Com uma história leve e divertida, Guerra dos Sexos acerta e supera seus problemas iniciais

O remake de Silvio de Abreu já passou dos cem capítulos e, após um início turbulento, ficou evidente o quanto que a novela melhorou ao longo de sua exibição. Se no início muitos núcleos eram pouco aproveitados, atores exageravam e a história não saía do lugar, o mesmo não tem sido mais visto nos últimos meses. Embora pouca coisa tenha sido alterada da versão original, o que foi um equívoco é bom ressaltar, o telespectador não tem motivos para reclamar de "Guerra dos Sexos" ---- que tem se mostrado uma novela leve e divertida, como toda trama das 19h tem que ser.

E um dos acertos do autor foi a primorosa escalação do elenco. Se na primeira versão o público via Fernanda Montenegro, Paulo Autran, Glória Menezes, Ary Fontoura, entre tantos outros; no remake está sendo possível ver Irene Ravache, Tony Ramos, Mariana Ximenes, Reynaldo Gianecchini, Glória Pires, Drica Moraes e Luana Piovani se destacarem. Claro que também há atores fracos como Eriberto Leão, Thiago Rodrigues e Jesus Luz no time, mas infelizmente ter um elenco impecável é raro na teledramaturgia.

Além de contar com uma turma de atores digna de horário nobre, Silvio de Abreu também foi feliz ao reduzir a 'guerra' e priorizar os relacionamentos amorosos. A rivalidade entre homens e mulheres ficou restrita ao casal protagonista, enquanto que os demais núcleos passaram a destacar as paixões entre casais e a vilania de
Carolina (Bianca Bin). Se por um lado o autor errou ao não inserir novos personagens, por outro acertou ao mexer, mesmo que sutilmente, na trama.

O quadrilátero amoroso protagonizado por Roberta, Nando, Felipe e Juliana; as tiradas de Nieta e a eterna briga entre Charlô e Otávio têm presenteado o telespectador com ótimas cenas. E outro acerto foi Silvio manter o sumiço de Otávio para deixar um ar de mistério na trama. Na primeira versão, Paulo Autran sofreu um infarto e precisou se afastar, 'obrigando' o autor a sumir com o protagonista; porém, no remake nada ocorreu com Tony Ramos. Mas ao observar o leque de situações causadas por esse desaparecimento --- como o desespero de Charlô e a participação especial de Julia Lemmertz vivendo Blanche, uma perua que procura por Bimbinho --- fica claro que valeu a pena não alterar o roteiro de 83.

Outro ponto positivo tem sido a trilha sonora. Músicas na versão original são mescladas com canções atuais, apresentando uma excelente mistura para o público. A trilha internacional, que começou a tocar recentemente, tem sido uma grata surpresa.

Bacana também ver Silvio homenagear seus colegas de trabalho e de emissora. A sequência mais divertida até então foi a do momento em que Otávio contrata um detetive para investigar Charlô. E o nome do Detetive era Leleco, que havia sido indicado por João Emanuel (Carneiro, o autor de "Avenida Brasil" e que foi supervisionado por Silvio de Abreu em "Da Cor do Pecado"). O autor  também já fez menções ao Gilberto Braga e à Glória Perez. Em um meio onde a disputa de egos é tão grande é válido ver esse tipo de atitude.

"Guerra dos Sexos" tem enfrentado um momento nada feliz para o ibope das novelas da Globo e por isso tem tido dificuldade para obter índices elevados, entretanto, a trama de Silvio de Abreu tem se mostrado uma ótima opção de entretenimento para o horário das 19h. Uma história eleve e despretensiosa que merecia um reconhecimento maior.