quarta-feira, 23 de julho de 2014

"Tudo Pela Audiência": um divertido deboche aos formatos apelativos da televisão brasileira

Apostando mais uma vez no humor, após o grande lançamento do sitcom "Vai que Cola" em 2013, o Multishow estreou um novo programa na terça-feira da semana passada (15/07): o "Tudo Pela Audiência". Comandado por Tatá Werneck e Fábio Porchat, a atração tem uma proposta muito criativa: expor todas as apelações que costumam permear os canais abertos, satirizando vários programas de auditório que usam todos os subterfúgios possíveis com o intuito de elevar os índices do Ibope.


A ideia é ótima e o título do programa é extremamente apropriado. Afinal, o que se vê na atração é realmente um conjunto de situações apelativas com a intenção de elevar a audiência. Mas este conjunto nada mais é do que uma soma de vários programas de auditório conhecidos do grande público e que lutam diariamente (ou semanalmente) por uns pontos a mais no Ibope. O intuito é debochar das fórmulas já desgastadas mas que, por incrível que pareça, ainda funcionam.

São vários quadros apresentados ao longo do programa, que tem uma hora de duração e é exibido de segunda a sábado, às 22h30. Entre eles, há o 'Pra quem você tira o pastel?" ----- quadro que faz uma sátira ao 'Pra quem você tira o Chapéu', do 'Programa Raul Gil', do SBT -----, onde o convidado escolhe um pastel (dentro de cada um há o nome de alguém ou alguma coisa, no mesmo esquema do quadro original), que está grudado no corpo de uma mulher com um biquíni minúsculo.
Há também uma espécie de 'Arquivo Confidencial' ('Chora, Brasil') e no caso da estreia uma mulher falou sobre o namorado que estava na plateia, acontecendo ainda um pedido de casamento, enquanto Tatá tentava extrair o choro dos presentes com palavras bonitas. Claro, tudo um mero deboche.

A atração é uma mistura de tantos programas que fica até difícil citar todos os quadros, uma vez que são inúmeros e todos apelativos. Tem ainda o momento das perguntas sobre sexo ('Kama Surta'), das brincadeiras que nada acrescentam, da interação com a plateia, do namoro na tv, dos jurados analisando calouros sem talento, da briga entre vizinhos (barracos claramente inspirados no "Casos de Família"), da participação de populares, entre tantas outras fórmulas amplamente conhecidas. Tem até uma parte reservada na plateia para a Classe C.

E há sempre um convidado por dia. O primeiro foi o cantor Naldo, mas (como a primeira temporada já foi toda gravada) participaram também Eliana, João Kleber, Anitta, Danilo Gentili, Valesca Popozuda, Mara Maravilha, Tom Cavalcante, entre tantos mais que toparam participar da bagunça.

No dia da estreia, os apresentadores fizeram questão de explicar para o público o que era o programa: "Você pega duas xícaras de Silvio Santos, pequenas rodelas de Faustão, polvilha com Sônia Abrão por cima, oréganos de Groisman, você unta uma porção de Gugu Liberato, Galisteu raspada e ralada em cima, você deixa no forno cinco minutos, você borrifa uma Fernanda Lima, uma Cicarelli em cima, corta Mara Maravilhas, você glaceia tudo isso com Fausto Silva e nós temos, então, o "Tudo Pela Audiência". E realmente a descrição é perfeita. A atração é uma mistura de "Domingão do Faustão", com "Altas Horas", "Amor E Sexo", "Programa do Gugu", "Esquenta!", "Programa da Eliana", "Pânico na Band", "Casos de Família", "Programa Silvio Santos" e mais uma penca de programas de auditório que estão espalhados pelos canais abertos da televisão.

E a escolha dos apresentadores foi certeira. Fábio Porchat tem uma desenvoltura totalmente apropriada para este tipo de formato e o poder de improvisação de Tatá Werneck deixa todos os programas imprevisíveis. Os dois são amigos de longa data e a boa sintonia é nítida, o que acaba favorecendo também a condução do programa, camuflando muito bem qualquer tipo de aparente nervosismo. Tatá, aliás, está colhendo os merecidos frutos após o sucesso da Valdirene em "Amor à Vida".

O único senão envolve os dias de exibição. Ter um programa como este exibido diariamente e com uma hora de duração não é algo inteligente. A chance de cansar é grande e o ideal era ser semanal. Até porque uniria o útil ao agradável: além de deixar o público sempre com vontade de acompanhar, prolongaria a duração dos 22 episódios inéditos no ar. Exibi-los todos os dias encerrará a temporada com muita rapidez. Esta questão deveria ser repensada pela emissora. O mesmo vale, inclusive, para o "Vai que Cola", cuja segunda temporada estreará em breve.

O "Tudo Pela Audiência" acertou em cheio ao debochar de formatos tão comuns na televisão brasileira. O programa não é para fazer rir o tempo todo e, sim, fazer uma crítica bem-humorada às apelativas fórmulas, exaustivamente usadas por estas atrações popularescas, e também usá-las para preencher seu conteúdo. Até porque os quadros satirizados têm convidados, da mesma forma que os originais. E a nova atração do Multishow consegue fazer isso com maestria, tanto que já tem uma segunda temporada garantida.

25 comentários:

  1. Oi, Sérgio, como vai?
    Achei bem interessante o formato do programa, e com essa dupla, tem tudo para dar certo! Pena que não tenho acesso ao canal Multishow, tenho certeza que é o tipo de programa que eu adoraria assistir. Me fez lembrar outro que já estou sentindo falta: "Tv na Tv". Um abraço!

