuação. Mas coloco em segundo o da Mariana, respeitando sua ordem, claro.

    Marjorie sempre mergulha de cabeça e faz falta mesmo nas novelas, assim como Mariana. O Calloni deu um show na pele daquele canalha, depois de brilhar vivendo o psicopata LC, de Além do Horizonte. Ele acabou se sobressaindo mais, embora a Carolina tb tenha se entregado. E ela vem evoluindo mesmo. Mas a produção só não foi perfeita por casa da questão do tempo que a prejudicou mt. Abçssss

    ResponderExcluir
  25. O Calloni parecia o protagonista mesmo, anônimo. Tb acho que seria melhor manter o da Susana como o último, apesar de ter preferido o da Carolina.

    ResponderExcluir
  26. Respostas
    1. Ela é. muito falsa e arrogante. com as pessoas. fingida. .tem muitas atrizes mirins melhores que essa metida ignorante.

      Excluir
  27. Arthur, boa. Deveria ter ido no ar no lugar de Sexo e as Negas mesmo, que é mt fraca. Seria bem melhor.

    ResponderExcluir
  28. Vera, embora dezembro seja um mês corrido, se tiver tempo, tente ver ao menos uns dois episódios. São curtinhos. Acho que irá gostar. bjs

    ResponderExcluir
  29. Cada um com sua preferência, Thallys. A produção foi excelente mas o formato ruim. Amora é uma excelente diretora e não foi promovida na Globo por mero acaso.

    Sobre Joia Rara, gostei da vitória pq vi de perto todo o trabalho que tiveram com a produção da trama. Porém, considero sua vitória a mesma de Caminho das Indias. Ganhou pelo embrulho. Vc amou a novela e ão há problema nisso, mas ela apresentou mts problemas amplamente conhecidos que nem repetirei. Personagens ficaram avulsos, o núcleo do teatro não deu certo, tramas foram se perdendo, situações foram copiadas de Cordel Encantando, sem sucesso, bons casais foram ficando de lado, 500 sequestros repetitivos, enfim... Já O Astro e Lado a Lado ganharam pelo todo. Mas, como já disse, não torci contra.

    E torço para que a novela da Duca e da Thelma seja tão sensacional quanto Cama de Gato, mas pra 2017 ainda falta mt.

    ResponderExcluir
  30. Olá meu caríssimo Sérgio, tudo bem?

    Sei que estou pra lá de atrasada no comentário, mas não podia deixar de fazê-lo. Concordo com cada palavra sua, gostei muito de "Eu que amo tanto", foi um deleite que realmente apareceu no formado errado. Poderia realmente ter sido como "Amor em 4 atos" que também gostei muito mas preferia algo maior... Quem sabe não é um teste que a Globo pode está fazendo para algo no futuro. Os pouco menos de 10 minutos não deu para degustar melhor do programa e foi ótimo vê aquelas atrizes se despirem da vaidade e aparecerem mulheres comuns. O legal da série foi perceber que muitas vezes, nós mulheres somos muito exageradas e perdemos um pouco da noção (não sei ainda se me incluo nisso, kkk). Mas isso mostra muito o quanto se perde a razão e a noção quando nos vemos apaixonados e pensamos que não somos correspondidos da mesma maneira. Pelo visto amar pode doer bastante...
    Mas gostei bastante do desempenho das atrizes, cada uma soube mostrar como usa personagem chegou ao fundo do poço por causa de um amor extrapolado... E vê que quem alimenta isso, muita das vezes são mesmos, em vez de dá a dimensão mais realista para a coisa. Mas quem disse que amar é ser realista... Enfim, um ótimo trabalho que não soube ser valorizado pela emissora, mas quem sabe no futuro isso possa ser revisto... Não sei, mas adoraria ter um pouco mais de "Eu que amo tanto".

    Um grande abraço meu caríssimo Sérgio e até a próxima...

    ResponderExcluir
  31. Olá minha caríssima Letícia! Tudo indo... Vc nunca está atrasada, só não pode sumir. ;)

    Pois é, foi uma produção excelente que teve um formato equivocado. Tb queria ver mt mais de Eu que Amo Tanto, mas ficou só a vontade mesmo. E gostei do seu comentário sobre o amor. É verdade. bjão e boa semana.

    ResponderExcluir
  32. Gente. Antônio Caloni fez um vilão grandioso (LC) em uma novela fracassada, não me admira ele ter roubado a cena

    ResponderExcluir
  33. É verdade, anônimo. Seu LC foi um grandioso trabalho dele e considero esse o seu melhor papel na carreira.

    ResponderExcluir
  34. Ah sim, anônimo, e deu um show mesmo em Eu que amo tanto.

    ResponderExcluir
  35. Concordo plenamente com o post. Histórias riquíssimas que poderiam ser melhor exploradas. Só pra finalizar, isso não é amor, é uma patologia, egoísmo,,carência, tudo menos amor!

    ResponderExcluir