Ao usar Russo para atacar a Globo, Record mostra que continua a mesma

O "Domingo Show" estreou em março de 2014 e desde então vem abusando de todo tipo de assunto sensacionalista para alavancar a audiência do programa. Geraldo Luís comanda a atração e parte para qualquer tipo de apelação para atrair alguns números a mais no Ibope. Vale lembrar que ele já fazia isso no "Balanço Geral", época em que chegou a usar a sofrida história da vida de um anão como uma espécie de show. Portanto, não chegou a ser nenhuma surpresa a exploração da história de Russo, ex-operador de áudio e ex-assistente de palco da Globo.

Antônio Pedro de Souza e Silva é uma figura conhecidíssima do público, já que trabalhou por 46 anos na Globo e vivia aparecendo graças ao carinho que os apresentadores tinham por ele. Não há como esquecer da sua presença no "Cassino do Chacrinha", sendo um 'faz tudo' do Velho Guerreiro. E foram muitos os programas que contaram com seu trabalho, incluindo "Domingão do Faustão" e "Xuxa". O mais recente era o "Caldeirão do Huck", época em que, vale ressaltar, estava trabalhando já aposentado, uma vez que Russo (hoje com 83 anos) já se aposentou há mais de 20 anos.

Após sofrer um enfarto, a Globo obrigou Russo a parar de trabalhar, bloqueando seu crachá, impedindo consequentemente sua entrada no Projac. Como é viciado em trabalho e está nesta ocupação há anos, obviamente, o assistente de palco não se conformou com a decisão da empresa.
Mas, embora a saudade de Antônio Pedro seja compreensível, é perfeitamente aceitável o que a emissora fez, afinal, o serviço que ele pratica é inviável na sua idade, ainda mais depois de um problema cardíaco. Porém, se aproveitando desta situação e até da certa ingenuidade do ex-empregado global, o "Domingo Show" o usou descaradamente para atacar sua principal concorrente.

O programa, que tem cerca quatro horas, explorou de todas as formas a 'indignação' de Russo, incluindo a exibição de uma montagem de um crachá quebrado, aumentando a 'vilanização' da Rede Globo. Geraldo Luís, mesmo de forma indireta, quis passar a imagem de uma emissora 'malvada que destruiu a vida de um pobre senhor de idade, o descartando feito lixo'. Para culminar, o apresentador ainda entregou publicamente um cheque de R$ 10 mil para seu entrevistado, para ajudá-lo nas despesas, mostrando como estava sendo bondoso.

Claro que a reclamação do ex-assistente de palco é alvo de notícias, tanto que vários portais e jornais publicaram o que estava acontecendo com Russo. Até mesmo o "Pânico na Band", vale ressaltar, abordou a questão e fez uma ótima, emocionante e divertida entrevista com ele, sem usá-lo como objeto de ataque. No entanto, a exploração do caso de forma sensacionalista no "Domingo Show" deixou evidente o intuito da Record de atacar pela milésima vez a sua principal concorrente, que ela trata como inimiga número um.

A atitude da emissora de atacar as rivais, através de seu jornalismo, é comum principalmente no "Domingo Espetacular" ---- basta relembrar das reportagens contra a série "O Canto da Sereia", a novela "Salve Jorge", a exploração do caso Guilherme de Pádua, entre tantas outras ----, e o próprio "Domingo Show" já chegou a participar desta 'guerra' quando levou Rodolfo (da dupla com o falecido ET) para falar da indignação do ex-repórter do "Domingo Legal" com o SBT. Porém, em alguns momentos, a Record chegou a demonstrar que suas normas empresariais tinham mudado com a entrada de uma nova gestão, implicando, inclusive no corte de custos e demissões de funcionários. Mas, lamentavelmente, por conta deste tipo de atitude, como a feita no "Domingo Show" em cima da não renovação do contrato de Russo, fica claro que a emissora continua a mesma.