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  2. Também gostei da ideia e o programa é engraçado. Mas todo dia não dá. Tinha que ser semanal.

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  3. Sérgio, eu vi mas não gostei não. A sátira é válida mas como odeio todos esses formatos achei tudo chato. bjs

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  4. Thallys Bruno Almeida23 de julho de 2014 às 20:06

    A ideia é excelente, mas acho o resultado do programa meio variável: acho alguns momentos engraçados, e outros não. Além do que tem essa coisa do MSW exibir todo dia algo que podia msm ser semanal ou no máximo ter duas vezes na semana. Ainda assim, é um formato bem-vindo e vale pela desenvoltura da Tatá (ela é responsável pela maior parte da graça) e do Fábio.

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  5. Concordo com os elogios ao programa e com a crítica ao fato de ser diário. Até sábado tem. Não pode.

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  6. Oi, Sérgio!
    Se eu assistir ao programa, será por sua causa, já que não aguento assistir nada que envolva Tatá Werneck e Ingrid Guimarães. Não vejo graça em nada que elas fazem pois tenho a sensação que interpretam elas mesmas.
    Acho que você é um bom vendedor por me fazer sentir vontade de assistir ao programa.
    :D
    Beijus,

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  7. O programa é bom e os apresentadores estão mt bem. Mas no máximo poderia ser duas vezes por semana. De segunda a sábado é demais e nem dá pra ver todos. Não é novela.

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  8. Que porcaria de programa, cruzes!!!!!!!!!!!!!

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  9. Gosto da Tatá e do Fábio, mas não gostei desse programa, Sérgio. Achei muita baixaria e quadros péssimos. Sei que o intuito é justamente esse mas por isso mesmo não gostei. Tenho pavor desses programas que o Tudo pela audiência satiriza.

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  10. Acho Tatá ótima mas o programa não me agradou.

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  11. Sérgio, querido, eu vi o programa quando foi o Gentili. A ideia é muito boa mas acho que na prática não deu mt certo. Uma hora de programa só seria viável se fosse semanal. Diário teria que ser 30 minutos e olhe lá. Não tem conteúdo pra ocupar tanto tempo. Mas os apresentadores são bons e a Tatá está colhendo frutos pelo sucesso da Valdirene. Um beijo.

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  12. Nossa, Bia, o Tá no Ar faz falta mesmo. Que bom que em janeiro volta. Melhor que nada. rs bjs

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  13. O programa não é engraçado o tempo todo mesmo, Thallys, até porque é um programa como outro qualquer que satiriza vários quadros. Nem daria pra ser hilário por uma hora.

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  14. Ih, Luma, então é melhor nem ver. Acho que vc não irá gostar. bjsssss

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  15. Bom comentário, Arthur. Não pode mesmo ter os mesmos dias de exibição de uma novela.

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  16. Exato, Fernanda, o intuito é justamente esse. Mas eu entendo vc não ter gostado. Eu tb odeio esses formatos, mas acho que eles fazem uma ótima sátira e apresentam mt bem. bjs

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  17. Isso é verdade, Melina, se quiseram deixar diário, tinham que diminuir a duração pra não ficar maçante. Mas gostei do programa. Só que semanal seria bem melhor. bjssss

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  18. Oi, Sérgio! Vez por outra você fala no Casos de Família quando está fazendo alguma resenha que, de alguma forma, acaba trazendo esse programa à baila.

    Não sei se essa minha sugestão irá interessá-lo, mas até que eu gostaria de ver uma resenha sua sobre esse programa.

    Isso porque acho perfeitamente possível alguém fazer um programa popular, cliché, do povo e para o povo, mas sem perder a classe, sem deixá-lo cair na baixaria e sem explorar a ignorância alheia como a Regina Volpato, apresentadora que antecedeu Cristina Rocha, fazia.

    Regina era um poço de classe. Sabia ser incisiva, firme, sem ser grossa, sabia colocar cada convidado em seu devido lugar sem precisar chamar seguranças para pô-los para fora.

    Enfim, acho que ela realmente tentava ajudar os convidados que iam ao programa, cumprindo o que me parece ser a proposta original da atração ao contrário da Cristina, que parece estar ali apenas para emocionalmente explorá-los, para rir deles e não com eles.

    Sinceramente, eu acho que, no formato que está, esse programa é um verdadeiro atentado à dignidade humana e, aí sim, caberia uma intervenção do ministério público e sem essa de que aquelas pessoas estão ali porque querem porque dignidade nos termos em que estamos falando aqui é um direito indisponível. Quer isso dizer que não está sob o poder do sei titular abrir mão dele ou não. Indisponível...

    Sendo assim, pouco deveria importar a espontaneidade da participação daquelas pessoas, as quais são em geral de baixa renda,humildes, naquele programa.

    Um beijo, Sérgio!

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  19. Fabíola, concordo plenamente com vc. O Casos de Família com a Regina tinha nível e tentava mesmo ajudar os convidados. E era mt bom de se acompanhar, incluindo as análises da psicólogo Anahy Dámico. Eu escrevi um texto há uns dois anos falando sobre isso. Tá aqui o link: http://zamenza.blogspot.com.br/2011/11/casos-de-familia-quando-o-passado-nao.html .Veja o que acha.

    A Cristina so explora mesmo, fora que há muitas armações tb. Bjsss

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  20. Este comentário foi removido pelo autor.

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